/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2007-01

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2007-01-30

A VELHICE DO SOCIALISMO ETERNO


Para o insecto socialista o estilo não interessa. Para o homem de gosto o estilo é tudo. Segue-se que o socialismo põe acima do gosto - e contra o homem com estilo - o bem estar das massas.

Porém as massas não passam de uma entidade platónica, por isso é duplamente abstracto quer falar em nome delas quer governá-las.

Entretanto, vivemos de tal modo a época do Insecto Colectivo que os próprios membros das equipas de futebol são pródigos em declarações anti-individuais: trabalho para a equipa, o mérito é da équipa, o mérito é do colectivo. A filosofia do Colectivo Uber Alles impregnou o pequeno cérebro dos futebolistas que candidamente todas as semanas fazem declarações "humildes" sobre o Valor do colectivo, e da sua não auto-importância pessoal. Esta maré de renúncias ao ego por parte dos futebolistas tornou-se um mantra clássico. Os lavados ao cérebro topam-se à légua: dizem todos o mesmo, falam da mesma maneira. Um robot poderia dar aquelas respostas. O indivíduo jaz assassinado pelo espírito colectivo.


E a pergunta coloca-se - o futebol será o jogo mais socialista de todos?

O ENCANTADOR DE PARÊNTESES




O português contemporâneo é um verdadeiro Encantador de Parênteses - pôs a paisagem e o mundo natural entre parênteses, abandonou-os algures numa praia suja pela passagem do homem-massa e abandonou-se à voragem da velocidade, comprando cada vez mais automóveis.
Viajamos de parking para parking, dum sonho suburbano para outro, mas vamos pondo entre parênteses coisas vagas e preciosas como Ter Tempo Para Parar e Ver as Nuvens. Uma sociedade que tornou ridículo o homem que pára-e-fica-a-ver-as nuvens é uma sociedade ridícula, e devia evidentemente desaparecer.
Porque, a acção pode incluir a contemplação, em vez de suprimi-la como actividade não rentável.

ZAMBUJEIRA DO MAR







Acordem!

A maravilhosa praia da Zambujeira que despertou tanta gente para a beleza do mundo natural está ameaçada pelo ministro Pinho que quer transformar Sines (sic!) num Centro Petro-Químico.

Prepara-se um festival de Superpetroleiros ao largo em movimentação constante para alimentar o "sonho adiado" das petroleiras - tramar o Litoral Vicentino.

2007-01-29

Governo quer impor portagens à entrada das cidades, autarquias querem a taxa de imposto sobre os imóveis mais alta, o juro sobre os empréstimos para c

asas subiu, o preço da bica aumentou

The more laws and order are made prominent,
The more thieves and robbers there will be.


Lao-tzu, The Way of Lao-tzu
Chinese philosopher (604 BC - 531 BC)



Why are people starving?
Because the rulers eat up the money in taxes.
Therefore the people are starving.
Why are the people rebellious?
Because the rulers interfere too much.
Therefore they are rebellious.

Why do people think so little of death?
Because the rulers demand too much of life.
Therefore the people take life lightly.

Having to live on, one knows better than to value life too much.


MUTAÇÃO PERIGOSA

Deve haver um nome para a patologia da mudança contínua. Sócrates, o Cândido de serviço, anuncia que o aeroporto de Beja "vai mudar a face" do Alentejo.

Mas dá-se o caso de que a face do Alentejo não precisa de ser mudada . É bem linda tal como ela é. Provavelmente a mais bem conservada região do país e aquela que ainda é "natural". Para quê mudar o que está bem?

Por causa duma doença mental chamada "Mutatio paroxistica" e duma cegueira visual estética clamorosa, e duma incapacidade de ver para além dos números do economês.


2007-01-28

A NEVE CAI COMO UMA AMEIXA






Ver as coisas depois da velocidade da luz - à velocidade dum gato, torna-as todas novas.

2007-01-27

A ANUNCIADA QUEDA DA UNIÃO EUROPEIA



Vladimir Bukovsky, antigo dissidente da União Soivética a propósito da União Europeia:


"There will be a collapse of the European Union pretty much like the Soviet Union collapsed. But do not forget that when these things collapse they leave such devastation that it takes a generation to recover. Just think what will happen if it comes to an economic crisis. The recrimination between nations will be huge. It might come to blows. Look to the huge number of immigrants from Third World countries now living in Europe." This was promoted by the European Union. What will happen with them if there is an economic collapse? We will probably have, like in the Soviet Union at the end, so much ethnic strife that the mind boggles."
Vladimir Bukovsky

Vladimir Bukovsky is a former leading Soviet dissident imprisoned for twelve years in Soviet gulags and psychiatric hospitals for his fight for freedom. His observations, in a recent inteview should give all globalists pause:

"According to Communist doctrine as well as to many forms of Socialist thinking, the state, the national state, is supposed to wither away. In Russia, however, the opposite happened. Instead of withering away the Soviet state became a very powerful state, but the nationalities were obliterated. But when the time of the Soviet collapse came these suppressed feelings of national identity came bouncing back and they nearly destroyed the country. It was so frightening.
PB: Do you think the same thing can happen when the European Union collapses?

VB: Absolutely, you can press a spring only that much, and the human psyche is very resilient you know. You can press it, you can press it, but don't forget it is still accumulating a power to rebound. It is like a spring and it always goes to overshoot.
PB: But all these countries that joined the European Union did so voluntarily.

VB: No, they did not. Look at Denmark which voted against the Maastricht treaty twice. Look at Ireland [which voted against the Nice treaty]. Look at many other countries, they are under enormous pressure. It is almost blackmail. Switzerland was forced to vote five times in a referendum. All five times they have rejected it, but who knows what will happen the sixth time, the seventh time. It is always the same thing. It is a trick for idiots. The people have to vote in referendums until the people vote the way that is wanted. Then they have to stop voting. Why stop? Let us continue voting. The European Union is what Americans would call a shotgun marriage."


A trick for idiots, indeed.



Nunca se devem tomar as coisas como garantidas, deste modo:

Tão simples como isto - Devia-se fazer um Referendo em Portugal respondendo à pergunta: Quer continuar na União Europeia? Sim ou não?

Já temos tempo suficiente para extrair ilacções. Já brincámos o suficiente com o Euro para saber se queremos continuar a usar essa feíssima, monótona e globalista moeda. Já vimos que os dinheiros da Europa foram desbaratados e tudo indica que o continuarão a ser em projectos que partem sempre do exterior. Já se percebeu que o que está cada vez mais erigido na Europa é um Ur-Estado, uma variedade igualmente autoritária de um Estado Super Controlador, claramente Fascista.

E parece-me que o sentimento geral em relação à continuação da participação portuguesa
nesta experiência- que não suscita o menor entusiasmo - se exprime por um rotundo NÃO.



2007-01-25

SINES - CENTRO PETRO-QUÍMICO

Futuro neo escravo-empregado de uma petroleira de Sines fotografado no seu posto de trabalho .













O Ministro Pinho oráculo. Descobriu que o "sonho adiado" dos sineenses era terem Sines transformado em Centro Petro-Químico.

Deve ter tomado toda a população de Sines por masoquista. Qual é a cidade, em boa verdade, que deseja ser transformada em Centro Petro-Químico?

MAIS "DESENVOLVIMENTO" . SINES TRANSFORMADO EM CENTRO PETROQUÍMICO




Pinho: Sines pode ser centro petroquímico de dimensão europeia

O ministro da Economia, Manuel Pinho, garantiu hoje que Sines pode transformar-se num «centro petroquímico de dimensão europeia», graças aos novos investimentos anunciados nesse sector, no valor global de 2,1 mil milhões de euros.


A realidade é que um país pequeno prospera melhor de acordo com a sua dimensão, obviamente pequena - a paranóia provinciana de querer a todo o custo ser "grande", de ser o "maior", dá contínuos elefantes brancos.


«Temos de estar à altura deste desafio. É uma oportunidade verdadeiramente única para transformarmos Sines num centro petroquímico de dimensão europeia, cumprindo um sonho adiado durante décadas», assegurou.

"Sonho adiado"? das petroleiras, concerteza. Não dos inúmeros veraneantes com um mínimo de preocupações ambientais que vão perder 50 km a norte e 50 km a sul de Sines das últimas praias interessantes do litoral português.

Sines transformado num centro petroquímico. Lindo! Uma cidade encantadora considerada a St.Tropez portuguesa, agora "transformada" em centro petroquímico. Certamente era esse o sonho dos seus habitantes.

O ministro da Economia falava aos jornalistas, em Sines, após encerrar a cerimónia de apresentação de alguns dos principais projectos previstos para a zona, de um conjunto de investimentos que atinge os 2.550 milhões de euros, dos quais 2,1 mil milhões respeitam ao sector petroquímico.

Sector petroquímico: os amigos de Bush.


Na cerimónia, os projectos em destaque foram os da Galp Energia, para a remodelação e reconversão da refinaria de Sines, da Repsol YPF, de expansão do seu complexo petroquímico local, e da Artensa, empresa do grupo espanhol La Seda, que vai construir uma fábrica de produção de PET (polímero, termoplástico ou plástico).

Produção de mais plástico, mais petroleiras, mais poluição.


Manuel Pinho realçou que já foram assinados os contratos das empresas investidoras com o Estado português para a concretização destes projectos, os quais, disse, devem agora ser acarinhados pelas entidades centrais e locais.

Primeiro assinam-se os contratos, depois mandam-se as entidades locais fazer festinhas nos projectos. Não se consulta a população local para projectos que podem comprometer seriamente não só a sua qualidade mas o seu estilo de vida.

«Nesta fase (construção), que vai demorar cerca de três anos, é necessário que se juntem uma série de esforços para que as empresas se sintam bem», disse, aludindo ao apoio esperado por parte dos organismos da Administração Central, da Agência Portuguesa para o Investimento (API) e do município de Sines.

Podem lá sentir-se mal as empresas! Arrasa-me aí essas praias e esses pinhais, que não quero que as empresas se sintam mal.

Isto porque, frisou o governante, «estas três empresas podem ser as melhores embaixadoras para atrair ainda mais investimento para Portugal».

Mais plástico e petróleo. A diplomacia agora passa para as empresas. O Governo transfere esforços diplomáticos para as empresas.

O Governo actual: uma empresa ao serviço das empresas.

«Já existem dados que confirmam que o investimento directo estrangeiro, finalmente, está a aumentar, o que testemunha o crescimento da confiança dos investidores estrangeiros no país. Mas, queremos que esse seja um processo que continue e se amplifique também ao sector petroquímico», argumentou.

Sirvam os interesses estrangeiros e Shut Up.

O ministro salientou também a importância de, associados a estes projectos industriais na cidade do Litoral Alentejano, surgirem investimentos nas acessibilidades e na área logística local.

Outra vez as "acessibilidades" - Old country roads are lovely! O encanto dos locais remotos é a relativa inacessibilidade deles. Mas quem quer ir para mais locais de férias enlatadas.

Calão economês : área logistica local

«O melhor instrumento para atrair investimento é criar um bom ambiente de negócios para as empresas, para que possamos ser dignos de investimentos que poderiam ter ido para outros países», disse.

Religião da Economia. O Investimento é Deus e as Senhoras Empresas são o seu profeta. Sejamos dignos delas.

Outros países?: na Europa ninguém quer elefantes brancos nem refinarias mamute.


Como exemplo, o governante apontou o caso dos projectos da Repsol e da Artensa, em que existiu «uma fortíssima concorrência de outros países, como a Alemanha e o Reino Unido».

Manuel Pinho explicou que os três projectos hoje apresentados vão criar «mais de quatro mil empregos» na fase de construção, a qual está prevista decorrer até final de 2009, e «mais de mil postos de trabalho» na fase de operação.

A famosa cenoura no pau: os postos de trabalho a criar serão 4 mil,mais mil. Os postos de trabalho dos que trabalham no turismo são em número muito maior mais e vão desparecer não só em Sines, mas até Vila Nova de Mil Fontes a Sul e para lá de Melides e da Comporta a Norte.


O «pacote» de investimentos que vão ser concretizados em Sines, de acordo com dados do ministério da Economia, vão contribuir para a «convergência» do Valor Acrescentado Bruto (VAB) português do sector para a média europeia, promovendo emprego e criando capacidade de exportação incremental.

Segundo o ministério, contabilizando apenas os investimentos da Repsol e da Artensa, o peso do sector químico e de produtos petrolíferos refinados para o VAB anual nacional passa a ser de 2,1%, o que aproxima Portugal da média da União Europeia a 25, que é de 2,3%.

No global dos 2,5 mil milhões de euros, os projectos hoje apresentados em Sines representam 1,9 mil milhões, já que a Galp pretende investir 830 milhões (na reconversão da refinaria e numa central de co-geração), a Repsol YPF 750 milhões (aumento do complexo petroquímico, com três novas fábricas) e a Artensa 360 milhões (fábrica de PET).

Mais petroleiras- e um passe de números hipnóticos.


A juntar a estes projectos, Sines vai acolher ainda investimentos da Lusomissão (81 milhões), da MPQ Ambiente (46 milhões) e da BET (35 milhões).

Por último, o «pacote» dos investimentos globais inclui ainda os 400 milhões a aplicar pela Galp Energia na construção de uma central de ciclo combinado a gás natural e os 50 milhões da Administração do Porto de Sines na área energética e de infra-estruturas.

Em resumo: absolutamente sinistro e sem futuro. Num momento em que se procura incrementar energias alternativas para um novo modelo de automóvel que funcione sem derivados do petróleo o governo que tanto preza a "modernidade" cria uma coisa retrógrada, já desactual.

Dezenas de superpetroleiros em cadeia ao largo de Sines, largando a sua caca. 50 km a Norte e 50 Km a sul de praias inviabilizadas.


Entretanto as queixas contínuas da população de Sines e arredores num raio de 50 km em relação aos gases das actuais refinarias não foram até agora atendidas. Com a fumaça dos biliões de euros a investir o ministro Pinho quer escamotear um problema não resolvido - a péssima qualidade do ar que se faz sentir em Sines. E agravá-la ainda mais. Muito mau negócio para os contemporâneos, péssimo negócio para os vindouros.


Bom negócio para os fabricantes de máscaras de Gás.



2007-01-24

ENTREVISTA MEDIÚNICA AO MÁRIO CESARINY



Então Mário, como vão as coisas por aí?

MC - São iguais às de aí, sem tirar nem pôr. O Peixe-pingalim, o suicídio-para-rimbauds-da- mamã prendados, o Eléctrico da Cruz Quebrada, e claro a verdadeira Cruz Quebrada sem gajo pendurado, enfim, até por cá andam o Freitas Branco e o Lopes Desgraça. Quero sair daqui!

Mas e então essa história de voar sem fim e sem forma?

MC - Wishful thinking. O pior daqui é que o tabaco está tão mau como na rua Camilo Castelo Branco. Sempre se esperava outra nicotina no Além, mas não, está igualzinha, cheia de químicos.

Mas tens saudades do Buraco Luso?

MC - Intermitentes. Aqui também há uns urinóis formidáveis e vistas sobre Belém-la-Belle, com romenos loiros a descer de helicópteros.

E o teu marinheiro?

MC. Bene. Bene. Por cá anda, mas não me liga. Mas eu cá tinha uma ideia de o céu ser só marinheiros, mas afinal há por cá uns Grandes Almirantes. Castigam-nos mandando-nos para o céu.

E que tens a dizer a todos os teus novos amigos depois de morto?

MC- Pouaaaah. Fartei-me de rir ao ver o que o padre disse de mim. Mas olha, ainda trouxe cá para cima o apalpa-freiras e o afia-manguitos. he he he.

E aquela tua avó espanhola, que era linda de morrer, e em certos dias punha-se à varanda da
casa do seu pueblo, perto de Hervas, e ficava lá horas seguidas só porque vinha gente de milhas à roda só para a ver.

MC - Recebeu-me com beijocas. Agora está ainda mais linda que nunca e continua a aparecer à varanda. Aqui a malta, em querendo, vai para Arquétipo ou para Avatar.

Upa! Ouvi dizer que te iam fazer Avatar da Poesia Lusitana.

MC - Ah sim? Sempre a mesma m. Depois de morto é que nos vão ao cu!

E a Titânia?

MC - Paaaaaaatifaaaaaaaaaaa! Por cá anda de saia de roda, cuequinha de seda. Sempre muito cuidada com a roupa interior, tem três cordas de estender a roupa aqui no céu.

Tens visto o Al berto?

MC - anda a ensinar valsa às trutas e comprou um castelo lá em Jerusalém Celeste. (é o nome duns subúrbios chic daqui, frente ao mar) Mas embirrou com o Willam Blake, vê lá. Aqui ele tem uns olhos, uns olharrões que lançam fogo e não gosta nada de ver-se ao espelho nem de quem gosta de ver-se ao espelho.

Hmmmmmm. Quer dizer que os narcisistas não são muito bem vistos aí em cima...

MC - Já te disse que aqui não é "em cima". Também, não é "em baixo" nem "ao lado", nem "paralelo". E agora adiós, flor dos Castros, porque tenho um apointemment com o Blake, muito formal, com chá e torradas e vista sobre os campos magnólicos.

Só mais uma última pergunta :E pintas?

MS - pintar? era o que mais faltava. Aqui uma pessoa abre a mão e estala os dedos e tudo o que estava a pensar agora está à sua frente. Até chateia ver todos os desejos cumpridos no instante preciso em que acabam de ser formulados. Quando quis ver a Virgem Maria a dar uma sova no F.Pessoa , zás, lá estava a gaja a dar porrada no cu do Virgem.
Adeus. Adeus!


hasta la vista, cesarista!

OS DIAS ZERO

Esta combinação de cartesianismo, socialismo global (de cor imperial ou paroquial, tanto faz) e necrofilia em que temos o gosto cínico de viver sem dúvida contribui para o aumento do número de bombeiros, de subúrbios e de audiências.

Tempo dos medíocres com talento. E enquanto os jornais se preparam para novos formatos - a luta contra os jornais gratuitos é feroz, estes melhoraram, sem dúvida - vão despedindo gente.

Depois do SOL (bulímico jornal que quer ser tudo e ainda não conseguiu ser algo) e do Expresso novo formato - pequenote, para se aparentar ao tablóide da concorrência, chegou a vez do Público mudar de formato. Vai também ter uma font só dele, feita por um homem que mexeu no Guardian . Vai ter muitas cores. E vai ser um jornal completamente editado, ou seja - fim-do-estilo-pessoal. Início do estilo editado, normalizado. Triunfo do Insecto Colectivo.

Esta necessidade dos jornais terem muitas cores...Postulado - Quanta mais cinzenta é a cabeça mais necessidade tem de se apresentar colorida.


OS MICRO-SALAZARES

A constante procura de "avôs egrégios" faz de cada português um sarcófago monumental. A necessidade dos fracos, em ter homens providenciais, leva a que se estabeleçam concursos para disseminar esclerose. O último concurso de sida mental à procura dos Dez Mais portugueses para o Terceiro Milénio, evidenciou perigosamente, que Salazar continua nos tops das preferências. Também evidenciou o susto que apanharam os organizadores quando se aperceberam que o cinzentíssimo morto subia nos tops. E, aflitos, aplicaram censura.

Este tipo de panteóns pátrios que a democracia agora quer erguer, no entanto, não passa de cadáveres atravessados na boca. Mas é curioso que as democracias agora procurem os seus santos. Chirac canonizou o Abbé Pierre. A República Portuguesa, através da sua TV oficial (His Master´s Voice) agora canoniza um novo panteón. Novas-velhas relíquias para tempos desconcertados, cinzentões. O que indica que, como a Razão ou razões de estado ou falharam ou se tornaram inconvincentes, há que procurar relíquias, ícones, avôs egrégios - ou seja as peças que formam um Culto. A Democracia evoluiu para a superstição. O Abbé Pierre é um dos seus Santos, e Salazar-furão quer queiram quer não está lá também.



MUNDUS


Quando não se é o mundo, quer-se sempre mudar o mundo.

Gerações de transformadores ou mudadores do mundo, entretanto, foram dando cabo do mundo.




Neste momento, o mais dificil, o mais trabalhoso e o que requer mas cuidado, energia e dedicação é CONSERVAR o mundo, antes que um imenso PARKING rodeado de bombeiros-polícias por todos os lados nos elimine de vez.

ENTREVISTA ARRANCADA A HERBERTO HELDER

Castelo dos Intrusos Indecifráveis, 1 da manhã.

Herberto precisa de ser regularmente desapresentado. Aqui foi re-helderizado. Socorremo-nos de um livro luminoso, uma verdadeira cicatriz que fala da solidão e da nudez sem atenuantes, sem fotógrafos esquinados à frente e convexamente, mas de aonde emerge o brilhante obscuro do mundo e dos seus coágulos fatais: não ainda a iluminação mas o relâmpago surdo que a precede.

Todas as suas palavras (desta entrevista paradoxal e absolutamente actual) foram extraídas, ao acaso, dos "Passos em Volta", um pequeno Finnegan´s Wake, igualmente inesgotável, e que faz de HH ums dos mais seminais poetas portugueses.



Olá Herberto sei que nunca dá entrevistas, como vai?

HH - Esta minha vida de agora é circular, e eu sufoco, sem dela poder sair, com o deus que lá existe, com Deus, sem Deus...comboios que não param de ranger e apitar.

Está a escrever alguma coisa?

HH - Tolice. Não me interessa o Reino nem a República. O meu apelido é um molusco sangrento.

Como vê a literatura em Portugal?

HH - O trabalho, vestidos vermelhos e azuis das raparigas, a ideia da peste não me sai da cabeça.

Ainda os neo-realistas?

HH - Apetece-me ficar só. Deixem-me, sou um neurótico, vê-se logo. Não vou amar o mundo.
Estou-me nas tintas.

Ainda vai a algum café?

HH - Ao "Duas Pessoas". Mas arrependo-me. A casa está cheia de fumo. É horrível. O alto dom de queimar as mãos abandonou as crianças desejosas de brincar.

Vê televisão?

HH . Não quero esse inferno. Estou noutro de boa qualidade. Maio é o mês de que eu mais gosto. Cheguei a possuir um talento menor de pelica. E uma terceira mão.

E as bicicletas?

HH - Um dia comprei uma garrafa de aguardente e embebedei-me no meu quarto. Despi-me todo, era repugnante. Tinham-me caído as sobrancelhas e os pêlos do púbis. Mas vi uma beleza tenebrosa. Os arrozais que passam duns dias para os outros, o coelacanto, com as suas raizes frias.

A sua relação com as mulheres da família, nomeadamente com a a sua avó era complexa.

HH - A minha avó era um marinheiro esperto, habituada à vida do interior, os cães observavam-na da janela. Todas as putas de Pigalle eram minhas mães. A minha avó era uma intérprete de Deus. Falo da Fêmea-Mãe em todos os meus poemas. A ferocidade dos tendões femininos, um delicado peixe fugitivo.

E a sua Ilha da Madeira?

HH - A coxa deita mais sangue.

Já lá voltou depois da última tentativa?

HH - A geografia não existe, a ferocidade dos outros pertence-me. Morrerei como se fosse numa retrete em Paris - só, com a minha visão.







2007-01-23

MAD MEG

Mad meg não é nada mad, e é completamente megical. Satírico vitriol feminino, 100% unguaranteed. Dê uma vista de olhos no seu site- clique Mad Meg, no seu motor de busca.

ALGUMAS MÁQUINAS PATAFÍSICAS EM DESENVOLVIMENTO




Máquina para a nidificação de crocodilos nos subúrbios


Máquina de produção de neuroses de luxo




Máquina de interromper Catedrais



Máquina de Atrapalhar Exércitos




Máquina para apalpar carteiras no metro




Máquina para fazer desaparecer o rio



Máquina de instalar cornos na publicidade



Máquina para condecorar ministros

Máquina para Embotelhar Críticos literários

PEIXE CHORAMINGAS

Os Abades

Sur le Pont d'Avignon
On y danse On y danse
On y danse
Tout en rond



O Abbé Pierre foi santificado por Jacques Chirac. O Estado laico francês? uma ova. Curiosa tendência das figuras do Estado para serem papais ou obscura necessidade de santos pela mais antiga república da Europa?

L!Abbé Pierre a été sanctifié par Jacques Chirac. L'État laique français? Mon oeil. Curieuse tendance qui ont les figures de l?État de devenir papales ou obscur besoin de saints de la part de la plus ancienne République de l'Europe?







Quadro de Mad Meg em exibição
na Galeria L'Art de Rien, em Paris

2007-01-22

j


































Je serais toujours un autre

ALTIVA E LEAL POSTURA


Não preciso que o Estado me diga o que posso e o que não posso fazer : as leis foram feitas para os escravos, não para os homens livres.

Os homens livres são a sua própria lei. Por isso enquanto os escravos se agitam pelo sim e pelo não, El Condor Pasa.

DESCARTES ARBORIZADO


René Descartes não é responsável pelo cartesianismo implantado no cérebro francês corrente, um dos mais limitados do mundo. Em França e nas cabecitas francesas correntes tudo obedece à ditadura geométrica: as praças, as podas, as cabeças, os jardins, os artigos de fundo e os triângulos amorosos e a franja do Abbé Pierre. Entrar num jardim francês, com a sua opressiva simetria e disposição geométrica, é ver em acção a manicure extrema da natureza. Ou seja, a tentativa de tirar o natural à natureza, de domesticá-la, de torná-la aceitável e "humana" reduzindo-a a proposições lógicas. Os jardins franceses, são "trop pensés", tem que acolher a "ordem" e a higiene das linhas rectas, para que neles entre a desordem das flores, a desordem do génio, aquele grau do espontâneo que tanto acolhe a razão como a fantasia, sem achar que esta última seja a louca da casa.

René Descates, no entanto, é responsável por ter definido os animais como autómatos, ou seja desprovidos de razão e sentimento. No fundo, foi o primeiro a conceber os animais como digitais, como máquinas digitais. No que foi seguido, com alegria por todos os camponeses do mundo criadores de animais, que sem o saber se tornaram cartesianos empíricos. Sendo que após a famigerada "Revolução Industrial" (conseguiremos sair dos cacos?), a última consequência do cartesianismo prático, além de ter metido os animais domésticos todos sem excepção na prisão, é a chamada "Indústria Alimentar" (a maior inimiga dos alimentos, visto que lhes retira sabor e qualidade, e os massifica) que cunhou esta expressão horrível "produtos animais."

Outra expressão horrível do cartesianismo dominante: "espaços verdes". E é graças a estas pázadas reducionistas que se "construiu o futuro" aqui no "foco de mandriice..." O símbolo da era em Portugal não foi o botão, mas o bulldozer. Agora há que desconstruir o futuro. Tarefa ingente em Portugal, descontruir quase tudo o que se fez nos últimos infelizes quarenta anos. Serão necessários centenas de "architecture doctors", no sentido de Hundertwasser. E criar vários movimentos de libertação dos subúrbios, onde grande parte da população foi aprisionada.


Será necessário arborizar Descartes.

2007-01-21

BLOGSITÂNIA


A única actividade em Portugal é a dos blogs, de resto não se passa nada.

País ideal para adesejantes.

Contudo, há sempre uma fenda na muralha, algures e um outro lado do espelho e uma porta de saída de qualquer prisão - são todas mentais.













Pintura por Watwood

PORTUGAL séc XIX


foco de mandriice e de asneiras... (Portugal, segundo Cesário Verde, numa carta a Bettencourt Rodrigues)

UM MAR QUE SE FOI, OUTRO QUE VEM


Elle est retrouvée!
Quoi? L' éternité.
C est la mar mêlée
Au soleil

Mon âme éternelle,
Observe ton voeu
Malgré la nuit seule
Et le jour en feu.

Donc tu te dégages
Des humains suffrages,
Des communs élans!
Tu voles selon...

— Jamais l' ésperance.
Pas d' oríetur.
Science et patience,
Le suplice est sur.

Plus de lendemain,
Braises de satin,
Votre ardeur
C' ést le devoir.

Elle est retrouvée!
— Quoi? — L' éternité.
C' est la mer mêlée
Au soleil.

CHUCHADO MOÇO


De cerúleo gabão não bem coberto,
Passeia em Santarém chuchado moço,
Mantido às vezes de sucinto almoço,
De ceia casual, jantar incerto;

Dos esburgados peitos quase aberto,
Versos impinge por miúdo e grosso.
E do que em frase vil chamam caroço,
Se o quer, é vox clamantis in deserto.

Pede às moças ternura, e dão-lhe motes!
Que tendo um coração como estalage,
Vão nele acomodando a mil pexotes.

Sabes, leitor, quem sofre tanto ultraje,
Cercado de um tropel de franchinotes?
É o autor do soneto: é o Bocage!

ABDOMINAIS

Esta maneira produtiva de fazer trabalhar os abdominais devia ser implementada. Mas com regras. Deste modo.

Depois de ensinar os ministros a voar, largam-se no ar. Os atiradores nus como vieram ao mundo agora podem disparar à vontade.

CRIAR O SEU PRÓPRIO LABIRINTO

A mim a questão do aborto não me interessa rigorosamente nada porque os vejo à minha roda vivos, apaixonadamente pró e contra os próximos.

Um dos problemas na criação de um labirinto consiste na produção certeira e adequada do Minotauro. Como é sabido trata-se um híbrido. Com as renovadas possibilidades de manipulação genética é possível criá-lo de novo, inclusive com um novo design.

Que tipo de labirinto seria necessário esboçar para acabar com a Questão do Aborto de vez, de um modo formal e estéticamente satisfatório?



ETERNITY, para o Calvin Klein


é mais ludens pôr a hipótese de que existem todos os tipos de tempo na eternidade (bem como todos os tipos de eternidade em cada nano instante) e vivê-los agora - e por isso é que ela não se parece com um longo domingo aborrecido e interminável - do que entrar nela só depois de morto.

O TÚMULO 2



Curiosamente a Necrofilia, provavelmente uma paixão lusa maior, secreta e bem guardada tornou-se uma nova neofilia. Assim o venerável túmulo que repousava tranquilo, num sono hipnótico, algures em Coimbra onde tudo fica a dormir como capas negras durante séculos, agora passou a vedeta da actualidade.
A terrível pergunta: afinal que altura tinha D.Afonso? paira nas nossas mentes aterradas. Porque o estereotipo do nosso avô, o cliché fundamental que estrutura as nossas almas, é que o homem era um gigante, brandia uma Durindane colossal. Era um cíclope, um fundador, um homem perdido nas brumas do mito com um complexo de Édipo excelentemente resolvido. E agora por causa de um arqueólogo furão e de uma ministra indecisa, e de um governo incomodado parece que se fez um furinho no túmulo, ou pior, lascou-se com tecnologia um quadradinho da pedra e visionou-se o interior do túmulo sagrado. Portugal ficou em perigo. Os manes tumulares estremeceram. Exalou-se um bafo a ossos e cartilagens antiquíssimo, e agora a ministra nem f. nem sai de cima... do túmulo. E a nação abalada, classicamente divide-se em dois grupos: os absolutistas tumulares que nem em sonhos querem ver o túmulo aberto e os liberais tumulares que até agora se estavam nas tintas para o conteúdo do túmulo, mas que de repente num vórtex absorvente nem conseguem dormir pois a vida já não lhes é possível sem saber o que está lá dentro.

A pergunta ameaçadora paira, pior que um espectro nas brumas da memória. Era El-Rei afinal baixote? A espada era formatada no tamanho médio da época. Os ossos calcinados da mãe estavam num saquinho de terciopelo, barra dóuro, olhar carmin, preso à orelha mumificada? A aura que há-de vir, fulminante, no dia do Juízo Nacional, afinal estava inteira, ou adornava para a direita? E a bandeira pirata que se viu um dia em Guimarães na hoste afonsina em carga contra a pilantrada castelhana? E o zurze-papas com que D.Afonso fustigava emissários papais?







Para o meu cabaz de doenças lusas (já sofria de fatalismo de Lineu, de passividade rancorosa, de desleixo organizado, de apatia hereditária, de manhosice refinada - entre outras) agora adquiri a Neofilia. Tem mais chic, é mais moderna. Substitui a neurose pessoal e colectiva. Que tens? estou com um episódio de neofilia. Ah. sim e qual é a pastilha?
Tom cavo (de sepulcro aberto e não aberto pela ministra da cultura) : ainda não descobriram.

OBRAS



O Ministro das Obras Públicas
O Sinistro das Obras Públicas
O Trominis

O Monstrini das Úbras Póblicas
O Ortsimin das Arbos Púbicas
quer fazer mais 300 km de autoestarda por ano

para estarmos sempre a viajar de parking para parking
de neo subúrbio Alfa para neo subúrbio beta
ah, c'est le progress
la modernité
o desenvolvimento sustentável
& massinhas Triunfo

OBRAS



O Ministro das Obras Públicas
O Sinistro das Obras Públicas
O Trominis

O Monstrini das Úbras Póblicas
O Ortsimin das Arbos Púbicas
quer fazer mais 300 km de autoestarda por ano

para estarmos sempre a viajar de parking para parking
de neo subúrbio Alfa para neo subúrbio beta
ah, c'est le progress
la modernité
o desenvolvimento sustentável
& massinhas Triunfo

NEOFILIA

Descobri hoje esta estimulante palavra: NEOFILIA, e de repente percebi o que se passa no meu buraco negro, perdão, no meu querido país adorado. Tornámo-nos todos neófilos. Adoramos tudo o que é novo de um modo imediato, usando apenas a espinal medula.
De repente, após meio segundo de meditação não zen, iluminou-se a minha cabeça (usualmente ocupada por interessantes aranhas ocupadas em ver e conhecer outras interessantes aranhas que se perderam nas redes neuronais metalímbicas ainda não visitadas pelo prof. Damásio) afinal toda a publicidade induziu-nos em estado crónico de neofilia.
E surpresa, surpresa, os mais fanáticos neófilos são os que já passaram a barreira dos quarenta. Por temor de parecerem a idade que tem? Para recuarem a uma falsa hipótese da juventude? Ou simplesmente porque tem mais podeuro ( poder de euro) para comprar os últimos modelos?

Afonso de Albuquerque


, originally uploaded by thejacksons.

2007-01-20

ESSA VOZ INSISTENTE DE SEREIA

Charles Baudelaire podia ter dito uma coisa assim:

Essa voz insistente das sereias que não existem, mas em que é preciso acreditar, às vezes toma, com felicidade, o lugar da voz da razão - que também não existe, mas na qual convem acreditar. E ao dar-lhe guarida abrimos dentro de nós maravilhosas possibilidades de irrealidade, que são muito contrárias aos tempos utilitários, é certo, mas que tem um supremo golpe de asa que as emancipa das penosas colunas do deve e haver.
E se o tempo burguês contabiliza tudo, não só o dinheiro mas os sentimentos e as emoções (gerir as emoções, frase de escola psicológica horrível que traz para o campo emocional a mão do contabilista), a voz das sereias descontabiliza. Não nos pede juros nem ajustes de contas, apenas ajustes de contos. Apenas a voz lançada ao mar, sem anzol, sem rede, sem objectivo.







Foto : Charles Baudelaire por Nadar

NIMBY Ou NOPE?

imby

NIMBY. Not in my back-yard. Pas dans mon jardin (mais dans celui du voisin, ça ne me dérange pas trop…). L’attitude dénoncée par ces cinq petites lettres, révélatrice d’un manque de civisme, n’est que l’expression d’un sentiment bien humain. Il est en effet assez commun d’éprouver du soulagement lorsque le malheur frappe à côté (ouf ! c’est pas pour ma pomme !).Le "nimbyisme", cependant, n’est pas exempt de contradictions lorsqu’il consiste à refuser les nuisances induites par une activité ou un équipement (voie ferrée, usine, …) dont on accepte par ailleurs les aspects positifs. Ceci est largement exploité par les promoteurs de tout poil, prompts à étiqueter de l’infamant néologisme toute mobilisation citoyenne faisant barrage à leurs projets. C’est oublier un peu vite que la mobilisation face à des nuisances existantes ou à venir (incinérateur, infrastructure routière, aéroport…) est bien souvent la "porte d’entrée" pour s’éveiller à la globalité des enjeux. En effet, les associations de riverains développent souvent une très bonne expertise des problèmes environnementaux , préalable nécessaire à l’application du slogan "penser globalement, agir localement".La dénonciation des attitudes nimby devient, dans les mains des promoteurs et responsables politiques, une arme de destruction de la mobilisation citoyenne. Mais ceux qui l’utilisent ainsi - dès qu’un citoyen a l’outrecuidance de manifester son mécontentement - sont les premiers touchés par le phénomène. Certains politiciens en refusant de prendre des risques électoraux (report de la mise en place de mesures jugées impopulaires), le "pas dans mon jardin" devenant alors "pas durant mon mandat". Certains industriels en refusant de mettre en place des mesures de réduction des nuisances certes coûteuses mais combien nécessaires (ne fût-ce que par respect pour les générations à venir), versant ainsi dans le "pas dans mon usine".Condamner le NIMBY pur et dur est nécessaire, mais osons aller plus loin et appliquer le NOPE (not on planet earth – pas sur la terre).

CONTRA AS AUTO-ESTRADAS


Voir aussi :
Noël en avance pour les fabricants de 4X4
L’avenir de l’automobile : les limites d’un modèle
Low-cost aérien : les puces sauteuses
Schizophrénie ? Of course !
Compensation des retards à la SNCB
Parce que le climat le vaut bien !
Voitures et CO2 : votre avis les intéresse !
Retour au calme dans nos forêts !
Quand Febiac rêve...
Lyon à vélo
Face au dilemme...
NIMBY et « Mani-festa-pulation » citoyenne
Gosselies : ingérence or not ingérence ?
Chemins du Rail fête ses 10 ans !
Pétition
En 4x4 sur la voie du réchauffement climatique !
Le transport public selon la Febiac

Internationale contre les autoroutes
6 mars 2006 par Pierre Courbe


Se alguém não souber francês e quiser ler deixe mensagem no

comment e oportunamente traduziremos.


Le concept de « chaînon manquant » appliqué au transport routier a encore de beaux jours devant lui. Les projets routiers et autoroutiers sont légion. Ceci en Belgique, bien évidemment (Malte lui ayant ravi le titre de pays européen avec la plus forte densité d’infrastructures routières, notre pays royaume semble déterminé à tout faire pour reconquérir son titre). Mais, plus largement, partout dans le monde. Le Ministre des Transports chinois se félicitait en 2001 du fait que la Chine avait mis « dix ans seulement pour établir un réseau routier semblable à celui que les pays développés ont mis quarante ans à construire ». Ce qui ne l’empêchait pas de souligner que ce réseau de 19.000 km était encore insuffisant et que 82.000 km supplémentaires seraient construits d’ici 2030. Dans nos contrées, la période où ces chiffres soulevaient l’enthousiasme populaire est bien heureusement révolue. La mobilisation citoyenne est importante face à ces projets néfastes ignorant superbement des broutilles telles que la déplétion du pétrole ou les changements climatiques. Des exemples concrets de mobilisation, des conseils pratiques, des considération plus théoriques sont mises à disposition sur les sites de différentes associations. Voici, à cet effet, quelques liens intéressants (liste bien évidemment non exhaustive). Le Collectif contre les nuisances routières (http://pollution.nord.free.fr) lutte, dans le nord de la France, contre le projet A24. Le Comité contre la frénésie autoroutière (http://assoc.wanadoo.fr/c.c.f.a/) offre notamment, via sa rubrique « sachez vous défendre », des conseils basés sur une longue expérience. Longue expérience aussi pour Non à la deuxième autoroute, en Lozère (http://lozere-online.com/rn88/). De même que pour Initiative des Alpes en Suisse (http://initiative-des-alpes.ch/f/). La fédération européenne Initiative Transport Europe (http://ite-euro.com/fr) souligne avec justesse que, dans les régions montagneuses, « les camions passent, les glaciers trépassent ». Enfin, pour ceux qui pratiquent l‘anglais, une mine d’information sur le site de Transport 2000 : http://www.transport2000.org.uk/.







2007-01-19

LE MENDIANT SE REFROQUE


OPEN LETTER TO THE DEVOTED READER OF THIS ICONGRUOUS BLOg



My Dear Sir,

You seem to think me the author of the original of this singularly unpleasant production. But I assure you you have been deceived. I do commit crimes, but they are not of this grade.
Mark Twain

2007-01-18

a semana que passou: confissoes de um anao digital

Foto do Cabaret Voltaire



a semana que passou fiz imensos erros. Tornei-me escapista pela plutonésima vez. Dei uma chapada errada na hora certa num tipo errado. Bebi um café com borras porque sim, porque o lavalouças se tornou monumental e se inclinou ameaçadoramente com os setenta e cinco pratos de um jantar que dei. Comi restos de ossos. Foi bom e alarve fiquei com os bigodes cheios de carniça e os olhos deliciados de 1 cro magon. Sapiens? Foi um erro epistemolóigco imenso ter seguido a via sapiens, em vez da ludens cro.

Que mais aconteceu na minha semana. Bem a pesca à lata de atum não se pode dizer que seja propriamente épica. Vá lá fiz uma corrida escapista com o Sinbad que escapava doutro cão Muito Maior. Caímos os dois num Plano Inclinado cheio de esferovite e saquinhos de plástico negro. Dandys na era da decadência industrial.

Pus uma pála no olho de cada vez que fiz piratarias. Inconsequências: podia ter ganho os tais euros a mais que me dariam para instalar aqui a Antena Faustrollica. Destreza na Inépcia. Mas a Coisa. A Koisa, Mazakoiza avança. Vou descrever a Antena Faustrollica. Não vou descrever a Antena Faustrollica porque está ainda em estado de YmagYnação, e a absorver cartilagem e húmus. Vai ser 30 % orgânica 30 % acrílica.

somos os padrastos da internet. Os andróides de tez pálida. Queimado pelo luar do ecrã. Mas tem a sua graça entrar em estados de espírito poliédricos. Eu sou todos os meus leitores e sobretudo os que ainda não me leram. Massiva surpresa. O Cabaret Voltaire Renascente.

A AGILIDADE DA INCERTEZA



o mundo securitário e certo - boring, boring. Tudo na prisão. A imaginação morta que não imagina.

o mundo à solta no mundo solto : não sei para onde vou, não há sítio para chegar. Estrelas nómadas.

DESVIANDO O LUGAR COMUM 3


A salinha onde foi introduzido o moço era forrada de papel amarelo: havia gerânios e cortinas de musselina nas janelas; o sol poente jogava sobre tudo isso uma luz clara... O quarto não continha nada de particular. Os móveis, de madeira amarela, eram todos velhos. Um sofá com grande encosto inclinado, uma mesa oval diante do sofá, um toucador, com espelho, entre as janelas, cadeiras encostadas às paredes, duas ou três gravuras sem valor, representando moças alemãs com pássaros nas mãos – eis a que se reduzia a mobília.
(Dostoievski, Crime e Castigo)

A santinha onde foi introduzido o moço era forrada de papal amarelo: havia gerontes e carpinas de mocinhaslinas; o sol penante jogava sobre tudo isso um pus claro...o coágulo não contentava nada em particular. Os imóveis, de cadelas merdelas eram todos véus. Um cipó com grande encosto empanzinado, uma tesa oval diante do chachá, um apoucador, com espelho, entre as canelas, madeiras emgradadas nas paredes, duas ou três gravuras sem pavor, representando coças alemãs nos pássaros sem mãos - eis o que tremeluzia na mobília.
(Drummond, Castigo para Dostoievski).

DESVIANDO O LUGAR COMUM 2


A salinha onde foi introduzido o moço era forrada de papel amarelo: havia gerânios e cortinas de musselina nas janelas; o sol poente jogava sobre tudo isso uma luz clara... O quarto não continha nada de particular. Os móveis, de madeira amarela, eram todos velhos. Um sofá com grande encosto inclinado, uma mesa oval diante do sofá, um toucador, com espelho, entre as janelas, cadeiras encostadas às paredes, duas ou três gravuras sem valor, representando moças alemãs com pássaros nas mãos – eis a que se reduzia a mobília.
(Dostoievski, Crime e Castigo)

A sapinha onde foi introduzido o mouco era uma porrada de papas amarelos: havia gerânus e corpinhos de mocinhas nas janelas; o saleiro da ponte judiava tudo isso com uma lua de claras...o quarto não continha nada de vulgar. Os telemóveis, de madeira amarela, eram todos cegos, Um sufi com grande encosto sublimado, um mesão e um quark diante de um sufi, um trocador de sexo, com espelho, e entre as janelas, padeiras encostadas às joanas, duas ou três gravuras a vapor representando moças alemãs de mãos nos pássaros - eis a que se referia a mobília.
(Drummond, Castigo para Dostoievski)

DESVIANDO O LUGAR COMUM


A salinha onde foi introduzido o moço era forrada de papel amarelo: havia gerânios e cortinas de musselina nas janelas; o sol poente jogava sobre tudo isso uma luz clara... O quarto não continha nada de particular. Os móveis, de madeira amarela, eram todos velhos. Um sofá com grande encosto inclinado, uma mesa oval diante do sofá, um toucador, com espelho, entre as janelas, cadeiras encostadas às paredes, duas ou três gravuras sem valor, representando moças alemãs com pássaros nas mãos – eis a que se reduzia a mobília.
( Dostoievski, Crime e Castigo )

A salinha onde foi introduzido o bloguista era forrada de polpa digital: havia geradores e carinhas de mocinhas nas janelas; o sol pifante jogava aos dados com uma clara luz...o quarto era o universo, Os móveis eram árvores vivas, todos eternos. Um sofá, com um plano inclinado, uma mesa que perdera a oval e ganhara o círculo diante do sofá, um tocador de gaita de foles, com espelho, entre as 365 janelas, cadeiras encostadas às mulheres perdidas, duas ou três gravuras cheias de valor, representando tremoços alemães com pássaros fugidos das mãos.

(Drummond, Castigo para Dostoevski)

SÍSIFO LIBERTADO


O mago patrono deste blog é o mortal condenado a ser imortal, de nome Sísifo, a quem os deuses fizeram a brincadeira de o condenar a empurrar uma pedra até ao alto da montanha, a qual, uma vez lá em cima rolaria até baixo, recomeçando todo o processo, em troca da imortalidade.

Camus recuperou a figura de Sísifo, bem como a de Dón Juan Tenório y Molina, o famoso e trágico sedutor, porque precisava de heróis que representassem a experiência trágica no mundo moderno, e num ensaio célebre a propos de Sísifo, acaba com uma frase notável: "é preciso imaginar Sísifo feliz." Podemos também imaginar que Camus, um pied-noir, tivesse tido algumas experiências de haschich e estivesse ciente doutros significados da palavra "pedra." (em português droguístico "estar com uma grande pedra" significa ter inalado a essência do hasch, o cannabinol, e dispor por umas horas de uma experiência de intensificação dos sentidos, que levou Baudelaire a comparar o estado de kief a uma intromissão, delituosa, no paraíso. Daí o seu título, Paraísos Artificiais.)

Sem dúvida, há que reconhecer o imenso mérito de Camus em ter dotado a "pesada noite reaccionária" (Barthes) que atravessamos de uma figura de tão incerta e obscura, mas decisiva luz, como é a de Sísifo. Há um esgar de triunfo, uma promessa de que mesmo com o peso dos deuses injustos sobre nós, conseguimos levar a cabo e até aos últimos limites a realização do sentimento do absurdo total de todas as coisas, condição necessária para inaugurar um sentido novo de todas as coisas.

O homem que se refugia numa qualquer ideologia, entidade ou instituição fornecedora de sentido e de transcendência (o negócio das religiões e dos cultos políticos, ou outros, afinal) afinal vende a sua alma, pensa com a ideia dos outros, não a partir das suas ideias conquistadas no duro crisol da experiência própria. Sísifo é o mentor das almas livres, as únicas arstocráticas, que apesar da tirania divina, conseguem desafiar a montanha (a montanha do preconceito) e são capazes de fundar um sentido novo para todas as coisas, independente do sentido obrigatório imposto pelo partido, culto, religião, tendência, moda, progreso ou tradição.
Sísifo é, literalmente e em todos os sentidos, um "herói digital", porque é com os dedos que empurra a pedra, e é igualmente um antiherói porque ninguém o celebra, nem ele deixaria que se fundasse a Igreja de Sísifo, por exemplo, porque ele logo desde o princípio intuiu que havia uma existência que transcendia a dos deuses, a humana, e que só na assunção plena dessa condição desesperada o homem podia deixar de ser mais um escravo. E é por esta constância na prossecução de uma experiência inteiramente única que Sísifo é um herói que transcende a modernidade, e interage com todas as eras e nos mostra que é possível, superar mesmo o mundo fenomenal dos diversos escravos coroados e dos rígidos deuses.


O CHARME DA DISTÂNCIA


O desejo neurótico da velocidade deseja ter acesso a tudo sem trabalho - reduz as distâncias, impõe as "acessibilidades".
Mas o encanto de um ser ou de um lugar é directamente proporcional à sua inacessibilidade. Por exemplo , um grande poeta português, obscuramente vivo ainda, o Herberto Helder, nunca deu uma entrevista porque se recusa a dá-las. E isto há mais de trinta ou quarenta anos!
É unico neste momento de grande promoção, de grande marketing de poetas e escritores, quando se descobriu que o livro é um !produto!. H.H. perdeu em acessibilidade, perdeu em audiência, e perdeu dinheiro certamente, mas conquistou o direito a ser nuvem, um homem-nuvem.
Ninguém agarra uma nuvem.
Nem é possível fazer-lhe biografias ou apanhá-las a pontificar.