/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2007-04

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2007-04-30

BREVIÁRIO DOS CUFODENTES

Comunica-nos o doutíssimo Rabelais (Doutor Engenheiro Rebelo) esta pequena peça onde discorre sobre o processo dito da Casa Pia, que tem deixado esta nação espantada não só pela falta de notícias, pelo ocultamento, eclipse, palimpsesto como pela demora colimaçónica da Justiça. Contudo, o Doutor Engenheiro Rebelo, infelizmente, não promete nem deixa de prometer sequelas a esta pequena Introdução. No entanto, só o título, tão desaçaimado é suficientemente prometedor para garantir ao Sísifo uma subida de audiências desproporcionada à Tripla Modéstia que tem sido o nosso Timbre.



INTRODUCTIO AD MAJOREM DEI GLORIAM
:

Os cufodentes estão em guerra uns com os outros, porque querem que o rapazário piano seja só para eles. Como são juízes, generais,futebolistas, advogados, médicos e presidentes, da Justiça fazem o seu Toucinho, a sua Almofada, o seu Caldeirão, e nela besuntam quem querem quando querem bem como narcotizam, hipnotizam e cozem em fogo lento para as delícias de Frei Algematis, ao mesmo tempo que vão apurando o Lava-Meninges Colectivo.
Daí que o processo da Casa Pia se tenha tornado num Gigantesco Abafa-Pilas, supercornado e escurripado para o canto e debaixo do tapete. Porque mete piçapadreca, punheta Limacionária, maçónica e opusdaica, e a benção das Cinco Ordens de mendigos Sexuais Lusos. Tudo em Escondidinho-Sur-Mer, com vistas sobre o pátio e a garagem.

E mais: dada a guerra declarada dos cufodentes entre si, e a Pelintrice e a Timidez dos Togados, e as Patranhas dos Bufanotícias, os Cozidos à Finlandesa dos Astrólgos, e o Devaneário de um Verão Indílico Cotigo e Sem Ti, é óbvio que na nobre terra de Ophiusa nada avança. Nada valeu o Manifesto do Pançalho Presidencial que apontava outros orificios aos tesoureiros, outras vias de Alívio ao Dizmecomocomes dos Advogados. O Enroscapiças Diplomado resolveu com engenhosidade invocar que em pequenino já era um caso freudiano, e já então fora trocado por um enrabatelemóveis, e uma máquina de trocapratos.

Claro que neste processo cheio de Psicogatunagem um dos Réus Principais não citado é nada menos a Madame Engenheira Doutora Senhora Infanta Dona Vagina Nacional, moradora em parte incerta, responsável pela produção destas Chinelas Eremitas, ou seja pela Chinesice cozinhada em Cem Moinhos de orar Tibetanos em que este processo se tornou, tendo já em vista Interrogar daqui a cem anos, desdentadíssimos Enxotamoscas de Embaixadores e Locutores Heréticos. As Mezinhas Judiciais periódicas, o Açaimo dos Bispos, a Roupa-Velha atirada às vis audiências audio-visuais-plebeias, os PaiNossosTapaburacos atirados pelos ah!dvogados, e a Merlínica Saloíce da Juventude Esquerdista da Direita Eterna do Centro tem servido de beijacu perfeito e cirúrgico, atingindo~se a Terceira Manifestação do Divino Paradoxo Lusoputanho: tudo às claras, mas tudo oculto!

Na incestuosíssima Ophiusa onde os Obstáculos da Religião, o Carburador dos Diplomados, a Grila dos Cardeais, a Concertina da Panelagem, a Coturna do Proletariado, o Bedum dos Vigaristas Espanhóis, a Trocatintina de Coimbra e o ApalpaTintins de Aveiro, se tem revelado in modus operandis ao longo de bufos e históricos séculos todos medalhados por Martiforreta, o Príncipe Invisível da Lusiputanha, na verdade in limine e de jure e de facto o assim chamado caso casapiano começou há séculos, nos bordéis infantis do Cairo, antes do Impétigo, ou seja, antes do Império, e por exlusão de partes e regra dos três pratos lineuca, antes do Rezingonço Intendente Pina Maníaco ter fundado com grão caridade e imensa posterga mão de obra a dita Casa Pia. Nome e função num só nome, dado que foi de facto a Pia onde se vertiam desmanchos, orfãos, pobretas, zarucas, abandonados, expostos, supercamões desconhecidos, bisgabocages de esgoto, morceguinhos enrugados, e fartum das classes médias, bem como lamelibrânquios das classes nédias.

A lacrimicomédia da Gorda, protegendo os seus vítimos os Infantes Inábeis, é tosca, porque os Infantes pianos eram hábeis casanoivos, não eram cauteleiros de Ockam, simples navalhistas. O Rabeta Pelado, o embaixador fez o que muitos Papas antes dele fizeram e prebendados, apanhou a fruta e perverteu-a ainda mais do que já vinha. E ao mesmo se entregaram Teólogos com sofá de couro, e Narcisos lambões e Cândidos de Alpergatas cum privilegio papali ad tricornium. No entanto, diga-se que a Gorda é tosca e não deu adrenalina ao processo. Devido à Reforma das Camisas de Vénus, e à Vergaempenada dos tempos sabe-se que os Ministros praticavam Obelisquismo, que o Infantário dos Frades estava cheio de óculos de Magistrado, e sodomizar borzeguins faz parte das boas práticas do Estado. E temos o Binóculo das Lusipetas, os Andrómedos de Alcântasa, os Crustáceos Académicos e mais Bizarrias Bisagras, aliás as Camisinhas da Paciência.

Bem eu, Francopinador

(Aqui parou inopinadamente a comunicação de Rabelais, facto que não lamentamos. Pelo contrário, exigimos, reclamamos a sua volta!)

2007-04-29

OS POMBOS NÃO PRECISAM DE TÚNEL


flying dull, originally uploaded by puja.

NARCISISMO TECNOLÓGICO

A Review of Prefiguring Cyberspace: An Intellectual History

Prefiguring Cyberspace: An Intellectual HistoryDarren Tofts (Senior Editor), Annemarie Jonson and Alessio Cavallaro (Editors)
Boston: MIT P, 2003
ISBN 0-262-20145-3 $32.95 pp. 328

Review by Angelica Maria DeAngelis
University of California, Santa Barbara

* Prefiguring Cyberculture has been reviewed in the American Communications Journal as well.

Prefiguring Cyberspace is an eclectic collection of scholarly and artistic explorations portraying the intellectual and fictional roots and possibilities of modern technological culture. Located solidly within a Western intellectual framework, the contributors to this book (primarily Australian and North American) consider cyberculture (the process “of becoming through technological means”)[1] within its historical context. As Katherine Hayles explains in the “Foreword,” “[T]he child is born not into a vacuum but a social and cultural matrix whose lines of force stretch back to Plato and Descartes, arc forward through Frankenstein and Erewhon, and connect with such breathtakingly different 20th century visionaries as Alan Turing, Alvin Toffler, Donna Haraway and Venor Vinge” (xii). While resisting any impulse toward presenting a teleology of technical change, the essays in this book operate from the common position that there is “a constancy in human thinking on matters of technology” which involves “an ongoing inclination to change” and mutability (“Introduction” 2).


- O que leva de novo ao tema do meu ensaio As Orelhas de Heráclito, onde se explora o Paradoxo de Bizâncio: a cultura da mutabilidade ao cada vez acelerar mais a efemeridade acaba por destruí-la.


One of the changes has been the growing intimacy of machines and humans, resulting by the end of the twentieth century in a “redefined” ontology of human life related to the following terms: posthuman, cyborg, informatic.


- o Que já tem dado asas especulativas a várias construções da Quarta Dimensão.


In “prefiguring” cyberculture (that is, exploring its roots and history as well as imagining its potential futures)

- excelente ideia: a abertura de futuros, não de um só futuro. Futuros que podem ser simultâneos, interactivos ou mutuamente exclusivos ou inclusivos.


the scholars and artists in this collection respond to the common theme of “becoming posthuman” in varied and often surprising ways.

- este becoming posthuman tem um leque de possibilidades vasto. Um posthuman pode ser muito mais human, e atingir um grau superior de conhecimento-consciência.


The text is divided into one section of artists’ responses to the social, cultural, and technological implications of mutability, and three sections of essays that circulate around discrete themes (subjectivity, spatiality, and temporality). Each of these essays draws on a framing text (scientific, philosophical, or science fiction), and in turn each section is framed by an introductory essay that introduces the specific theme of each section, suggesting how each essay circulates within these thematic networks.

- a recirculação do ensaio, outra boa ideia.


Section I: I, Robot : AI, Alife, and Cyborgs
In thinking through the guiding question of this section, “What does it mean to be[come] human,” the essays revisit “the continued relevance of dualistic or binary thinking for conceptualizing the posthuman” (8), as well as interrogating the fashionable postcolonial and postmodern reconfiguring of this dichotomy – hybridity. Erik Davis’ “Synthetic Mediation: Cogito in the Matrix” for example, reasserts Cartesian thinking into his reading of postmodern cultural production, The Matrix. “Cassandra Among the Cyborgs” also uses a Cartesian underpinning, as well as a deliberate “misreading”[2] of
[T]here is “a constancy in human thinking on matters of technology” which involves “an ongoing inclination to change” and mutability (“Introduction” 2).
Phillip K. Dick’s “Man, Android and Machine” in its provocative yet troubling exploration of autism and the scientific mind.

- caminhamos para uma reavialação do atuismo, em vez de o cojecturar como um beco sem saída, ou como uma patologia a curar.

Shifting from binary to hybrid, Catherine Waldby’s discussion of Frankenstein, so often used to illustrate science gone mad, is here used as a way to explore “the ethics of machinic life” (36) and the subjectivity of this monstrous (or hybrid) technogenic creation. Especially useful to her discussion, and central to Zoe Soufoulis’ somewhat reverential “Cyberquake” is Donna Haraway’s “Manifesto for Cyborgs” – now a foundational text in the field of “cyberstudies.” Shifting into historical considerations, Elizabeth A. Wilson challenges the narrow ways in which Alan Turing’s contributions to 20th century computational science typically have been understood. By inserting the concept of “childishness” into her reading of Turing, she refutes his traditional legacy of “disembodied” adult minds (the binary approach), and reminds us of the heterogeneous (or hybrid) trajectory taken by other researchers into artificial intelligence since his time. Evelyn Fox Keller also challenges dialectical readings of history (in her case the linear narrative of biological history), proposing instead to decenter this hegemonic narrative by shifting the starting point to earlier notions of organization and self-organization, “that had been formulated [...] to counter both [the] mechanistic and design accounts of life…built into the very definition of biology” (53). This allows us to escape from the “invisible guide” model (and its command/control systems), creating chaos and new possibilities for understanding and imagining life.

Section II: Virtuality: Webworlds and Cyberspaces
As the title of the second section suggests, the focus here is on the concepts of space and virtuality, which Tofts defines as, “the paradigm of experience” that combines the virtual with the real; “a semantic fusion that enacts the dissolution of difference between the world and its representations” (106). The reader embarks on a journey that begins in Plato’s Cave and leads to both Borges’ cellar as well as Gibson’s cyberspace, allowing the traveler to question notions of the real and the virtual as states of be(com)ing. One way in which reality is represented and reproduced is through language and memory, explored in John Sutton’s “Porous Memory and the Cognitive Life of Things” (which also revisits Cartesian philosophy) and Donald F. Theall’s “Becoming Immedia: The Involution of Digital Convergence” (which explores Joyce’s Finnegan’s Wake). Gregory L. Ulmer’s “Reality Tables: Virtual Furniture” also engages linguistic issues in its exploration of virtuality and space, suggesting that as the heirs of the legacy of literacy, we must move beyond condemning this legacy as merely “logocentric” by envisioning today’s interface design as belonging to a continuum that includes oral tradition and dialogue. What emerges is a kind of truthful “electrate creole” that flows through a decentered network, allowing for “an online polylogue in cyberpidgin” (129).

- a abertura de neuro-narrativas pelo polylogue in progress.

The final two essays of this section locate their discussions in what have become canonical science fiction texts: Ray Bradbury’s “The Veldt” and William Gibson’s Neuromancer. McKenzie Wark’s “Too Real” a compelling close reading of Bradbury’s short story, begins with the question “[I]f virtual reality is mimesis, then mimesis of what?” (154).

- pergunta socrática e kantiana.

What stands out in this article is the way it brings the cultural and political significance to the forefront, reminding the reader that while the binary opposition of real and representation may no longer be available as a means of orientation, it is still possible to orient oneself in the matrix.

Rather than seeing the end of “hierarchy of orders” and “homogeneity of planes” as a loss, he pictures the new “geometries of heterogeneous vectors” (of the real and its representations) as “geometries of potential relation” (163).

- e em vez da velha noção de colectivo, que pressupõe uma uniformidade de interesses e de intenções que se esgotaram nas práticas simplistas de One Word, One View camimnhamos para sociedades da heterogeneidade e da heterogeneridade.


McQuire’s “Space for Rent in the Last Suburb” is also concerned with ethical matters, or what he calls the “social implications of the investments” supported by “Gibsonian cyberspace” (168). Piloting readers through the legacy of “city as commodified spectacle” in Gibson’s cyberpunk classic, McQuire reminds us of the Internet’s increasing domination “ by the values of commerce rather than communality”

- mas que são counteracted pelos values de homo ludens que dispõe de novos jogos cognitivos.

and warns us not to ignore the significance of the way in which this “technological transformation

has altered the social parameters in which individual identity is embedded” (177).

- sem dúvida uma sociedade desparametrizada, agora encontrou outras âncoras de identidade.


Section III: Visible Unrealities: Artists’ Statements
Section Three both interrupts and reiterates in a visual format many of the themes explored in the book’s essays, such as subjectivity, virtuality and embodiment. Coupled with the visual representations are statements about the work, allowing the artists to offer “both striking theoretical insights and compelling praxes” of the volume’s “foundational themes” (182). Several of the works engage quite directly with Cartesian philosophy, such as Stephen Jones’ Neural, Simon Penny’s Traces and Stelarc’s Split Body, probing the dualities of human/machine as well as mind/body.

- vários probe- sattelites como blogs em polylogue estão a fazer experiê de hibridização de semânticas, pelo menos nós cá no Sísifo!

Other works move beyond the individual embodiments of technology into territory of the political and social explored by Wark and McQuire. For example, VNA Matrix’s DNA Sluts reworks Haraway into their Cyberfeminist Manifesto for the 21st Century, bringing to the surface gendered readings only hinted at in other pieces. Patricia Piccinini’s startling Protein Lattice visually blurs the boundaries between the real and the virtual, yet thematically focuses on a very concrete political issue – “the commodification of life that is implicit in biotechnology” (202).

- e a tramsmigration of brain areas que está implícita na mesma.

In juxtaposing a beautiful model with a mouse with a human ear, she explains that she is personally struck not by the “technological leap it represents” but rather by the empathy she felt toward the mouse, and the great similarity between the mouse and the model, “both beautiful and empty, valued only for the intellectual property that they represent” (202-23).

- isto levar-nos-ia ao prajna paramita sutra do mouse :-) The mouse is emptiness, emptiness is the mouse...


Section IV: Futuropolis: Postmillennial Speculations
Focusing on temporality, section four explores the ways in which the technological future has been prefigured or imagined.

- um desporto favorito para autistas e visionários, as u e as heter topias. Mas de grande proveito desde antes de Candide, para refinar deslocalizações e a deriva das deslocalizações.

The guiding premise in this section is the utopic/dystopic tension that dominates so much of today’s discussion of cyberspace.

- e outra categoria o stopic sindroma representado pelos hackers e em parasítica medida pelos blogs karaoke.

Yet probing foundational texts such as More’s Utopia, Bacon’s New Atlantis and Butler’s Erewhon, as well as more modern formulations (Marinetti’s Futurist Manifesto, Toffler’s Future Shock), helps to explain the continued appeal of this binary. In Margaret Wertheim’s “Internet Dreaming: A Utopia for All Seasons” the historical evolution in utopian dreaming from More to Butler is paralleled in the shift in Internet dreaming over the last two decades, which has gone from More’s Catholic Communism to today’s “convergence of Internet technology and big business” (225).

- a fé nas realizações comunais-comunitárias está a dissolver-se, precisamente com a emergência das sociedades heterogéneas.

For John Potts utopian desire is stronger now than ever, “because postindustrial technology has opened up a new dreaming-space” – cyberspace (241). Richard A. Slaughter’s “From Future Shock to Social Foresight: Re-Contextualizing Cyberculture” explores how rapid change in the early twentieth century resulted in the disruption in what was “normal” and led to the shift from utopic to dystopic imaginings of the future.

- e heterotopic redifinings do mesmo

By considering this shift within the intellectual domain of future studies, the article exposes the Western bias of over-identifying technology with the future, and cautions against cyberculture’s proclivity for both “technological narcissism” and “nihilism” (275).

- e autismo

Damien Broderick’s “Racing Toward the Spike” explores the theory of “technological singularity” delineated by the mathematician Vernon Vinge which is based on the relentless, unpredictable change which produces the future.[3]

- a impossibilidade de computação do change, em suma, a impossibilidade de nomeação do heraclitiano inquantificável e nómada que escapa aos constraints actuais de predictability...

By following threads into and beyond the coming technological singularity, Broderick is able to conclude that something or its opposite will happen, “[O]r something else, something far weirder…unimaginable” (290), bringing us back full-circle to the technophobia of dystopia, as well as the concept of nowhere embedded within the celebrations of utopia

- brilhante aviso.

Section V: Memories of the Future: Excavating the Jet Age at the TWA Terminal
The long journey through this book is well-rewarded by Mark Dery’s “Memories of the Future: Excavating the Jet Age at the TWA Terminal.” Separate from the rest of the text, yet a commentary on the whole, this “Coda”[4] tellingly recounts Dery’s excavation of “things to come that never came” (213).

- a metanarrativa devorando o ideologema inicial

The terminal, as both a temporal and spatial symbol, returns the reader to themes explored earlier in the volume, yet renders the future obsolete before it arrives.

- o que está a acontecer nas cidades portuguesas construídas com um perspectiva colectivista e modernisto-católica do futuro

It also reminds us of the dangers of divorcing the human from the machine (or in this case the pilot from the plane), which can result in a catastrophic journey into the future on auto-pilot. Perhaps what needs to be remembered in our prefigurings and imaginings of cyberspace and posthumanity, is their hybrid or cyborg subjectivities, as well as their heterotropic[5] rather than dystopic or utopic spatialities.


[1] As defined on the book jacket.

[2] Harold Bloom as quoted in Tofts, et al. (82).

[3] Italics in text.

[4] A musical term, meaning either “the closing section of a musical composition” (Webster's Revised Unabridged Dictionary, 1913) or “a few measures added beyond the natural termination of a composition” (WordNet [r] 2.0) – both of which apply to this essay (The DICT Development Group).

[5] Per Foucault.

2007-04-27

A SERPENTE ENTORNADA



MOMENTO ALQUÍMICO DE HOJE: a Serpente Entornada.
Devido ao (a)lume ter sido mal calculado a serpentina verteu um pássaro menor, desafinado, disléxico chamado Fosfonix.
Italic
Mas como Ad Astra per Angosta é o nosso lema conseguimos apanhar esse pássaro com Aurum líquido. Depois foi todo revestido dessa quintessência e reverteu para a Caldeira.

Aguardemos daqui a umas semanas, com a paciência do Monachus em estado ígneo.

UM CRAVO AO RUBRO COMO UM POÇO DE PETRÓLEO EM CHAMAS

O DR. TROCA-RIOS


Escrevi esta história, que se desenrola num café normal de uma terra alentejana para perceber a sensação de estranheza de Stephen Hawking a levitar num meio em que a gravidade foi artificialmente reduzida. Deve ser lido com um sotaque americano, de máquina.



O Dr. Troca-Rios estava muito agitado no café debaixo de uma redoma de vidro que agora, depois de tanto a ver, todos achavam perfeitamente natural. Só eu, com este espanto de eterno indígena ainda me admirava sempre que o via. Sentei-me numa mesa próxima, então ele acenou-me e ligou o microfone, enquanto bebia a bica.
- Sabe, o computador vai ser muito mais perecível que a máquina de escrever manual...- disse e continuou - E dentro de uns cinquenta anos vai parecer tão vetusto como elas nos parecem agora. Por isso, dada a nova velocidade das coisas efêmeras vamos ver um enorme hiato no tempo e depois do texto sem autor vai re-emergir o autor em vez do texto.
- Mas não anda a desaparecer o autor desde Mallarmé? Vers le texte final?
Em vez de me responder o Dr.Troca-Rios carregou num botão de um dos três comandos que dispunha. Do alto da redoma de vidro mil fios de tinta azul desceram. O criado do café que por ali passava lançou um olhar distraído e coçou a orelha com o lápis. Uma criança apontou o dedo, extasiada, mas os pais puxaram-na e continuou a andar deixando o dedo atrás, sempre apontado para a redoma.
Assim, graças a essse dedo várias pessoas puderam ver o que ele apontava.
- Está ali um homem muito estranho rodeado de teias de aranha azuis - disse Laura Bateferro, uma rapariga de óculos, muito gorda, com ar de poetisa. Mas ninguém lhe ligou como é costume fazer aos poetas, que acabam a falar sózinhos e por isso escrevem livros que também ninguém lê, excepto um ou outro barbudo de óculos que faz caretas ao lê-lo.
Olhei para o dr.Troca-Rios, estava a tirar aranhas do nariz. Assim que as tirava corriam para cima, para a cúpula da redoma, e formavam um cacho, um ponto negro que se movia e era um nojo.
- Dr.Troca-Rios que forma admirável de exprimir o seu pensamento. Na verdade, os seus maus pensamentos animam-se, tomam formas animais,er... neste caso de insectos - disse eu com a minha culpável tendência para falar demais.
- Nada de especial desde o advento do doutor e bispo Berkekey, a realidade é um produto directo da nossa cogitação mental - disse o dr. Troca-Rios com um suspiro apenado e condescendente, por ter de fornecer pedagogia para as massas.
Depois, suspirou mais outra vez e carregou noutro botão e os fios de tinta azul a pouco e pouco desapareceram. Quanto ao cacho negro de aranhas caiu-lhe no crânio, para dentro de um buraco que ele acabara de fazer girando com o dedo indicador a uma velocidade prodigiosa.
Olhei para ele aterrado. Ele, piscou-me o olho com um esgar prometedor e disse-me - Olhe para o meu Terceiro Olho.
Olhei a medo. Soltei um horrível grito mudo de homem a meio da ponte de Edward Munch (vem em todos os jornais periodicamente na página 5): no lugar do terceiro olho o dr.Troca-Rios tinha um verme. E estava a crescer. A redoma vibrava a cada aumento de cada anel do verme. Em breve dentro da redoma o verme submergira tudo o que dantes era o dr.Troca-Rios.
À roda, o bulício do café continuava normal, ouviam-se as moscas a estalar no mata-moscas, os estalos da tira de pano do invariável graxa zé pardulo, o Lavrador Emiliano Banhas a roncar depois da bica, com a boca aberta e a Lavradora dona laurinda, sua mulher, a fazer um crochet gordinho cor de cera velha. Ouvia-se o deslizar de dedos nas páginas preocupadas do Record e da Bola.
A certa altura do corpo do verme começaram a sair inúmeros pedúnculos. Eram capazes de atravessar o vidro da redoma e era o que estavam a fazer agorea. Dirigiam-se para todos os jornais desportivos abertos e fechados daquele grande café, recortavam as fotografias dos jogadores, e voltavam com a sua presa para trás.
Eu tapava os olhos. Sempre detestei desaparecimentos da realidade, e ainda mais quando a realidade se satiriza a si mesma. Enquanto os leitores de jornais, que de nada se tinham apercebido, viravam as páginas dos seus jornais desportivos, a redoma enchera-se de fotografias de jogadores, coleccionadas ali ao vivo.
Pelas freats dos dedos lancei um olhar cauteloso. O verme estava a encolher. Daí a nada não passava de uma unha negra na testa, no lugar do terceiro olho. O dr. Troca-Rios ligou outra vez o microfone.
- Uma inocente tecnologia para eu poder fazer a minha colecção de cromos - disse quase, como se se justificasse. Depois sempre dentro da redoma levantou-se. Carregou noutro comando, apareceram umas rodinhas por baixo, e o dr. Troca-Rios saiu para a rua, com os ombros sacudidos de riso. Antes de sair por completo da porta a redoma tomou a forma de uma bengala. As rodinhas voltaram para o café e saltaram para dentro de cada jornal desportivo. Ao chegar aos buracos feitos pelas fiotografia ausentes transforamram-se em aranhas e começaram a cozer aqueles buracos até reconsitutir na perfeição cada fotografia.
A mim caíram-me lágrima de emoção. O criado com um ar meio receoso, mas já conhecedor das minhas idiosincrasias disse-me - Sr. Palha, n-aose esqueça que deixou a boca aberta no ar -. Agradeci-lhe efusivamente e depois com muita discrição ergui a mão para apanhar a minha boca e voltar a pô-la no lugar.
Entretanto, o criado moveu-se pelas mesas e ao reparar no dedo apontado que estava no ar agarrou nele e deitou-o para o caixote do lixo.

XTOS ANARKIKOS

quero ver um Cristo ateu
a blasfemar em grego
como um marinheiro
dançando entre as panças
rubicundas
sem os anjos moles
do cristianismo de rendas

quero ver esse primeiro deus ateu
a entrar nos templos
de consumo
a correr com os padrecas
dos impostos
e dos telemóveis
e com os outros de sotaina
à paisana

quero ver esse Cristo Viriato
de Pentelho à Vista
a incendiar
o E$pírito Santo
na terra da procissão
timorata
e da Virgem Velha e Usada

quero vê-lo
a entrar no telejornal
e a perturbar
a missa do futebol
pouco me importa que
seja careca
e tenha a língua torta
e asas de escaravelho
e cague na pátria

quero vê-lo a mijar
na República
e a mostrar que
nunca houve um Crucifixo
a não ser na
cabeça podre
dos que querem submissos

e a dizer que não há messias
nunca houve
há só pássaros raiva pura
desejo nevoeiro e maresia




2007-04-26

MULHER MATA-SE


MULHER MATA-SE PARA ASSEGURAR SUCESSO DO FILHO CEGO

Hei, que tal se ouvissem o ROSS (o elfo Rodrigues dos Santos) a ler uma coisa assim no meio do ecrã? Causava um arrepio, uma estranheza. Não! o gajo disse mesmo aquilo? No entanto, este é um tema clássico, o da tragédia grega.
Se alguém na velha Hélada dissesse uma coisa destas, numa praça, numa encruzilhada, num parque público, provavelmente as pessoas sentavam-se à roda dele para ouvir o resto da história.
Hoje é pouco provável que alguém conte uma história no meio da via pública, e ainda menos provável que alguém pare para a escutar. E a verdade é que só autorizamos o ROSS, e os seus clones das outras estações, a contar histórias: a contar a ficção quotidiana que faz parecer real o mundo real.
Mas quem conta histórias, hoje: umas gajas feias, de óculos, demasiado gordas, demasiado magras, com o cabelo mal cortado, mal vestidas, que se chamam escritoras?
Uns tipos muito chatos, carecas, mais velhos do que o Papa, com ar de padre, com ar neurótico, com a barba mal feita, a que se chamam escritores?
Nem elas nem eles. Assistimos na literatura a uma segunda história. A história da morte da história. A história que narra a impossibilidade de se contar uma história. Uns tipos pirosos escrevem "estória", é uma palavra feíssima, que não quer dizer nada. Tal como a horrível palavra cheio de sensodyne e botox, "Cantautor".
Se alguém, dispondo de um instante de lucidez privilegiado, se dispuser a ouvir uma história contada por qualquer um dos nossos cantautores é natural que daí a meio minuto fuja pela rua, com os cabelos electrocucufados, com os cabelos a correr numa realidade paralela, enquanto o desgraçado do crânio, em baixo, corre ao contrário dos cabelos, com as mãos albinas a amparar os neurónios aflitos.
E se eu afirmar que o nosso cérebro hoje é um filho cego morto pela mãe para ter sucesso será que terei o sucesso dos que fazem parabolas"? Zero sucesso pessoal, e mil sucesso institucional, para quem vier na segunda onda do inevitável plagiarismo contemporâneo?
Bem estou nas calmas. Eu disse claramente ao Mick, vivo num país impossível, mas estou sempre cinco minutos à frente da próxima moda, por isso é-me possível viver nos intervalos da falta de acção que tendem a ser para sempre.

Hoje por exemplo, Drumas, proponho-te uma Máquina Patafísica especifica para um Shiva (deus destruidor) português

O ACELERADOR

DE EFÉMEROS



Texto escrito por convidado nosso, que quer ficar anónimo e dele só diz que é, o Último Homem que Escrevia Deus no Tatoo Para Poder Passar a Um Caso.

Pedi a um amigo físico para me explicar o que aconteceria se de facto se se acelerasse à sexagésima potência cada segundo de tempo numa sociedade de tempo acelerado e ele explicou-me que isso seria o mesmo que a cerveja a beber o bebedor.

2007-04-25

Mais 33 de Abril



Com honras de Estado, digo, de Estúdio, a RTP fez de Zeca Afonso o profeta de Abril. Em sua recorrente entronização juntou os dinossaúrios das canções revolucionárias, Godinho, os irmãos Salomé de farda negra, etc. - os sacerdotes, para o cantar. Ficou no ar a sensação que o 25 de Abril é uma seita e que dá dividendos e que há um punhado de gente que se tornou no dono do 25 de Abril.

Mais de 30 anos depois as canções revolucionarias, mesmo com botox, farda nova e sensodyne parecem avé-marias de fátima, e ouvir a maior parte das canções dá vontade de dormir. Ouça-se o Bob Dylan dessa era, um sopro de energia. As avé-marias de Abril são puro xanax.

Abril, RIP. Já tens cardeal a sério e tudo, de resto, na AR., ao lado de vetustos presidentes, o troca-vogais incluído.


Imagem: Grândola Vila Morena 33 anos depois.

33 de Abril


Mário Soares, o Papa do Socialismo, no Só Visto afirma:
os Capitães de Abril (que derrubaram o regime) foram heróis, todos sem excepção.

Segundos depois afirma:
O regime caiu de podre.

Heróis ou podridão? Caiu ou fizeram-no cair? Da boca do Papa temos as duas versões em questão de segundos.

Conclusão: A senilidade alberga as contradições sob um manto de pacatez.

RE -ENTREVISTA AO MÁRIO

ENTREVISTA MEDIÚNICA AO MÁRIO CESARINY



Então Mário, como vão as coisas por aí?

MC - São iguais às de aí, sem tirar nem pôr. O Peixe-pingalim, o suicídio-para-rimbauds-da- mamã prendados, o Eléctrico da Cruz Quebrada, e claro a verdadeira Cruz Quebrada sem gajo pendurado, enfim, até por cá andam o Freitas Branco e o Lopes Desgraça. Quero sair daqui!

Mas e então essa história de voar sem fim e sem forma?

MC - Wishful thinking. O pior daqui é que o tabaco está tão mau como na rua Camilo Castelo Branco. Sempre se esperava outra nicotina no Além, mas não, está igualzinha, cheia de químicos.

Mas tens saudades do Buraco Luso?

MC - Intermitentes. Aqui também há uns urinóis formidáveis e vistas sobre Belém-la-Belle, com romenos loiros a descer de helicópteros.

E o teu marinheiro?

MC. Bene. Bene. Por cá anda, mas não me liga. Mas eu cá tinha uma ideia de o céu ser só marinheiros, mas afinal há por cá uns Grandes Almirantes. Castigam-nos mandando-nos para o céu.

E que tens a dizer a todos os teus novos amigos depois de morto?

MC- Pouaaaah. Fartei-me de rir ao ver o que o padre disse de mim. Mas olha, ainda trouxe cá para cima o apalpa-freiras e o afia-manguitos. he he he.

E aquela tua avó espanhola, que era linda de morrer, e em certos dias punha-se à varanda da
casa do seu pueblo, perto de Hervas, e ficava lá horas seguidas só porque vinha gente de milhas à roda só para a ver.

MC - Recebeu-me com beijocas. Agora está ainda mais linda que nunca e continua a aparecer à varanda. Aqui a malta, em querendo, vai para Arquétipo ou para Avatar.

Upa! Ouvi dizer que te iam fazer Avatar da Poesia Lusitana.

MC - Ah sim? Sempre a mesma m. Depois de morto é que nos vão ao cu!

E a Titânia?

MC - Paaaaaaatifaaaaaaaaaaa! Por cá anda de saia de roda, cuequinha de seda. Sempre muito cuidada com a roupa interior, tem três cordas de estender a roupa aqui no céu.

Tens visto o Al berto?

MC - anda a ensinar valsa às trutas e comprou um castelo lá em Jerusalém Celeste. (é o nome duns subúrbios chic daqui, frente ao mar) Mas embirrou com o Willam Blake, vê lá. Aqui ele tem uns olhos, uns olharrões que lançam fogo e não gosta nada de ver-se ao espelho nem de quem gosta de ver-se ao espelho.

Hmmmmmm. Quer dizer que os narcisistas não são muito bem vistos aí em cima...

MC - Já te disse que aqui não é "em cima". Também, não é "em baixo" nem "ao lado", nem "paralelo". E agora adiós, flor dos Castros, porque tenho um apointemment com o Blake, muito formal, com chá e torradas e vista sobre os campos magnólicos.

Só mais uma última pergunta :E pintas?

MS - pintar? era o que mais faltava. Aqui uma pessoa abre a mão e estala os dedos e tudo o que estava a pensar agora está à sua frente. Até chateia ver todos os desejos cumpridos no instante preciso em que acabam de ser formulados. Quando quis ver a Virgem Maria a dar uma sova no F.Pessoa , zás, lá estava a gaja a dar porrada no cu do Virgem.
Adeus. Adeus!


hasta la vista, cesarista!



2 . Hói Mário que há-de novo?
is
to por aqui é duma tristeza. Parece que Deus é o Grande Homeopata. Dá tudo em pequena dose. Fana as azas aos anjos, o porcalhão, e come-os. Continuo a querer bazar daqui.

Mas não tens Azas?

Tenho, tenho. E continuo a voar daquela maneira gira em que não se vê nada, mas se sente tudo.

e não há saída daí?

Haver há. Mas vai~se sempre parar a Portugal, e eu fartei-me desse buraco, por isso é que fingi que morria, e dei corda ao outro esqueleto, e saí de noite nas pontas dos pés do caixão. Aquele gajo cor de cera que se viu no Palácio Galveias fui eu que o pintei no estúdio do Miguel Henriques.

A DÚVIDA ARQUIMETÓDICA

Ter uma fé em algo, limita.



O metro provoca autismo

ELOGIO DA LENTIDÃO


as forças da natureza andam devagar

POEMA DO SEMPRE-EM-PÉ E DO SEMPRE-EM-CRISE

a coração
os orelhos
a pénis
o zézinha
o mão
as lábios
a pé
a nariz
o nação
traga o café
conceição!

A enfarte
a gato
o estrelo
o ladra
o lua
a sol
a rio
a mar
traga a conceição
café

2007-04-24

PSICOFOTOGRAFIA DO ARTISTA QUANDO CÃO DO IMPÉRIO


Vivemos diante de praias muito compridas, mas morremos em esplanadas, talvez porque diante do mar que nos chama sempre pusemos uma muralha de copos.

Quando António Sérgio quis ser o novo Sebastião assassinou o mito do Rei-Perdido- Que-Um-Dia-Voltará. Mas D. Sebastião não era mais parvo do que António Sérgio, e apesar dos seus inúmeros defeitos tinha mais encanto.

Um bom escritor não faz mais do que ceder o lugar aos seus livros, ou seja, desaparece constantemente.

Quando alguém me diz que eu poderia ter escrito isso (uma coisa qualquer que eu escrevi) eu sinto o mesmo. Eu poderia ter escrito aquilo que escrevi.

Em Portugal há palavras lindíssimas como alguém.

Porque não fujo deste país? Por três razões: um som maravilhoso da língua - falamos quase em silêncio, um clima feito para chutar nas veias, e uma culinária que é ao mesmo tempo hedonista e maternal.

Um escritor tem que ter o seu Alcácer-Quibir e saber perder-se do último livro que escreveu.

As pessoas queixam-se da falta de memória histórica da actual geração. Mas eu acho que as gerações históricas tem muito osso e pouco sangue.

O Eusébio adoece com gravidade e o Estado e a comunicação social preocupa-se. O António Lobo Antunes adoece com muito mais gravidade e o Estado e a comunicação social ficam na mesma. E o António vale pelo menos cem Eusébios.

O António Dacosta falava tão baixinho que se ouvia tudo o que ele dizia. Aprendi mais a vê-lo lavar pacientemente os pincéis com uma mangueira do que a ler Kant. O Dacosta tinha conseguido falar como respirava.

O Mário Cesariny ria com todos os ossos, até o fumo do cigarro lhe saía a rir.

A ideia obssessiva de todos os governos é transformar a linha da costa desde a Ponta de Sagres até Vila Praia de Âncora numa esplanada contínua. O id secreto por detrás disto? Estamos sempre à espera do regresso das naus.

Só nos podemos aproximar de nós mesmos de modo labirintico, por meio de alusões, de figuras veladas, de símbolos, de mitos, de metáforas. Não há autoestradas para o ser interior. Por isso nenhum ministro das Obras Públicas consegue coincidir com o modo secreto de ser português.

A modernidade é de facto o que menos existe em Portugal, uma seita de modernistas não tem nada a ver com ser absolutamente moderno.

Na Grécia antiga as mulheres grávidas iam ver estátuas de grande beleza para terem filhos belos. Em Portugal não sei quem vão ver porque não há dúvida que saímos muito mal no tocante à beleza.

Charles Baudelaire ao visitar Lisboa no século XIX ficou impressionado por não ver nem árvores nem jardins na cidade de Lisboa. Foi ele que chamou a Lisboa: a cidade branca. Não há notícia dele ter vistado o Alentejo onde teria visto inúmeras cidades brancas.

2007-04-23

OS CLAROS FOGOS DO ENTENDIMENTO


Diz o António Barreto que mudámos muito nos últimos trinta anos. Materialmente, e nas cidades, sem dúvida, e muitas vezes para pior.

No entanto, do ponto de vista psicológico, esta frase permanece actual como um símbolo flagrante e contemporâneo:

“a gente de Portugal é negligente de suas coisas, sendo grande admiradora do alheio"

in "Descrição do Reino de Portugal”, Cap 23, pag 98 (obra acabada de escrever no século XVI).

Ou seja já nos deslumbrava o que vinha de fora e o que por lá havia - puro provincianismo, detectado há 500 anos atrás.

Foto de uma bombeira portuguesa. Repare-se como sorri durante um incêndio.

OS QUE CAEM


O futebol é um jogo altamente retórico, cheio de tiradas grandiloquentes, atiradas a um público volúvel e altamente excitável, cheio de uma pérfida empatia que tão depressa assobia como bate palmas.

os jogadores que caem, quase sempre, fazem uma fita tremenda, rolam pela relva, agarrados às canelas e dir-se-ia que tiveram dez AVCs ao mesmo tempo, ou cinco enfartos massivos seguidos.

Depois de estarem numa near-death experience levantam-se(momento favorito dos grandes planos, o ricto de dor "estampado no rosto", ainda estou para saber quem é o estampador) mas prolongam o teatro e saiem do recinto a coxear, com o ar patético de quem tem o dorso coberto de flechas ou de quem leva a penosa cruz do futebol, uma cruz de papier maché feita de recortes de críticas dos jornais da bola. Mas passados uns segundos, o ex-moribundo regressa ao campo fresco que nem uma alface.

os comentadores tem sempre o mesmo semantema à mão, tiram-no do coldre e com ar de entendidos falam do miraculoso spray. E a verdade é que há mais milagres do spray do que em toda a história religiosa nacional. Cristo curava com a palavra, o massagista cura os coxos temporários com spray. Eu falo do milagre de Talma, da arte de representar, em ambos os casos, o do massagista da alma e o das canelas.

SOL



hoje, num rugido mudo de luz, o sol prendia as copas das árvores com as suas garras, esmaecia todos os verdes com uma patada achatadora, rondava a ferver pelas fendas e fissuras das rochas, soltando um vapor que tornava os olhos brancos, e abatia os animais que não tinham outra posição possível senão ficar deitados de patas para o ar, a arfar, de boca aberta.

UM POETA AUTISTA BEBE A SOPA DO PATRIARCA



Sonhei meio acordado esta manhã com este título para um romance passado na Irlanda, mas que fosse inteiramente português. Dada a precariedade dupla da palavra autista, que carece de excesso de definição por parte do clero instituído das doenças mentais, a corporação dos psiquiatras, e de demasiada publicidade por parte da gente política, que se mimoseia uns aos outros com o cravejante epíteto, achei que seria interessante justapô-lo ao substantivo poeta.


O actual Patriarca português, um grande fumador com um ar triste e algo insuflado pela importância (ia dizer pela impertinência) do cargo, fuma demais para gostar de comida. Tem as papilas gustativas erodidas, devido à entrada frequente de fumo. Como será o Patriarca irlandês? Usando o meu calculador de improbabilidades (que roubei ao excelente Poeta Ana Hatherly) defini a priori o campo de parâmetros do cardeal Irlandês actual.
Spheno Número Um (mais tarde, nesta Lógica Deslocalizada talvez explique o que é um Spheno): O actual Cardeal da Irlanda tem cára de Elfo.
(Isso não faz dele um Elfo, infelizmente).

Enquanto o actual cardeal patriarca luso é como quase todos nós, feio, baixo e barrigudo e nada tem que evoque o Elfo, o purpurado (era este o oximoron usado pela a imprensa do muitíssimo pedagógico século passado para designar cardeais) irlandês tem certamente uma bicicleta, que usa regularmente, dada a tradição pastoral mais ligada à estrada dos nossos primos celtas, e por isso, graças ao exercício não é barrigudo.

É discutível a elfidade, quanto à beleza. São os Elfos belos? Tem a comicidade grotesca e o algum encanto de quem tem orelhas manifestamente grotescas, deslocadas, grandes e mesmo excessivas, e grandes porções da cara em estado ígneo devido a uma boa prática liberal de ingestão quotidiana de James Jameson, o whysky da Irlanda, e de Guiness, a nobre cerveja feita com as águas lamacentas do rio Liffey, que banha Devlin. (Desde James Joyce que o nome literário, o mais polissémico e indigno de crédito, é esse e não Dublin)

É interessante, à vol d'escargot recordar a polémica que dividiu a Net entre Feegs versus Hofas. Os Feegs (frequent e-mailers exceptionally getting sex) tem um pomo favorito de discórdia com os Hofas (Highly Operative Feegs As Seculars). Resumindo brutalmente : uns são a perífrase dos outros, e o que divide estas duas seitas é que uma proclama a funcionalidade como suprematista em relação à estética e a outra tem a ideonetologia inversa.

Mas voltemos ao cardeal da Irlanda actual.
O Spheno Número Dois: O actual cardeal da Irlanda come sopa de serpente.

E aqui é que o nosso ulissiponense poeta autista (depois de bochechar com álcool puro tipo medronheira da boa, ilegal, que é ligeiramente psicodiléptica) entra em cena.

Lembrando que a Irlanda foi cristianizada por Saint Patrick, um higienista (da mente) radical que expulsou as "serpentes" da terra irlandesa faz todo o sentido que o actual cardeal irlandês continue a comer sopa de serpente, porque como sabe qualquer antropófago a melhor e mais radical erradicação do inimigo consiste em matá-lo e depois devorá-lo.

O poeta que a bem dizer se devia escrever peuh! eta dado o seu crónico desdém pela lusitanidade, passada e hodierna, é um ser naturalemente autista, o que não admira nada num país encapsulado sobre si mesmo, mas ainda não namorando o seu vértex id, apenas adorando o seu vórtex Um-Big. Enfim o peuh! eta, então, por um desses métodos de transporte barato, via Galiza, chega depois de um desvio pela antiga Pérsia, à Irlanda.

O Spheno Três Repelente nem sequer indaga, divaga, pondera, arrota ou tira o coelho da braguilha, diz logo deste modo:

O peuh! eta na Pérsia aprendeu a transformar-se em sopa.

Chega à alfandega e diz : em Portugal nada é nosso, somos robertos nas mãos dos cartões de crédito. E o funcionário primo celta abraça-o e come-lhe uma orelha. É assim que se beija na irlanda, terra de muitas fomes.

Depois sobe para um caixote e discursa: Venho aqui repor as Antigas Serpentes Celtas.
(Nuvem de cascas de hóstia são-lhe atiradas por prebendados, clérigos, olhos apoteóticos e virgens feias)

Bem por agora as coisas estão neste pé.


2007-04-22

"IKEA IS A BAD IDEA"

Other reasons to hate IKEA

  • Their fake-Swedish model names that are annoying and stupid
  • Their store locations (inevitably inconvenient)
  • Their shitty, terribly made furniture composed of veneered pressboard. There’s a yuppie investment for you.
  • The lie that their furniture is simple to assemble. Yeah, you try putting together one of those fucking Rakke wardrobes in under four hours. I’ll give you a cookie if you can.

IKEA fucks everyone over. Just do a Web search.

The moral of the story

Oh, okay. The moral of the story is: Tom Sherman hates IKEA and you should too. They make shitty furniture, and their customer service sucks. They’re terribly inconvenient, tiring places to shop. They’re not worth the trouble.

Add to the IKEA hate… now!



Tirado com a devida vénia do blog Jotsheet

MAIS IKEA

ad, Ikea, bad! Very bad Ikea!


Destroying design to sell design
Ikea is at it again. Knocking down the past to build a big-box emporium to hock their mass produced modern design wares. Here is a company that takes advantage of their Scandinavian design heritage to sell inexpensive, yet "well designed" products to the masses. But, in the process, they have now displayed two blatant instances of their disregard for design legacy. First, they defaced a Marcel Breuer building in New Haven, Connecticut. Now the wrecking ball has turned to Civil War era structures in Brooklyn.

Nice work, Ikea. Class act all the way.

Via: Curbed
Link: New York Daily News - Ikea targets buildings
Link: Metropolis - Disposable Architecture
The bad guy: Ikea

"IKEA IS A BAD IDEA"


A IKEA é o McDonalds do mobiliário, linhas rectas sobretudo, funcional, barato (são feitos em pasta de papel), produzido em série, rápido, montável (a onda kit). Tipo de mobiliário para escuteiros, para telenovelas, para apartamentos hipersuburbanos.

O PM Sócrates declara que a IKEA vai "mudar a face empresarial de toda a região".

Em relação ao aeroporto de Beja, Sócrates declarou que o aeroporto iria "mudar a face do Alentejo".

O IKEA segundo o PM é "motivo de orgulho" para o país. ( Orgulhem-se em ter mobília foleira, globalista, feita por aquela que é considerada a "seita do kit"). A unidade da IKEA foi implantada numa REN, sacrificando parte de uma área protegida.

Curioso este mantra mudar a face. Ler: implementar o mau gosto. Destruir mais floresta.


How people power felled a retail giant

Original publication: Feb. 01, 2001 By Phil Reisman

If there is one thing to be learned from IKEA's decision to pull out of New Rochelle, it is this: You can fight City Hall, and you can win, too.

"This is a case of real people power," an elated Randolph Scott-McLaughlin said yesterday.

He should know. The outspoken professor and director of the Social Justice Center at Pace University School of Law was one of the early leaders in the cause against IKEA's plan to build a furniture store so large that it would have swallowed 16 acres of a racially mixed neighborhood of modest homes, small businesses and two churches. In its blueprint incubator, the thing never seemed to stop growing. Over time, it metastasized from 285,000 square feet to 308,000 square feet and then to 325,000 square feet upon its death, which officially arrived with yesterday's surprise news conference at City Hall.

May it rest in peace, a retail Titanic that never got launched.

There were so many arguments going against IKEA that the project simply collapsed under the weight of logic and reason.

Those arguments were persuasively put forth by well-organized citizens who formulated textbook strategies to oppose City Hall and the wishes of an international corporation that seemed unconquerable.

At least three citizens groups were formed, and more were apparently on the way as the network of opposition grew. Money was raised. Meetings and rallies were held, sometimes in the rain. Advertisements were taken out, and anti-IKEA fliers were printed and posted on telephone poles and homes. Phone calls were made, and untold numbers of passionate letters were written and e-mailed or hand-delivered to politicians, newspapers and anyone else who might read, listen and think.

Their slogan, "IKEA is a bad idea," resonated.

More than anything, these people educated themselves. They read IKEA's thick, nearly incomprehensible draft environmental impact statement and came in with their own traffic engineers and urban planning experts to rip it to shreds. It quickly became clear over the course of 18 hours of public hearings, that the IKEA store, with the expectation of drawing regional customers from all points of the compass, wasn't going to revitalize that little congested neighborhood known as City Park.

On the contrary, it was going to turn parts of New Rochelle, Mamaroneck, Scarsdale and Larchmont into a stinking, safety hazard of bumper-to-bumper cars and trucks.

The turning point against the IKEA plan probably happened during those hearings.

"I have to say that it's a testament," Scott-McLaughlin said, "to the responsiveness of the city officials of New Rochelle that they heard the message. It's to their credit, that they listened. They heard the people, and they realized they had to respond."

That's the way it should be. When the gadgetry of democratic government works properly, power surges from the broad base of public opinion and percolates upward to those at the top who are chosen to serve.

Nobody loses when faith in government is reaffirmed. Nobody, not even the big guys at IKEA who reportedly spent at least $2 million on this gamble, but most assuredly will recoup some of their investment and live another day to find another, more compatible store site.

Now is the time to look forward.

Three things should be considered. First, Albany should reform the law of eminent domain, which theoretically allows governments to condemn private property for a "public use." That the notion of public use has been expanded to include the interests of a private concern like IKEA should be stopped. No one lost their property to eminent domain in the IKEA saga, but the threat was there and it scared and angered people, most notably senior citizens, who didn't want to give up their homes.

Second, the IKEA experience should result in better, more creative ideas for so-called "blighted" areas slated for urban renewal. The people who live and work in those areas need to be consulted about their future, and so do people who live in the neighboring communities. No man is an island, and no city is an island, either.

Finally, attention must be paid to the fiscal problems of small cities like New Rochelle. When it comes to state revenue sharing, for example, New Rochelle is getting short-changed, and therefore it is no wonder that it turned to an ill-conceived panacea like IKEA.

Since IKEA says it now owns 70 percent of the City Park renewal zone and is therefore a "substantial landowner," maybe it will help in the lobbying effort. Now, that would be good corporate citizenship.

2007-04-21

BARROCO


O aborto do barroco é a filigrana.

O PORTUGUÊS SPRAY


Exemplo de prosa (Português Spray, ou Português quer quer) de agente técnico da crítica das artes plásticas :

"adopta um leque cromático mais austero, adensa e encobre a sua rede de citações, alargando-a a toda a história da arte, convocada quer através de arquétipos formais recorrentes quer através dos pormenores mais eruditos" Alexandre Melo, a propósito do Grande Prémio da EDP (a electricidade a dar prémios!) conquistado por Eduardo Batarda.

WDF é que isto significa?

2007-04-20

COMO

Como se pronuncia Drummond em gaélico

Drummann Hear name in Gaelic

PERGUNTAS AOS LEITORES DESTE BLOG






1 - Que ti
po de obra escreveria depois de ser atropelado por um táxi?

2 - Se tivesse o azar de ser funcionário público como manifestaria literariamente a sua indignação por esse facto?

3 - Uma pessoa vestida de minhota pode escrever uma ópera ?

4- Joni mitchell depois de ler Eça continuaria a cantar como canta?

5- Como é que Bob Dylan escreveria os Lusíadas?

6- Um bloco-notas e mesmo um croquete substituem perfeitamente um filósofo da transcendência?

7- Um jornalista por mais genial que seja dá sempre um escritor medíocre?



Responda a uma ou várias destas perguntas na ordem que quiser.





CONTRA A TRANSFORMAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA EM CAIS PARA NAVIOS DE CRUZEIRO


Aí vem mais um assalto à zona ribeirinha de Lisboa, a transformação de Santa Apolónia em cais para navios de cruzeiro com hotel de luxo incorporado. Puro turismo de ar condicionado, mais ar de condómino, e frente ribeirinha vedada.

Chamem os corsários! Antes que a miserável e repugnante arquitectura da Expo, como um cancro, tome conta de toda a frente do rio.


Retrato de André Breton



SONETO DO DESAMORDAÇADO



Ao Ary dos Santos (Hare Ary!)


Orfeu não empata a Baco, nem Baco vende a Orfeu,
Mas porque parco demo luso então estamos nisto
de vender o cu da prima e a sombra da oliveira?
Roda de limões, juro pelo carrossel dos meus colhões

Que estou cansado dos viúvos dos heterónimos
e dos guitarristas para guitarraturistas, ao natural
ou com molho da musa, esfaqueada e sem tusa.
Quero lá saber da aeroporta e do autoestrado, e do

Desígnio Refineiro, eu prefiro o Portugal rafeiro,
a estrada com poeira, a garrafa ainda com parra,
e o ar incondicionado de quem chega a Lisboa

a nado, dentro do seu pulmão que não foi fosfatado
mas que bate com um coração que pula e dança
e como Baco e como Orfeu canta e sacode os céus





PORKÉRA manda novas


Estou agora a viver no Abysmus Socialista que virou o bico ao Cravo. O nosso primeiro Ministro é um camponês raivoso e como todos os que trocaram os campos pela cidade fanático da modernidade. A China declarou que está na étapa inicial para o Socialismo - por isso aboliu a luta de classes e acolhe todo o tipo de empresários. Com o Capitalismo vai construir o socialismo, mas isso só lá num futuro distante. Parece o meu querido império, Mortugal.

Estive em Pequim onde demora quase um dia para chegar a um outro extremo da cidade. Tem não sei quantas circulares. De cada vez que se faz uma nova circular a cidade cresce para lá dela. Os bairros antigos, quase todos, estão condenados. O ideal é fazer tão bem como a América. A versão arranha-céu chinês consegue ser mais hedionda do que o arranha-céus vulgar allmerdicano e allgarvio. De resto de tão arranhados os céus gotejam uns eflúvios fedorosos.

Foi inaudito: as minhas 3 namoradas venderam-me. A da esquerda, primeiro. Vendeu-me a um turista americano por 300 yuans (salário médio). A du-Meio vendeu-me a um albanês em sharetime. A da Direita vendeu-me a um russo em regime de semi-holding.

Resultado antes de escapar a esta trama, estive nos USA a trabalhar numa plantação de Coca-Cola (pelo menos foi o que me disseram. Vivíamos dentro de garrafas e vinham crianças do México atirar-nos amendoim. Também ameaçaram exportar-nos para a Disney-Coca , em Sines!).

Ao fugir dos USA, via Cuba, caí nas mãos do albanês que lia o pessimista da moda, Artur Pires Reverte, que pinta as unhas com sangue. O Albanês chamado Lisbonescu (Olha!) digitalizou-me logo num ápice, contra o meu óbice e apesar do meu trocanter. Os tipos fazem isso aos humanos. Digitalizam tudo, fígado incluído, e passamos a viver num conservatório pixeliano, onde somos traduzidos e retraduzidos até nos extraírem a essência Fiambrón. Pois é, tenho uma notícia má: a ontologia digital acelerada revela que nós os portugueses somos integralmente feitos de chouriço.


E por agora é tudo.

Comentário de M.Drummond. Porkêra está disgráfico. Deve ter apanhado com dois tiros perdidos do sul-coreano serial killer!



SONETO COXO DO SALAZAR


Sou o Salazar
o vosso pai e guru
vivi toda a vida escondido
atrás de um pentelho

Gostei de mulheres
puras e de putas
mas escondi tudo
atrás de um pentelho

quando a Maria
adoeceu eu também
e acreditei em astrólogos

e quiromantes
mas escondi tudo
atrás de um pentelho


Foto: Salazar e o seu amigo Padre Cerejeira, mais tarde Cardeal Patriarca

DEIXAR MARCAS?


Há um faisão chinês, muito apreciado pelos pintores, poetas e filósofos que não deixa pégadas ao andar. Italo Calvino fá-lo-ia símbolo da "leveza", segundo ele, uma das seis qualidades imprescindíveis para o terceiro milénio.

Numa entrevista recente na TV ao primeiro ministro e problemático e sinuoso engenheiro Sócrates, este declarou com orgulho que a sua governação já deixara "marcas".

Uns dez dias depois Mário Soares, assumido godfather de Sócrates, no 34 aniversário do PS (dando a sua benção de guru do avental, conferindo legitimidade ao equívoco e sinuoso bacharel) afirma que nunca houve um governo que em dois anos tenha deixado tantas marcas de esquerda.

Mais um mantra do PS: deixar marcas, marcar. Ou seja pesar. O contrário da leveza, da subtil forma de ser e de governar. O obstáculo ao caminho da leveza.

O Estado Nazi optou claramente por deixar marcas que selassem a sua megalomania: Estádios, Edifícios Oficiais, a rede de autoestradas, entre outros.

O PS de Sócrates quer deixar também as suas marcas, TGV, OTA, Refinarias, Portugal megahotel, Choque tecnológico (Choque!) mais o cais de navios de cruzeiros em Santa Apolónia, entre outras.

Marcar território. Pôr marcos: delimitar.

Tudo isto traduz Ego ilimitado.
O contrário da leveza.