/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2008-11

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2008-11-27

DIAS DE VIÉS NO MUNDO IMERSO

Oh o mosquito bêbedo na vidraça, como me lembra os santos estúpidos que se atiram de cabeça para a cara de Deus, e este não os deixa passar para dentro.
Até que venha o meu Polegar Enorme, até que venha o vermelho da minha raiva.
E os comboios de patas para o ar apitem, com as suas rodas de bandeira portuguesa. Muito mascante a pátria. Eia, ó roedores de bandeiras!
Mas vira-te mosquito esborrachado, sulco da minha mente, cratera lunar na minh'alma!
Beberemos os conhaques inúteis, futilmente? Um bando de cossacos passar-nos-á pelo olhar, e nós a tremer, acocorados, borrados de todos os medos de TODOS?
Bem sei que a marcha erecta é recomendável. Mas e este andar de esguelha, quase atirado ao salto ridículo, este cair de lado dentro do perfil mais obscuro. Que raio- esses sábios com discurso: mas eu não quero encontrar-me com a humanidade. Não sei o que é, sou alérgico desde logo. Fujamos entre os raios de lua, aos tombos, com más caras!
E tenho que gramar com cada telemóvel. O mundo está cada vez mais estúpido. Cem mil vezes não sou daqui deste país, desta raça. Sou inferioríssimo, vendo pele tostada de caimão de imitação. Casei com uma cerveja morna. Fui enganado por todas as pernas de frango. Cornudos de todo o mundo, eu vos uni, para meu bel-prazer.
Entretanto este vagabundear por hotéis de luxo- Caramba olhei um homem de olhos nos olhos e disse-lhe não lhe parece que as nossas vidas se identificaram em tudo ao lixo? Não, disse com terror, o homem com olhos de moribundo. Quem quer a sua vida desfeita em turvações, arrebentamentos, livros enfadonhos sobre semicondutores e caspa de ápteros?
Bem, lá consegui sair daquele café do Ribatejo, com a menina monhé a fazer chamuças no lado mias pífio da Lua, e o homem marreca da moral, a falar com os cotovelos, traçando ângulos.
Tenho cá visto cada viúvo do maelstrom, entretanto. Sim eu sou raspas de jacaré, o náufrago que bebeu vitriol. Não posso com senhoras de cabelo esticado. Entretanto locutores hílares governam os vossos dias. Tanta voz adiposa! Tinha borbulhas no bigode o abutre! Eu quero lá saber de todos os ministros e do "sector automóvel"! Atirem tudo ao mar, a buzinar. Quero cá saber dos contadores de electricidades. O rusty man lambeu o pedaço mais suculento do diamante?

2.
As vozes dos homens sérios!
O Bidé perfeitamente explicado - a equação posta no queixo, entalada sob o braço. Enfio-te a minha equação pela narina acima! Francamente vejo mais DEus num festim de tubarões do que num concerto de carneiros. Deus, esse eus. Como não ver que é safadíssimo, asmático, temporário - um pobre diabo o deus inerme das vossas sacristias. Cá por mim não escrevo por cima de curitas, nem de aguardente aldrabada. Vendo pirofosfato da árvore do enforcado!

2008-11-22


http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=341540

"Financial Times" classifica Teixeira dos Santos como pior ministro
das Finanças da UE. O ministro português Fernando Teixeira dos Santos,
é considerado pelo jornal britânico "Financial
Times" (FT) como o pior
ministro das Finanças entre os 19 países da União Europeia (UE)
analisados. O fraco desempenho da economia nacional e o baixo perfil
europeu justificam a escolha.

Patrícia Silva Dias
patriciadias@mediafin.pt
O ministro português Fernando Teixeira dos Santos, é considerado pelo
jornal britânico "Financial Times" (FT) como o pior ministro das Finanças
entre os 19 países da União Europeia (UE) analisados. O fraco desempenho
da economia nacional e o baixo perfil europeu justificam a escolha.

A classificação do FT, que tem em conta
indicadores económicos e a opinião de um
painel de economistas, atribuiu a pior
“performance” política ao ministro português
(19 pontos). É este o principal factor a justificar
a má nota.

Teixeira dos Santos está também entre os
governantes europeus com pior desempenho
a nível macroeconómico

O PÉ ESQUERDO DE FERNANDO PESSOA


Esta fotografia é uma das clássicas de FP, e tornou-se um dos grandes ícones do final do século passado, quando cada vez mais se começou a descobrir o Império/Universo que era FP. Nela, dada a raridade de imagens do poeta, tudo é precioso, matéria sígnica de primeira ordem e para o Taoista atirado para a profundidade sem fim do instante, trata-se de uma mina.

Antes de me debruçar sobre a elegância modesta do afinal amanuense, o apagado empregado de escritório que sabia que era D. Sebastião e Camões ao mesmo tempo, a gabardine bem dobrada sobre o braço, atrás da mão que segura um livro que me parece ser um hard-back, note-se a camaleonice de F.Pessoa: está todo de negro vestido como as duas mulheres, dois tipos populares, uma delas de chaile, outra de pé envolto num penso, que vem atrás dele. O negro é uma cor transversal, adorada pelos lisboetas e portugueses de todas as classes em geral, que denota uma escusa severa à fantasia, e uma preferência pelo toque clericalista. O negro não fala, tem a sedução dos silenciosos, escusa-se da sua presença, embora seja impositivo para o exterior - aqui não entras - o negro não é uma cor calada por dentro como o amarelo, por exemplo. O negro é a eloquência do negativo, do que se priva muito, do que suprime a distração e a fantasia, e todas as tonalidades e timbres das coloraturas.

Negro, pois. Cor de corvos e impérios idos. Sotaina de padre e bata de estudante de Coimbra, e das mangas de alpaca. Mas deixemo-lo assim breve e anunciado. O que nos interessa agora nesta fotografia são os pés dos personagens. Fernando Pessoa tem as calças um tudo nada curtas, deixaram-lhe um pouco demais à vista o tornozelo. E não constituirá surpresa dado o tipo de asténico geral, acentuado pelo negro, verificar que tem um tornozelo magro, por seu turno acentuado pela meia negra, talvez de seda. Os sapatos, estão bem polidos. Revelam igualmente um pé magro e dado o "soin" modesto de toda a sua figura - fez a barba de manhã, penteoou o bigode com o pente, acertou com algum vagar o lacinho (mas a bebedeira da véspera fá-lo pender de banda?), não se enganou nos botões, e rematou pondo o chapéu, que o torna mais alto.

Recorde-se que por esta altura a altura média do português era um metro e sessenta. (altura mínima para entrar na Academia Militar, durante muitos anos, diga-se de passagem), assim as duas populares, uma peixeira de xaile negro, atirado de forma trapalhona sobre os ombros, que seguem atrás do poeta, terão um metro e cinquenta, pois sabe-se que o poeta tinha um metro e setenta e pouco. São um contraponto interessante. Uma delas é meia coxa, por causa de um pé enfermo, enorme, que se insere ao mesmo tempo do pé magro de FP no mesmo losango do motivo do pavimento - ( e falemos do chão ordenado a negro e branco dos pavimentos. com padrões de diamante, uma aplicação geométrica - tentativa de disciplinar o possível caos do empedrado, das mil fugas irregulares de cada pedra de calcário?

À esquerda física imediata do poeta está o candeeiro de ferro, pintado de verde. Já vem do tempo de Cesário verde este género de candeeiros, que começaram por ser de gás. Ao lado do poeta parece um pilar, e atrás das duas mulheres de ar popular, grosseiro e desconhavado vem uma série de transeuntes indiscriminados. Para quem teria dito "eu é multidão", uma coisa é certa FP está e não está preso pelos mil fios que unem as multidões. Camaleonicamente vestido de negro, funde-se no "negro geral" vestimentário, massa silenciosa que circula por toda a cidade, mas destaca-se: caminha com todos e ninguém.

2008-11-17

EDUCAÇÃO


A Educação não precisa de ministros, tal como o sal não precisa de alimentos. Os ministros é que precisam de educação.

(Miguel Drummond de Castro)

2008-11-16

OS RATOS ABANDONAM O BARCO SOCIALISTA


Como o PM está em queda, ou seja, boa parte dos portugueses já "o topou", os candidatos à sucessão demarcam-se. Um deles é o número dois do PS, António Costa. Como é sabido a Câmara Municipal é uma rampa de lançamento para mais altos voos. O colorido, aliás coloured, para não dizer monhé (termo criado pelos pretos de Moçambique para designar os indianos), com voz de baixo que arranha fundo, ja discorda de Credos oficiais do governo.

António Costa bate com força e com razão o pé à Ponte Chelas-Barreiro, que é um monstrengo a todos os títulos. António Costa fala da dificuldade (eufemismo para significar impossibilidade) de o PM voltar a ter maioria absoluta. E por isso Sócrates começa a ficar só e tremido. Nervoso já o senhorito empertigado é, mas está a ficar mais. O computador Magalhães que era uma cenoura magnífica, um captador de votos excepcional todo ele made in Portugal, no seu entender, acabou por provocar o riso universal. Os portugueses podem tolerar um PM quase mau, mas não se tolera um caixeiro viajante. Os seus pares já se deram conta que a maioria é um sonho perdido, e só vencerão mesmo à justa porque a oposição é de uma fraqueza excepcional.

O outro membro fracturante do PS, também ele de voz de baixo que arranha fundo, o melhor dos poetas menores, como o chamou Agustina Bessa Luís, com subtil e certeira dose de veneno homeopático, já é um histórico demarcado. Com efeito, podia-se dizer que há uma região demarcada Manuel Alegre. Uma faixa votante de respeito, que custou as presidenciais ao PS.

O outro pormenor significativo são os professores. Sâo 120.000 votos certos a menos. Mas lembrando-nos que um professor em geral tem um conjuge ou companheiro, além de família próxima e amigos. Esses 120.000 podem-se multiplicar por 4 ou por 5. Grosso modo o PS parte para as eleições com menos 500.000 votos devido a uma ministra infeliz, um PM teimoso. e um governo hiperyesman que foi sempre a zelosa His Master's voice.

Por isso as próximas eleições para o PS que com a ASAE tocou naquilo que é sagrado para os portugueses - os petiscos, e a boa comidinha - estão mais do que tremidas. Os canhões de peso começam a dar salvas em linhas contrárias à oficial. Sócrates tem os dias contados. A sua máquina de propaganda por mais que se esforçe tornou-se inconvincente a nível da maioria da população. E é já tarde para emendar a mão. O único que tem aguentado este governo é o cinzentismo incrível da sua oposição recente.

Mas não há dúvida que no seio do PS se começou a discutir o que era há tempos inimaginável: a sucessão de Sócrates.

2008-11-15

O DES EXERCÍCIO DA LÍNGUA




Enquanto a era digital aprisiona os dedos nos teclados, as reformas ortográficas periodicamente põe a língua na cadeira eléctrica.


Entretanto, Portugal continua a ser um país extremamente urinário onde as grandes cidades cheiram a mija.

O telemóvel está a treinar as pessoas para hiperutilizar o polegar e desvalorizar o contacto com o realidade imediata.


Os telemóveis são racistas servem para estar em contacto só com quem tem telemóvel.
São despóticos, pretendem que toda a comunicação se faça só através deles.


Blasfémia moderna: deitar fora todos os telemóveis-

2008-11-11

CANÇÕES DE OSGA


CANÇÕES DE OSGAS, por Antenor Percuta, scriptori

1,

Passo o dia em contra passo
ou seja vou caçar
mas não caço
Quero maçar-me
mas não me maço

fico só a flutuar
no meu parco olhar
de quem deita a língua de fora
só para lamber o espaço

ah que cansaço!

2,

Já que não há domingos
no bosque, nem rei nem roque
pelo menos que haja pingos
de orvalho, e Miss Roque
não passe com os seus sapatos
e guitarras pontiagudas
rosa choque


3,

sou uma osga sou pitosga
petisco no dicionário
palavras como rosca e mosca
só para não fechar a loja
sem dizer que ziros
que são os orgasmos da Osga!

4,

falando de sonetos à lagartixa
é evidente que ela e eu, rixa.
Ou seja nas mandíbulas das palavras
tenho eu manípulas, ela pinças
e andamos em guerrilha sempre,
nesta ilha das Osgas Catárticas

5,

tão peripatético, o Sapo, e eu Osga
tão carbonato. Parece-me que se movo
a cauda, acerto na tromba
dum sapato. Mas estes nunca tem gato.
Mas que grande disparato!


6,

pus umas sapatilhas ao sol,
vermelhotas como redondilhas
Secaram, viraram de rumo,
hoje são narguilés das ilhas
famosas onde há
Osgas até nas virilhas


7,

Foto-osgo-me ao espelho
sou novo e sou velho
sou benzote e sou piroso
sou ziro e sou feio
dou-me um tiro no velho
tiro um litro ao novo
no vício ao decilitro
compro um paraíso

8,

Gargantilha, minha filha
é coisa fina de princesa
Por isso osga que se preza
prestes e diamantina
deve tê-la, garganta
e ilha, como a nobre
Gargântua filha de uma pilha

9,

As Osgas putas
são mui astutas
ganham sicuta
por cada disputa

10,

se não houvera osgas
houvera morcas e olôfras
e pior ainda adifonas
essa espécie de giromoscas
com caudas áfonas
e sempre de trombas






e

2008-11-10


ela estava a dizer: é interessante
como os tempos que correm são desinteressantes
crianças tontas como sempre atravessam
os pátios das escolas coladas aos telemóveis
pais egoístas e banais gritam
e crucificam cøm gestos lógicos e higiénicos
os gatos

mas algo rói as fachadas por dentro
um mal estar insidioso atrás de cada sorriso
quando chego a casa horrorizo-me com os meus filhos
que trouxeram anões e nematelmintos
será que somos todos os monstros de quem fugíamos?

abro a porta do frigorífico
como se abrisse a porta de uma grande cidade
lá dentro estão perfilados e podres
vários soldados romanos
fujo com um grito entalado na garganta
o corredor da minha casa é uma ponte suspensa
entre o abismo dos dias e o abismo das noites

abrimos as janelas sobre parkings
as árvores apitam, estão descontroladas
vão cair sobre os nossos túmulos portáteis

ninguém se importa, ninguém quer ouvir
ninguém quer saber: estamos no tempo
dos egoísmos blindados
ela disse que é interessante
viver no meio dos mortos acordados

fodem fungam fogem pelas portas
sempre em bichas ordenadas
fazem filhøs e monumentos

2008-11-09

AS ROUPAS FALANTES DO PORQUINHO POLÍTICO








A nossa ministra da Educação tem uns lábios fininhos, e veste espantosamente mal. Quem a vir sem saber quem é confunde-a com uma porteira-dona-de-prédios, ou com a cøzinheira de uma pastelaria macrobiótica, ou com a senhora que forma catequistas. Mas isso, não é novo nem anómalo. As pessoas dos nossos governos tem mau ar, pálido, ou pacóvio, vestem mal. Ou vestem bem, mas mal. A roupa pode ser cara, mas fica-lhes desajeitada. Uma tendência fatídica para o escuro e para o cinzento, no fundo deslinda-lhes os cérebros, que são escuros e cinzentos e gritões. Dir-se-ia que a elegância verdadeira começa por ser uma elegância moral. Daí o ar de farroupilha, de vendedor de prédios pífios, de automóveis subdotados e de empregados gerais de uma agência funerária Light que tem os nossos porquinhos políticos.


Também estou convencido que os nossos governantes - todos gritões - e há gente que grita inanidades em voz baixa e rouca como o Ministro Pinho, sãoi um caso psicológico e genealºogico ao mesmo tempo: por um lado tiveram em crianças fraldas cinzentas. Por outro foram também embalados ou calados por pais que vinham de uma série de antepassados com uma coisa em comum_quecas tristes, maradas, feitas às escuras, debaixo de uma daquelas estatuetas da Virgem de Fátima, fluorescente. Ou de uma estatueta da República, ou um Post-Card a sépia de uma Rainha com ar de burguesa farta.

A Ministra da Educação tem o cabelo em balão, como a Manuela Ramalho Eanes como a Maria de Belém (de voz fininha, rala-cenouras) como a Fátima Felgueiras como a jovem advogada da bancada socialista. Há uma cabeleireira, ou melhor um sindicato de cabeleireiras com um sentido de Estado, pelos vistos, que arma em balão as pilosidades das porquinhas políticas. O que faz, sem ironia nenhuma, subir as cabeças. No país de Alice das cabecinhas em balão, como diram os pink-floyds, there a lot of little pigs in the wind.


Uma vez vi-a na rua e pensei que era a mulher dias do meu vizinho que vinha do body-lifitng. O seu cabelo em balão, qualquer pessoa sem uma espectacular cegueira comum e corrente, via que era para esconder o miolo pinguço, para tapar as febras pinguentas dos seus neurónios de professora de sociologia astro-diversa. Estive quase para lhe perguntar a senhora saiu dum filme de bruxas do Harry Potter, em que faz cozinhados de sopa de lesma ou dirige-se para o grande sabath das Magas Negras?


Eu tenho várias ideias inoficiais sobre a dita Ministra. Uma delas diz que o seu criado de eleição é o PM, que, como os sargentos e os subordinados, fala depois dela, usando as mesmas expressões. No entanto, este facto de sociologia rural de Lineu, que o nosso PM que tem ar de argelino e ar de criado chateado e enérgico que recomenda ao patrão para asfaltar "le carrelage" e pôr ar condicionado numa varanda arejada só porque é moderno seja criado de uma porteira,1 só supreende quem não conhece os meandros servis do nosso país de serventuários.

A ministra o que serve? Uma coisa Kafkiana: a Organização. Tal como as meninas e meninos hiper-organizados e ditatoriais, que expulsam musgos, gatos, flores, árvores e tudo o que ameaçe ter vida das sua áreas, a ministra sufoca os educadores com papéis, éditos, regras, contra-regras, instruções que sirvam "a eficiência do sistema", a "lógica". Exactamente o sindroma da porteira, que policia as entradas e saídas, que estabelece um universo delirante onde as regras e os controles são o mais importante de tudo. A porta de entrada nas carreiras professorais tem agora uma Porteira Encarniçada, quintessência de todas as porteiras: Não passarás pela porta de acesso às Instãncias Superiores se não te Auto-Avaliares e Hetero-Avaliares os teus Pares-

Em suma,em suma digamos como dizia o Professor Gomes da Costa, temos uma Porteira da Educação, que como todas as porteiras diz palavrões em português técnico, e depois secundada pelo seu empregado, o PM, um emigrante argelino que vende computadores feitos na Reboleira, decidiu castrar ainda mais o sufocante tempo dos professores.

2008-11-05

OBAMOPATHY

So one of the wizards' apprentices won (and also the messianic complex). Relying in one man to effect change is effectively disempowering yourself. Thus my applause is cynical. Bovine masses do not appeal to me. Popular acclaim is always wrong. Amerika too infantile to be true, too true to be infantile, is out there jumping in the streets. All the roads to OZ are brick layered, that's the problem. Too many brick heads pave the way to Washington DC.

Miguel Drummond de Castro (honorary member of the Talking Heads, and Constable of Profane Perculators Co)

Image by Johnny Anonymous

2008-11-03


O Sr.Leão, muito baixinho, de mais de sessenta anos de idade, é pastor de um pequeno rebanho de ovelhas. Desfruta de grandes imobilidades que o seu corpo em forma de nabo agradece. Tem o nariz com muitos poros e largo, e um fósforo apagado entre os dentes. Fala com as ovelhas numa lingua anterior à céltica. O seu boné foi roubado no cemitério e talvez por isso emite um brilho suave e estranho. Tem uns olhos muito redondos e dilatados como os de um cação ou os de um gato apanhado no escuro debaixo de uma ponte. Tem sempre um bordão nas mãos, ao qual se arrima. Mas o seu corpo de nabo ou de pião é giratório. Por vezes gira tanto que sobe um palmo no ar. Ninguém suspeita que é um pastor levitativo de um pequeno rebanho de ovelhas sem nada de calisténico.
Eu que não lhe suponho grandes nuvens de inconhecimento, pasmei ao vê-lo voar à hora do poente, num voo baixissimo a um palmo da terra. Para minha surpresa as ovelhas, que o seguiam, altíssimas, tinham asas de drago.


Silvana tem trinta e quatro anos, usa óculos muito graduados, tem o cabelo demasiado armado, e um olhar de lamelibrânquio. É hoje em dia recepcionista de uma clínica e tem um desejo: quer encontrar a sua dentadura dentro de um peixe comprado no mercado.
Faz vinte dois anos, quando nadava na praia, veio uma onda forte que andou com ela "de reboleta", até a deixar na praia, de novo desdentada. Tinha dentadura desde os dez anos. Um médico que se armou em dentista, um dia brocou-lhe vários dentes de enfiada. Depois tapou-os. A sua cara inchou. Parecia uma daquelas
freaks que se exibiam nos circos do século dezanove, uma mulher cara de lua, com papada e tudo. Ou também parecia uma daquelas mulheres que sob a influência dos corticóides se transformam em medusas e peixes-lua. Mas não divaguemos. Voltou ao médico que lhe deu um antibiótico que devia ser empregado na guerra química. Resultado: os dentes ficaram transformados em renda fina e tiveram que ser todos extraídos. Aos dez anos teve vergonha de dizer na escøla que tinha dentadura. Aos doze uma onda roubou-lhe para sempre a sua primeira dentadura. Ficou morta de vergonha e sobretudo de medo do seu pai. Ia bater-lhe, ralhar-lhe. O sr. Júlio Henriques sem dúvida que não lhe pagaria uma segunda dentadura.
Silvana fugiu para o campo. Encontrou um buraco numa oliveira onde quase cabia. Tinha que dormir com os pés de fora. De manhã tinha os pés tão gelados que nem depois de descer e subir duas vezes a pé coxinho o monte os conseguia aquecer.
Ainda hoje tem um vago tremor nos pés e nos olhos. Mas tornou-se determinada. Aquelas várias noites que passou dentro da oliveira antes de ter coragem de se apresentar a seu pai e explicar-lhe que tinha perdido a dentadura no mar deram-lhe um conhecimento estranho para uma miúda de dez anos. Assim viu bichos que só existem em contos antigos como o lobo branco e a coruja do corno de foles. Viu também o boieiro decapitado, um antigo abegão que vivia nas Cumeadas e cuja cabeça foi cortada pelo corno de um touro em fuga. Viu as estrelas em guerra e as estrelas a dançar. Viu a mão de Sam Tiago a cair como um raio por cima das papoulas narcóticas que cresceam no meio das ruínas. Viu uma nuvem nocturna em forma de sapato e que andava por cima da copa das oliveiras. Viu o desmundo que há depois do mundo, e o antimundo do sete-estrelo.
Ao voltar a casa os seus olhos giravam como sóis distantes. O seu pai ouviu-a contar tudo, e para surpresa dela beijou-a muito, apertando-a contra o peito e disse-lhe muitas vezes tu és a moura das eiras e das azeitonas. E foi com ela a uma terra muito distante, de táxi, com o sr. Brito de grandes bigodes negros ao volante que passou viagem toda a cantar, para encomendar uma nova dentadura.
Ao pô-la, um mês depois, sentiu que ela era uma oliveira. Mas uma oliveira que à noite subia nos ares, e que era azul entre as estrelas. Desde então todas as noites voa, um voo desdentado, mas brilhante. Percorre os domínios para lá das estrelas, onde só há coisas gigantes e mais mundos que giram à nossa roda. E torna-se transparente. De manhã, quando estende um dedo fora dos lençóis vê que dentro dele está o universo. É estranho o poder das jovens desdentadas - olham-nos do outro lado do universo.

2008-11-01

Segue programa e convite para a sessão inaugural no dia 3 de Novembro 
às 21h30
Agradecemos a confirmação através deste mail ou para o 21 359 62 50
(Maria João Carvalho)

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