/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2008-06

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2008-06-27

OITENTA LISBOAS POR MINUTO


Há cidades sistólicas, pensa-se logo em São Paulo, Pequim e Nova Iorque, outras diastólicas, como Londres, muitas cidades do Oriente em que o tempo cruzou os cornos com os cronómetros e Jerusalém. Mas há cidades que são pura paragem cardíaca: Lisboa é uma delas. Talvez porque se aproximou mais da forma e figura do labrinto, quer no entrançado das ruas, na disponibilidade dos becos para não terem saída, bem como nos múltiplos apelos das sereias inanimadas ou reanimadas, e que são desviantes.
Aberta a todos os mitos urbanos, admitindo no seu corpo mitos que nem sequer são dela, Lisboa é uma cidade devorante-passiva, onde devia ser obrigatório o porte de narguilé, e o vagar ao mesmo tempo complicado e simples de uma cervejaria do Cairo, onde não as há quase.
Vejamos como é bom ter alteridades de olhar e sentir, como os outros nos vêem, mesmo quando estamos prevenidos da sua presença:




Un voyage à Lisbonne

De Pessoa à Pessoa
lundi 25 juillet 2005 par Anna Sprengel
Jeudi 25 avril : 7h00. Mon corps agacé par un reste de nuit s’imprègne lentement du lieu : clarté grise de l’aéroport d’Orly ; la salle d’attente, vide et sépulcrale, est d’un blanc décevant. Le café s’appesantit sur mon (...)

Carnet de voyage à Lisboa

Diaro Lisboa
mercredi 23 mars 2005 par David Andrade
"Ville de plein de souvenirs, ville de joie, où à quelques minutes je trouve la plage, ville de vacances, c’est la ville que j’attendais petit toute l’année. J’y respire son air qu’une fois dans l’année, mais je (...)

Articles de cette rubrique

mardi 1er mars 2005 par Arnold Couchard
En slip et assis sur le coin du lit Paul Sentron n’était pas de bonne humeur. Il avait dû s’y reprendre à cinq fois - au moins - avant d’arriver à former le numéro de Marie-Claire. Les trois Drambuies avalés au bar de l’hôtel n’y (...)

jeudi 27 janvier 2005 par Mathias Lavin
De Lisboa la pointe extrême dépasse les limites strictes de la cité, elle s’étend jusqu’aux confins de Sintra. Là-bas les falaises apparaissent subitement. Je retiens, en noir et blanc, le lieu dit Aguda : "aiguë" pour mieux refléter le désir (...)

lundi 13 décembre 2004 par Andrée Bergeron
Regarde, regarde là en bas les lumières de la ville... C’est ainsi que je l’ai vue la première fois. Pas ici, non, juste un peu plus haut : sur le toit de la fac de sciences. La nuit très tard, un lieu désert et étranger. Des locaux alors si (...)

jeudi 2 décembre 2004 par Florence Lojacono
LISBONNE. 2 octobre 1987. 23° C. Orageux. Seconde visite à la Ville Blanche. De mon premier passage je ne garde aucun souvenir précis : ni de la ville que j’ai pourtant parcourue en tous sens, ni des œuvres d’art que j’aurais (...)

jeudi 18 novembre 2004 par Ana de Palma
C’est ainsi que je suis arrivé à Lisbonne, presque par la mer, avec tous ceux qui rentrent chez eux à la fin d’une journée. J’ai refais le voyage en ferry-boat depuis Seixal jusqu’à Lisbonne, en me répétant comme un refrain (...)

vendredi 12 novembre 2004 par Alexandre Chollier
Une ville vous touche en plein cœur et vous ne savez pourquoi. Des jours passent, des semaines aussi et c’est toujours l’incompréhension (incompréhension bariolée d’innocence) au fond de vous. Et puis un jour, au détour d’une (...)

dimanche 7 novembre 2004 par Marie-Louise Audiberti
L’air doux s’immisce dans les conversations pour les amortir. La femme ne cesse de marcher, elle gravit les escaliers, redescend plus loin. Une ville, il faut l’arpenter sans répit. Mais regarde au moins où tu marches ! Comment (...)

Unfair State of a Multitude of Things


It's amazing how the things we want changed once they change don't change really much.

Thus when some séducteur (usually politicians are playboys with the masses) comes along promising change, change, it's better to prepare to more of the same.

There are a lot of men with little penises in the government: they however, extend it: they foster the building of a lot of highways, towers and airports and new trains.

Building a lot compensates for the failure of penis enlargement. As phalic substitutes towers and skyswrapers are quite poor, but they are impressive.

I never ate well in any airport, and ate even worst in every plane. Maybe it would be better to fast to travel fast.

Airports are ephemeral churches endowed with treasures of plastic. A million eyes spy us, a million legs ignore us.

Deodorant is to kill bad smell, but usually bad smell kills the deodorant, growing exponentially. I suspect that bad smell grows much more because of the deodorant. As such we are in the era of growing bad smell.

French people are very lousy with higiene, but undoubtedly they have the best perfumes in the world. Would they had them if they were very higienic like the Finns? (But no one has ever heard about a Finnish perfume)

Most people ignore how to be born. Then they don't know what to do with their lives. And worst of all they ignore how to die.

The difficulty of dying it's probably innate in makind, but it is dying.

2008-06-26

TRADUÇÕES DESVIADAS


o meu amor
não é como uma falésia
em luta com o mar
e os meus olhos
perdem-se na espuma
que o sol desdenhou

My hair is bold like the chestnut burr; and my eyes, like the sherry in the glass that the guest leaves. Emily Dickinson

2008-06-25

INTERRUPTOR DE FORMIGAS

estou a soltar
p´ró ar
dióxido de poeta

mas como não sou
pateta sei que é
dióxido de cabrão

de sóciofugitivo
de interruptor de formigas
e a cada respiração

enveneno a sílaba
enveneno a língua
com um punhal metafisico

chamado ar, pneuma, ex
piração e (só por rima)
Ah Han, Oh Não

2008-06-24


tenho um dente cariado e penso em Apollinaire
esta linha nem para presunto fumado
devia ir ao médico e resistir às sereias
a língua volta ao furo e o mundo?
se fosse imóvel como um dente? perfurável?
branco? infinito e imundo?

depois saio para a rua e o sol acaricia-me
não é homem nem mulher : acaricia-me
e não há outro deus para mim: Tarde cheguei
a esta religião sem ninguém, sem altar: sou
um adorador do sol, o sol acaricia-me
e é tudo. nada se passa. não há anjos,

ou por outra, há, mas estão aquém.
Tenho um dente cariado: ó maravilhoso Apollinaire
tu conhecias D. Pedro das Sete Partidas
Um dos nossos Principes a sério
E só tu o levaste a sério e o elevaste
à glória breve de um pequeno poema

Sim vagueio, sou um fauno moderno incógnito,
um fauno do boulevard, que neste momento
está trivializado. A democracia vulgariza
tudo, o seu deus transmissor não foi
a imprensa, o aufklarung, a maçonaria,
a TSF: foi o automóvel. o pópó, a lata

rolante. Se ao menos passasse um bentley
a disparar ao acaso para cada retrovisor
e eu encontrasse o objecto infame perfeito
o estúdio de Willim Blake, entretanto,
atravessado por bulldozers, e por piranhas
estéticas a casa de Almeida Garrettt.

Século de demolições! Idade da tábua rasa.
Idade inerte da multiplicação do mesmo,
tenho um dente furado e lia Apollinaire
quando tu eras uma sereia e me envolvias
de rodopios de polvos, e da tinta negra
que as cachalotas em cio largam no azul

Cáries e azul soberano! Eu largava
cicuta com alguma elegância nos meus
octosílabos. Chegaram os tempos narcisos
e a literatura das mulherzinhas dos dois
sexos. Não posso com o Peixoto e todos
os Tavares. Façam bilros noutos pixéis

Não me apareçam tanto à frente! Que raio!
tenho um dente furado e acho
que as trovoadas são feitas de puro oiro
Tenho direito a dez minutos de imortalidade?
sereno e supreendente, serena surpresa
de ler Apollinaire no metro, aos solvancos

As Estações passam como frutos de um sonho,
Saldanha, Picoas, marquês. Os azulejos
agora são desazulejos. Eu vogo e pairo
sou a electricidade poluída da cidade
Sei coisas detestáveis e triviais,
Pica-me a varíola do inconsciente de Lisboa

sou sete deuses fugidos. Colino-me.
não quero ver mais poetas menores
a não ser de oblíquo a minha imagem
no espelho das tuas chegadas perfeitas
a Belém, onde vamos comer com imenso
empenho queijadas da Suíça entre taças

etéreas de vinho das areias abolidas,
Féerico Apollinaire, que gostavas da guerra
como de um lençol deslumbrante
rasgado pela artilharia. Roubei-te um óbus
ó Almirante. No meu barco cruzo na
bandeira negra uma terceira tíbia

e isto com um dente furado, e a revolta
da língua outra vez morta e despida
mas mesmo assim arisca, impossível
de possuir, sílaba única sibila

OS TRATANTES DE LISBOA



Enquanto os Tratantes de Lisboa gritam SUPERCALIFRAGILISTICOEXPIALIDOTIOUS e fazem figas e caretas e apontam o dedo aos bêbedos irlandeses recorde-se Mary Poppins, a bruxa do Disney, que lavou o cérebro a várias gerações.

2008-06-23

Menina SMS


a menina SMS
decidiu suicidar-se
escreveu quinhentas mensagens
a divulgar a sua intenção
k foram ignoradas
ela estava a falar
de modo simbóliko
disse um utente
e deu dois tiros nos pés
com um ipod
de "simulações cruéis"

a menina sms
no mcdonald
em vez da mostarda e do ketchup
pôs outra graxa qualquer
no hamburger
e a espumar da boca
caiu no chão de plástiko
antes da bandeja
de plástiko
lhe embater
na kabeça

ninguém sabia k ela
eskrevera um pequeno livro
digital chamado
trezentas ideias de plástiko

DA CONTEMPORANEIDADE DO REI UBU


Ubu Roi is a bizarre and comic retelling of Shakespeare’s MacBeth: Pere Ubu, an oafish, barely ranking civil servant is persuaded by his shrewish wife to kill the king of Poland and usurp the throne. Pere Ubu is magnificently stupid and appallingly unfit to rule anything, so his eventual ascension is a farce. He becomes a violent and incompetent dictator who kills his subjects, destroys the economy, and makes war arbitrarily.

What started as a schoolboy joke became a revolution in theatre when Ubu Roi premiered in 1896. The story goes that at the Paris opening, the uttering of its first word (a mispronunciation of the word “merde”) incited riots as the play assaulted all that the theatre and its community of aristocratic patrons had held sacred. That night a new form of comedy was born, and unleashed on the world was the monstrous Pere Ubu, a personification of all that is base within us.

O rei Ubu tem sucessivas reencarnações em diferentes países (sempre como funcionário público): neste momento encarnou em 1.124.567 funcionários da UE.
O seu corpo de larva bem nutrida depositada sobre corpos em apetitoso estado de putrefacção indica claramente o ideal burguês do corpo: hipernutrido. Mas tal como há fausses-maigres, que são afinal gordas, há faux-Ubus que são gordos também, se não no corpo, na alma e nas sensações. Um Alma Gorda por exemplo é o chefe de todos os funcionários portugueses, o inefável Sócrates. É um Ubu magro em versão cyborg. Com efeito a tendência dos maquinismos é repetirem-se uns aos outros o mais possível. O ideal de uma máquina é fazer mais máquinas semelhantes. Assim o cyborg com voz de falsete Ubu-Só (o nosso) que comanda um exército de fazedores de cimento e de praias com ondas artificiais (Promessa do Ubu-Costa, supremo funcionário da Edilidade Lisboeta para a zona ribeirinha de Lisboa, que em breve será imitada por todos os clones-autarcas do país, na política de salutar unanimismo que nos caracteriza) tal como seu bisavô Ubu-Roi vai-nos levar à guerra com os muçulumanos da Bulménia, e da Romanha.

"UN CONNARD TÊTU"



Durão Barroso, o Cherne, devido aos seus olhos globulosos, uma boca piscífera, e ao seu aspecto de cardeal florentino entre o venenoso e o diplomático, foi classificado de "connard têtu" por um chefe de Estado. Ora só os franceses e os belgas aplicam essa expressão. Portanto o chefe de estado que assim o obsequiou só pode ter sido o Rei dos Belgas ou o Presidente Chirac. O rei - noblesse oblige - parece altamente improvável que o tenha dito, mas é sabido que Mr. Chirac não tinha papas na língua para definir os seus pares.
A expressão não é nada amável. É mesmo do pior possível. Comparativamente falando, chamar-lhe Cherne é quase simpático e carinhoso, é assim que passará para a História. Mas chamar-lhe connard já é outra coisa mais grave. É a artilharia pesada da desconsideração absoluta.
Vejamos o dicionário para refrescar:

con (n.)

connard

con (n.) (familier)

crétin, idiot, imbécile, nigaud, sot, âne (PejArgPop, figuré), B.O.F. (figuré, Sigle), baudet (figuré), béjaune (figuré), benêt (PejArgPop), cloche (PejArgPop), corniaud (familier, figuré), cornichon (familier, figuré), couillon (familier), cruche (PejArgPop, figuré), grand dépendeur d'andouilles (vieux), twit (Canada Franco)

con (n.m.) (argotique;vulgaire)

foufoune, sexe féminin, vulve, berlingot (argotique), chagatte (PejArgPop), chatière (argotique), divertissoire (argotique), écu (argotique), frifri (argotique), losange (familier, figuré), mimi (familier), minette (familier), minou (familier), minouche (familier), moule (argotique, populaire), salle des fêtes (argotique), trou (argotique), zézette (familier), zigouigoui (argotique), zizi (familier)


Ou seja, uma tradução possíivel de "connard têtu" seria um Imbecil Teimoso ou um Cretino Teimoso.



DE JEAN QUATREMER, Coulisses de Bruxelles


Durant la campagne référendaire française de 2005, il (Durão Barroso) brilla par ses nombreuses gaffes, notamment en défendant bec et ongles le projet de directive « services », dite Bolkestein, refusant d’en modifier l’essence. Il fallut un Conseil européen, en mars 2005, pour qu’enfin il accepte d’envisager une « remise à plat ». « Un connard têtu », me lâcha même en privé un chef de gouvernement agacé par tant d’inconséquence. Pendant la campagne irlandaise de 2008, c’est au contraire son silence qui a frappé. Alors que les mensonges se multipliaient, la Commission a refusé d’intervenir dans le débat pour rétablir la vérité.

MEMÓRIAS DE UM ANTI-DESTINO


Quando a gente se começa a habituar a um presidente, tiram-nos. O presidente Sampaio não era grande coisa, mas tinha qualquer coisa de tranquilizador, de avozinha. Punha-se a falar e parecia que o fazia com uma paixão que só ele compreendia. Via-se que não ensaiava em casa, não repetia os discursos, e se calhar até os escrevia, mas depois não os lia. Não era um actor. Tinha pose de irmão marista, de advogado relativamente exemplar. A sua careca não ofendia, a não ser quando a câmara o apanhava por detrás. Tinha um mau gosto razoável na roupa, ou seja vestia o politicamente decente fato cinzento, amigado a uma camisa azul por vezes. Em geral não dispensava a gravata como o fazem aqueles meninos bem do bloco numa de operariado e ficava mal de boné de pála como toda a gente.
Não me lembro, nem ninguém se lembra, de uma só frase sua. E se o homem falou! Ao pé do doutor Sampaio sempre muito prolixo e dado ao deus do verbo, o actual presidente cuja voz se deteriora a olhos vistos faz figura de aléxico, de uma aproximação alarmante ao estado da afonia.
Ao lado do Dr. Sampaio, como presença feminina, em vez da actual loja de venda a retalho, aparecia uma mulher cujo rosto consolava. Ou seja, tinha um rosto cavalar, coisa sempre simpática, porque induzia pensamentos redondos, cheios de pastagens, baldes de madeira, entardeceres com cheiro a feno. E parecia o irmão mais velho (e mais alto) dele. Coisa simpática um homem, um estadista com qualquer coisa de avozinho acompanhado pelo seu irmão-mulher.
Ouviam-se dizer coisas dele, que tinha cancro no nariz - de facto tinha o nariz bastante vermelho. Que bebia as suas copadas mais do que liberais - alguns dos seus discursos de voz fanhosa e entaramelada poderiam levar a esssa suspeita. Mas nós os portugueses adoramos calúnias, aliás precisamos de uma dose regular delas, que depois misturadas com semiverdades, nos dão as nossas narrativas favoritas, que demonstram fatalmente que quem ascende é um pulha porque só os pulhas ascendem.
Filho de um médico, o presidente Sampaio tinha qualquer coisa de médico - atendia toda a gente, tinha uma disponibilidade imensa para pronunciar um diagnóstico invariavelmente confuso sobre o estado do país. Admira que ele não tenha dado que Portugal estava em estado de coma há quinhentos anos? Bem, não é de admirar porque muitos antes e já depois dele não deram por nada, e pronunciaram-se airosamente sobre o pré-cadáver nacional.
A série dos nossos presidentes inclui uma vasta galeria de semigloriosos nobodies mais ou menos fardados, que acabam em múmia estatal, numa coisa chamada museu da presidência, onde avoenga mania genealógica ( da qual sou adicto) pontificam os retratos.
Uma das únicas pintoras internacionais que nós temos, Paula Rego, deve ter executado uma das suas piores obras ao retratá-lo. A Paula Rego, que é tão boa na sátira, e na expressão do secreto grotesco nacional, na exploração do sado-masoquismo infantil que permeia o litoral e as profundezas das nossas lusitanas mentes, não foi capaz de se confrontar com o amigo e com o presidente. Fez um Sampaio de lata, nem sardinha nem salchicha. Qualquer coisa de escolar quanto ao sentimento, de impreciso quanto à função, de patético em relação ao destino público da obra.
Mas devo dizer que quando eu via o Dr. Sampaio - cruzei-me com ele umas vezes, sempre no Museu de Arte Antiga - julgava sempre que era presidente doutro país, de uma Roménia british, de um local um pouco hermético e inconsistente e à deriva como os seus discursos. Uma vez cheguei a pensar que ele era o presidente da Ilha Misteriosa, do Júlio Verne. Mas isso são impropriedades e incompetências minhas.

OMNIPOTÊNCIA INFANTIL


Eu num acto de omnipotência infantil demito um praticante de omnipotência infantil o Presidente da União Europeia, conhecido universalmente como o Cherne e por um presidente francês antes do Sarcoma como "un connard têtu"

VENDE-SE PRESIDENTE DA REPÚBLICA


O esvaziamento do cidadão votante - decretou o Presidente Cavaco.

Os Tratados que decidem a vida dos povos são demasiado importantes para serem decididos pelos povos.

Vendo o Presidente por cinco euros. Alguém interessado?

2008-06-21


À cafeína, psicodroga legal, deve-se boa parte da combustão mental produtiva do

passado século. Excitante, tónico cerebral, como seria possível imaginar a Europa e os

EUA e o Brasil sem o fervilhar do café? Bebida não dos deuses - nenhum deus do

olimpo bebia café - mas apenas dos homens é uma das bebidas de Sísifo.

FARÓIS MÍNIMOS SOBRE A IRREAL DESORDEM DE TUDO


quando ela chegou a casa com as maçãs, e deu um leve pontapé na porta para a lançar nas nuvens, a casa toda recuou obstinadamente, com imenso prazer. As torneiras tilintaram umas contra as outras, como num terremoto,. Depois as maçãs rolaram pelo chão e dirigiram.se para lugares não previstos pela União Europeia.
Uma maçã escolheu o aquário, e megulhou de uma forma tão redonda que o filósofo Wittegenstein, alucinado, a fugir de todos os livros do Gonçalo M. Tavares ficou a vê-la descer nas águas como se fosse a propria Vénus em movimento inverso ao das marés.
Outra maçã, mais prosaica, rolou para cima do cinzeiro, onde ficou ao lado de um charuto vagamente roído na ponta. Ah maçãs e charutos no anti-zen desta manhã - disse o pacote de detergente.
frase demasiado obscura para uma maçã roliça, desempoeirada que atropelou a maçã que se preparava para empunhar o charuto com um modo casual, negligente e poseur, como o de Lauren Bacall a pedir fósforos sem abrir a boca.

2008-06-20

OS LOUCOCRATAS DA UNIÃO EUROPEIA

Estão a fazer isto aos frutos:



'Commission regulations for fruit and vegetables are extremely detailed, specifying their desired appearance, weight, size and other features.

For example, Regulation No 1292/81, laying down quality standards for leeks, aubergines and courgettes, states that for Class One leeks "the white part of the leek must represent at least one-third of the total length or half the sheathed part". For aubergines, "the difference between the smallest and largest aubergines in the same package must not exceed 20mm for elongated aubergines [and] 25mm for globus aubergines".'


Amanhã será aos animais


e depois às pessoas


A GRANDE NORMALIZAÇÃO
EM MARCHA


e que tal se saíssemos da União Europeia?

A GRANDE SARKOZÓNIA


A Sarkozónia quer o Tratado de Lisboa ratificado because há que prosseguir com a agenda da nova Federação de Nações, ou seja, com a construção de um Super-Estado Europeu.
Neste as autonomias serão diluídas progressivamente. E as opiniões minoritárias ignoradas caso não convenham, aplicadas caso convenham.
O novo conceito de democracia do Super-Estado Europeu será democracia, sim, ma non troppo.
Consulte-se a bolsa, não os povos: diria o nosso indilecto colaborador Porkêra que lá na China onde se perdeu roubou dez charutos ao chófer de um Rothchild.


2008-06-18

O ESTALINISMO EUROPEU



Eis Vladimir Bukovski que segundo ele "já viveu no nosso futuro" a estabelecer uma série de paralelos entre a actual UE e a antiga URSS.

PENA DE MORTE ADMITIDA NO TRATADO DE LISBOA


O artigo 2º da acta nº 6 do EMRK diz: «Um estado pode prever a pena de morte na sua legislação para actos cometidos em tempo de guerra ou em caso de uma guerra iminente; esta pena só pode ser aplicada em casos previstos por lei e em harmonia com estas disposições».

O artigo, porém, não indica onde se encontram as fronteiras deste tipo de casos, permitindo assim todo o género de interpretações, conforme as conveniências politicas da ocasião, ou seja, o fim da democracia e sua substituição pelo totalitarismo.

(Comentário extraído de o Projecto Grifo, artigo de Rainer Daehnhardt)


Pena de morte admitida no Tratado da União Europeia

Ainda que em circunstâncias específicas, o Tratado Reformador admite a aplicação da pena capital, por exemplo, em tempo de guerra.

O Tratado Reformador da União Europeia (UE) admite a pena capital em circunstâncias específicas, facto que contradiz os princípios da União expressos pela presidência portuguesa no passado dia 10 de Outubro, no Dia Mundial contra a Pena de Morte.








Em tempo de guerra ou de perigo iminente desta, um Estado pode prever na sua legislação a pena capital.

Também permite a pena de morte em circunstâncias específicas como: em casos de defesa contra a "violência ilegal"; situações em que seja necessário proceder a uma "detenção regular" ou impedir a "evasão de uma pessoa regularmente detida"; ou ainda em situações em que seja necessário "reprimir, de acordo com a lei, uma revolta ou uma insurreição".

Diz a carta que a "morte não é considerada como infligida em violação" ao artigo que proíbe a pena capital em determinadas circunstância.

2008-06-17

O TIRANETE


Não chegava aos calcanhares do seu próprio nome

2008-06-13

Great Ireland!




Great Ireland : A country with a real sense of independence


2008-06-09

DIÁLOGOS NA ESQUINA IMPRÓPRIA



- Ah a Joana? uma daquelas tontas que está sempre à procura da felicidade
e já fez uma data de infelizes pelo caminho
- Não é essa. É a outra
- Não me digas a maluca da Guna?
-Também não, mas diz-me uma coisa chateiam-te as pessoas felizes?
- mmmm. Um pouco.
- mas porquê?
- Não sei. Soa a falso. Como é que se pode ser feliz numa cidade destas, num país destes.
- mas podia ser uma espécie de vingança contra tanta alegriazinha e tristezinhas
- só os locutores são alegres. Aqueles tipos estão sempre bem- Já ouviste a voz de um locutor a dizer que morreram 50.000 pessoas na Grécia
- já já. as pessoas que morrem são umas chatas, obrigam-nos a ouvir locutores felicíssimos
- os tristes são uns chatos, os infelizes uns idiotas, e os felizes uma palermada
- só há 3 tipos de pessoas; os tristes, os idiotas e os felizes?
- há só dois o idiota activo e o idiota passivo

2008-06-07


SINES

O sol de Vasco da Gama fusila-nos lentamente, perdemos a alma de viajante. Milhões de anões - os nossos sonhos - deixaram de nos levar ao longe: não há mais longe, não há mais além - o mundo cabe no ecrã do telemóvel. As vozes vincadas dos professores explicaram tudo.

mas - transfiramos a morte da paisagem. No tempo das chaminés despóticas, é bom pensar em asas corsárias, em grandes quedas da indústria, numa erosão de asfaltos. O desejo descobrirá as suas garras em falésias afundadas, onde não chega o som das massas distraídas e ávidas de verão.

Este escarlate fugir da humanidade, ou de tudo o que a recorde...os crânios calosos, de repente sem números, a amnésia das estatísticas. Um movimento da águia ao longe pode levar-nos àquele ponto vélico: virar de mundos-



SINES II

Hóspede persuasivo do tinteiro
nem homem nem deus o poeta arrasta
a sua casca. Os ventos assistem-no,
trazem-lhe chamas novas onde
a criança verde lambe as suas feridas

entretanto luminosa irmã depois das feridas da literatura
pendurada do som atroz das asas de albatrozes uma ode foge

SINES III

mar para perder metamorfoses inúteis!
Saúde das sombras brilhantes dos peixes dos grandes fundos!

todas as vidas quotidianas estão loucas
os grandes petroleiros cada vez mais frequentes
ao duro amor não trazem senão sombras de escama
ah mas que importa olharei com os meus olhos imprevidentes
grandes fugas de pássaros a sotavento
mesmo que na areia as minhas pégadas se cruzem com a dos almirantes
uma bela blasfémia nova curvará
um certo ricto da boca, uma cólera pirata, um gosto
a desobediência com um forte cheiro a alga

A GRANDE OVINIDADE LUSITANA

All that is popular is wrong (Oscar Wilde)


Scolari afirma: Sei que todos estão colocando a bandeira novamente em Portugal nas janelas.
Drumas reage: Pois sabe mal: perigo das generalizações. Lamento: não são todos. O futebol não é tão massivamente atraente. Há idosos que não tem dinheiro para comprar a bandeira. Outros que acham que não é a nossa verdadeira bandeira. Eu p.ex. gosto mais da bandeira dos piratas. É a que tenho à janela.



Scolari bolsa: Sei que Portugal vive intensamente o Euro, tal como os portugueses que vivem por todo o Mundo.

Drumas retruca: Pois também sabe mal. Há gente que não liga nenhuma ao Euro, apesar do esforço das televisões em lavar o cérebro com um bombardeamento de pormenores irrelevantes sobre 22 subdotados.



Scolari emociona-se: Sei que amanhã chega uma delegação brasileira para participar no Euro por Portugal.
Drumas fica gelado: Folguemos pois. Delegações de portugueses vão todo o ano ver as mocinhas de Copacabana e não são notícia.



Scolari ameaça: Se não passarmos a primeira fase sei que é horrível

Drumas faz uma desconstrução higiénica da sua ameaça : O futebol no seu estado maniqueísta puro - ganhar: nirvânico/celestial/sublime. Perder: horrível/infernal/samsárico/catastrófico



Scolari faz chantagem emocional: e vai ser uma decepção para o povo português e muito mais para mim.
Drumas desconstrói a chantagem : Para si vai ser certamente uma decepção porque significa Ciao contrato e tal como os perdedores fica menos contratável. (Talvez o Kuwait o queira), mas entretanto já arrecadou mias dinheiro nestes anos do que milhares de portugueses.



Scolari vibratório: Não estou preparado para essa decepção e por isso quero que portugueses vibrem com o Euro.
Drumas apoia os vibradores: Vamos vibrar pelo Scolari para que ele não se decepcione. Acção! nesses vibradores.



Scolari como spin doctor: Quero que todos estejam com o mesmo pensamento: Nós somos Portugal e vamos até ao fim!
Drumas replica: Scolari nunca se deu ao trabalho de pensar no que significa Pensamento Único/Pensamento Ovino.
(A propósito este é o género de frases que o Scolari diz ao balneário.)
Depois afirmar que a selecção é Portugal é uma extrapolação injusta. Quando muito - e numa certa área a selecão "representa" Portugal. Não "é". Nada de confusões ontológicas, por favor.
A selecção, entretanto não é Portugal. Reduzir Portugal à selecção?
Scolari mostra a sua fé: Acredito que não vai ser a decepção esta primeira fase», afirmou optimista Luiz Felipe Scolari.



Drumas aponta os limites da sua fé : Portanto, admite-se a decepção na segunda fase. Aí a decepção já não é tão decepcionante.

2008-06-06

APOIANTES DA SELECÇÃO NACIONAL


Sei que todos estão colocando a bandeira novamente em Portugal nas janelas. Sei que Portugal vive intensamente o Euro, tal como os portugueses que vivem por todo o Mundo. Sei que amanhã chega uma delegação brasileira para participar no Euro por Portugal. Sei como vivem, sinto e os jogadores sentem. Quando eles tiram fotos da torcida é porque também sentem e vão ter um esforço maior e dar o mais possível. Se não passarmos a primeira fase sei que é horrível e vai ser uma decepção para o povo português e muito mais para mim. Não estou preparado para essa decepção e por isso quero que portugueses vibrem com o Euro. Quero que todos estejam com o mesmo pensamento: Nós somos Portugal e vamos até ao fim! Acredito que não vai ser a decepção esta primeira fase», afirmou optimista Luiz Felipe Scolari.


Já anda no ar o Santíssimo Espírito Ovino dos apoiantes da selecção nacional, uma coisa que os supermercados e o tony carreira e o malatoman adoram. E eu que sofro de selexia distrófica ao chegar a casa vejo uma ovelha à janela, a minha janela, com uma bandeira nacional made in China entre os dentes. É o meu fantasminha de rejeições, que comprei na serra de monchique a um ex~fabricante de aguardente de medronho.
Entretanto um vizinho alegrote que nem um portuga, trava-me o braço, aponta para a ovelha, e grunhe-me ao ouvido vamos cascar naqueles paneleiros. Um tipo depois de doze horas de trabalho na mina não tem grande vontade de discordar ou concordar. Aperto o botão que diz "encolhedor de ombros" Mas surprise surprise, está avariado, assim não sou eu quem encolhe de acordo com a patente os meus ombros. É ele. E como está avariado fica a encolhê-los e a dizer aneleiros du aralho. O que não é bom para os ouvidos da testemunha de jeová, a do terceiro que agora passa a cheirar muito a lixívia, pode ser bom para a próxima Reforma ou Rephoda Tortográfica.
Subo para casa e vou deixando volfrâmio atrás de mim ( coisas da mina) e a escada vai ficando verde. Uma ideia porreira para o conto do Homem Verde cai-me da cabeça e estatela-se no chão. E subo a arfar até ao quinto. Da porta chega música gipsy que pus altíssima para enlouquecer os vizinhos. Desligo-a logo que chego a casa. Odeio música. Que século de música! Até nas casas de banho se ouve música. As mãos felpudas do silêncio envolvem-me (frase esta última tirada da Lídia Jota) vou ao gravador (colecciono palavrões) estão lá os palavrões dos meus vizinhos. Mais um dia sem imaginação. Que orra! digo estamos na era da decadência do insulto. Muito decaiu a arte da injúria. E chega um méééé grosseiro. O balido das ovelhas é muito ordinário digo eu em voz alta e a última frase em vez de se insrever no livro de ouro das frases desparece para sempre no ar ou daquilo que faz de conta que é o ar. Depois a alimária vem a correr com bandeira entre os dentes já toda ensalivada e a deixar cair E 330 e o E 350 (põe a mesma gaita nas bandeiras e na comida) no meu Isaphan (tapete persa herança do meu avô que bebia chá em chávenas chinas casca de ovo . grande tempo o dele e o dessas chávenas, dizia-se os chinas ou chins, e nunca os chineses essa espécie de japoneses feitos numa salchicharia alemã).
Quer festinhas a ovelha. Ligo a máquina de extractos seleccionados de afecto animal ou animoso que trata da ovelha. Dou-lhe um bom pontapé nos flancos e faço tip tip nos meus caninos de lobo, porque estou com fomeca. Enquanto as gãndulas salivares se desfazem, penso a que é que saberá? Só que preciso desta ovelha à janela durante mais um mês. Camuflagem pois claro, que a ovinidade geral é perigosíssima, e um dissidente que sofre de selexia pode ser morto a tiro. Ela está a adorar aquela cenex da janela, a balir, a agitar a bandeira, a ter espasmos na cervical e nas lombares. Como são interessantes as ovelhas quando os tempos chegaram ao mais chato possível. Num conto de Panurgo estas ovelhas ficariam com dentes, e comiam-se umas às outras. Há que ter esperança-

2008-06-01


Lisboa, uma tareia venezuelana,
abatem-se rios em cada rua
não interessa o panorama, façamos
sequências de manequins
montes de mulheres parvas na conferência
dos ovinos, TV.
jazemos em cafés espelhentos, o bidé.
mas eu ainda vibro com os ginkos,
jacarandás. moro nas asas dos
poetas mortos, tiro tijolos, abro
sombras quando os tempos são
estúpidos, o homem superior retira-se (Y Ching)
e os monumentos massivos
detrioram então as massas
cruéis, cruéis os rios positivos,
não os dias.



Foto de um país policial: a ASAE em acção

Singing to the Morning Dew


Mandala ou sms? a primavera
é brava, corta rosas com o sopro
meninas escurecem atrás das papoulas
a História é uma breve seca.Impostos,
mortos, telégrafos e Papas.
alguém se lembra de Yeltsin?
ninguém se lembrará do tiranete novo
os sms todos num jazigo, betão.
cemitério dos telemóveis.