PRINCESA QUE TINHA DOIS NARIZES
Era uma vez uma princesa que tinha dois narizes.
De noite os narizes brigavam um com o outro.
Um dizia: odeio-te, és torto e vesgo!
o outro nariz dizia: detesto-te, és feio como um bode.
E a princesa que era feliz ressonava, sem saber de nada.
O principe a seu lado já estava acostumado.
Dizia-lhe: ressonas como um prado de papoulas!
Dizia-lhe: o teu ressonar é como vento sobre a aleta dos golfinhos.
E era feliz porque era um principe simplório e confundia os dois narizes com um guarda-chuvas, e embora achasse um pouco estranho ver dois guarda-chuvas na cara da princesa não lhe levava a mal porque ela tinha uma voz doce que o ensinava a falar.
Mas um dia um sumo-sacerdote da medicina, um cirurgião de cirurgia plástica entrou nos sonhos da princesa.
Tinha uma chave universal para entrar nos sonhos de bons clientes potenciais.
Começou a azucrinar-lhe a cabeça.
Disse: ressonas como uma vaca,
Eu? Eu sou uma princesa!
És uma princesa mas ressonas como uma vaca.
E a princesa começou a chorar.
Chorou tanto que a cama ficou inundada.
O principe de manhã estava enregelado. Tinha uma voz rouca.
Mesmo assim disse-lhe:
o teu ressonar é como o ópio dos povos felizes
e beijou-lhe o que ele julgava ser um guarda chuva.
Na noite seguinte o sumo sacerdote disse ao ouvido da princesa:
além de ressonar como uma vaca, com um dos narizes, o teu outro nariz peida-se a noite inteira.
a princesa só de ouvir isto ficou com olheiras terríveis.
à tarde ao inaugurar a nova central de sms o povo dizia:
dói ver as olheiras da princesa.
a esta ficou dez dias sem dormir.
ao décimo primeiro dia voltou o sumo-sacerdote e disse-lhe.
ressonas como uma vaca, peidas-te pelo nariz, e o teu marido, o principe, sabe que tens dois guarda-chuvas na cama.
desesperada a princesa meteu a mão dentro da olheira tirou de lá um lençol enorme, asssoou-se, chorou, e disse: mas que posso eu fazer?
Podes fazer a ablação dos teus dois narizes e eu sou a pessoa indicada para o fazer.
Sem hesitar a princesa disse então vamos a isso que eu já não posso mais.
Muito bem disse o sumo-sacerdote e logo ali no meio do sonho anestesiou-a e arrancou-lhe os dois narizes à dentada, e mastigou-os antes de os engolir.
Ah que bom! disse ele, apesar dos macacos os narizes sabem a caramelo.
Quanto à princesa continuou a ressonar, agora sem narizes.
E naquela terra que é como portugal mas em ainda mais palerma viveram para sempre a dormir todos felizes.