/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2007-02

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2007-02-27

MANIFESTO FEDORENTO DESASTRE



Não sou fã dos Gatos Fedorentos, não sei se estão quatro a mais, quatro a menos ou se vivem da parasitação consentida do mais "engraçadinho". O seu estilo narrativo assenta no jogo iterativo fácil da deriva de palavras homófonas, da recuperação de plebeísmos e da maneira errada e popular de falar , "derivado de" e das cansadas imitações, mal feitas quanto ao sotaque, de provincianos.

(Ontem, Pereira tentava imitar um repórter madeirense entrevistando a careca do tirano Jardim - que já de si é uma caricatura - com uma mistura de sotaque algarvio e outro vagamente açoriano e um toquezinho mal colado e mal estudado de madeirense. A imitação pretendia ser rigorosa, mas era má, fraca. Um imitador que não imita bem, que não imita na perfeição e que apenas finge imitar vende gato por lebre).

Claro que Jardim, como se percebeu desde o Pleistoceno é mais um cromo forte, o ás do baralho, na galeria de provincianos.

Contudo gozar provincianos é facile, desde Roma, e mesmo dantes, que os agricola, os rústicos, os vilões são alvo de graças desdenhosas por causa da sua maneira de falar, e do arrastado, pateta, incivilizado ou inexistente pensar. Mas talvez tenham piada para adolescentes de sotaque uniformizado, de insípida literacia, que julgam que as galinhas invariavelmente nascem desplumadas. Talvez tenham piada para adolescentes desprovidos de um mínimo de humor. Gozar provincianos acaba por ser mesmo muito provinciano.

Ontem vi parte do seu novo programa. Novo para mim. A certa altura entraram em cena os 4 elementos do grupo D'zrt. Não sei se há qualquer coisa como uma retórica da adrenalina, se a ebuliência atlética é de rigueur na TV nacional agora, que parece apostar na onda contentinha, no sempre-porreirismo. Os D'zrt com ademanes mui simiescos,
do género
nós-mexemos-muito-cheios-de-adrenalina-poça,
cantaram uma canção com letra dos Fedorentos.

Na letra um rapaz vai declarando a uma rapariga todos os autores da Literatura de que não gosta, que não suporta e que ela lê.
"Não estou nessa de Isabel Allende" começa.

Depois segue-se uma lista de autores em que os D'zrt aqui promovidos a His Master´s Voice dos Fedorentos são bulldozerizados, sem apelo nem agravo.
O Index dos Autorem Prohibitorum dos Fedorentos (Novos Inquisidores culturais) interpretados com a fausse adrenalina do retórico entusiasmo dos acéfalos D'zrt dá uma tacada em autores paraguaios, colombianos (não nomeados, mas para bon entendeur percebe-se que os alvos são Garcia Marquez e Alejo Carpentier) e a seguir um ataque en passant ao realismo mágico.

Nota-se um óbvio racismo literário de exclusão pela chalaça, o cantor, que certamente nunca leu nenhum dos autores, "não está nessa", como diz com veemência à sua namorada, e a seguir a letra passa ao ataque e descarte de autores, que a namorada também lerá, como Leon Tolstoi, da Guerra e Paz, que é visto como uma seca, e atira-se também mais uma bomba sobre a "subtileza" de Anton Tchekov.

No fundo tudo muito adolescente: Gosto disto, não gosto daquilo. Estou numa de, não estou nessa de.

O pronunciamento é primitivo, de resto cíclico. Ficava bem a Le Pen. - entretanto para efeitos de demolição da Literatura gagá já tivemos com muito mais graça e eficácia o movimento DADA e por cá, Al mada com o Manifesto Anti-Dantas - a condenação à fogueira destes autores por parte dos Fedorentos + D'zrt é evidente. Incutir o desprazer e o desdém pela Literatura agora é a tarefa destes símios.

Podia-se dizer que foi uma practical-joke que os Fedorentos fizeram aos D'zrt, torná-los ridículos pondo-os a cantar com fervor deslumbrado um hino, com uma música internacional da cultura coca-cola misto de pop, funk com episódios rap. Mas acho que não foi. Foi uma espécie de manifesto anti-cultural, cheio de acne por todos os lados.

No fim da canção, muito aplaudida por umas groupies de doze anos, um dos símios dos D'zrt ergueu as duas mãos ao ar fazendo o clássico sinal de cornos do rock dito satânico. Nada de novo. Nada de preocupante. A TV lançando mais lixo para o ar, mas desta vez os autores de lixo são os Fedorentos unidos aos Morangos. Típico.

Tornaram-se a polícia Tcheka, de um fundamentalismo simplex anticultural.

Resta que o humor popular em Portugal continua confuso, porque nunca soube fazer a sua amamnese. Mas isto vem desde o Herman. Continua a só haver um género e despótico, o humor de tipo imitativo. Mas já se sabia que Portugal é um inferno de imitadores, que produz a mesma monótona fruta. As subtilezas do nonsense ainda escapam por completo a estes adolescentes já com cabelos brancos.

A "rebelião" vende-se bem. O cabotinismo também.


Mas não se deixe de passar em claro: a canção dos D'zrt com letra dos Fedorentos foi um claro manifesto símio. Os Autos-da-Fé de livros agora são ao vivo. A Santa Parvalheira agradece. Os Fedorentos integram-na na paz do Senhor. Os D'zrt já se sabia. O racismo literário, o ódio a Literatura tambem ficou bem servido. No fundo convem aos Grandes Desígnios Nacionais que aí vem.(Os designios das petroleiras) Xanax e amnésia, "porque já não estou nessa." Os Grunhos tem a palavra e as audiências não menos grunhas. Perfeitamente excelente.


2007-02-25

APDEITES

Porkêra em forma no 4letter word desviado (aprende-se umas coisas na China!) escreve-nos da dita China:



Cadé o Apdeites? Gostava de dizer ao blogger do Apdeites, meu, você fez um trabalho do Caralto, fantástico, adorava visitar o seu blog. Porna! . Mesmo que me tenha posto em 25.567 lugar da sua lista D, e eu ainda esteja a lamber as feridas narcísicas disso. Sério ganda blog! Era a árvore genealógica e o registo de todos os blogs portugueses. Um serviço enorme. Um tipo ia lá corria a flecha do ratum e podia encontrar todos os blogsitanos. Até encontrei o blog do pacheco pereira, em camisa da zara, avec des beuaux poèmes, quand même. Fôsta-se!
Cismo forte ser Ego Ich Au! Me Je Moi myself Phanatico de blogs. Pena é o meu sétimo dedo cyberdesabilidoso, que não dá para artilhar aqui a engenhoca Sisifica doutro modo. O Flickr? Fixe. Curto. menos os comentários. Também lá não se sabe escrever.

Mas agora gostava que leitor benévolo me explicasse se o Apdeites pifou? seria um desastre! O blogger foi para outra vida? Felicidades então. A lusa blogosfera e a irmã brasiliana sem o Apdeites perde muito, fica sem a principal estrada - e há dezenas de blogs fantásticos nesta banda da língua universal futura, o português! Pois poderia lá haberi youtra, sobretudo agora que o ingliss está a pifar, porque é óbvio demais.




2007-02-24

PÁSSARO INCOMPLETO

Nesse Verão eu vivia numa casa de dois andares. O andar de cima tinha um a janela em forma de olho, cortesia de André Nickulaus, o arkiteto hiperorgânico, que faz casa sssszzz à medida dos nossos Orgãos Mais Em Função e no andar de baixo tinha um quarto peculiar: estava cheio de sapos. Eu andava a estudar o mistério do som musical conhecido como basso continuo, e parecia-me que o coro dos sapos quando a noite cai tinha essa qualidade. Por isso, pedi a Méelanie que andava sempre vestida com roupa de fantasmas de fazerifavori de ir para o país de Andy Warhol e voltar com um gravador sensass chamado Point Blue 001 ztron. Coisa que ela fez com diligência, tendo voltado vestida de Armador Grego, charuto na boca, monóculo et d'autres choses de femme fatale género óbvio.
O gravador estava à altura. Passei uma semana encantada (passe o galicismo) a gravar duas horas seguidas de coro sapum-Sapo-Boi faz Força Não. Sapo Buschom Faz força Sim e Agora Sapitão-saponário cai na grana Ué. Sapo-Feliz de Ipanema ViraPoncho, Sim Sim, Sapo Sapão faz coroa no capim, Sapo culhão Cuidado com o Pontão. Enfim leitura dos intervalos. Guimarães Cor de Rosa.
Ao fim de uma semana tinha um texto-som sapum de primeira, só me faltava agora o cineasta, porque o som sapiano ia entrar como Prelúdio de um filme inteiramente dedicado às Manias Lusas de um Só Soutien.
Foi cândido libertar os sapos de volta para o Grão Sapal, numa noite em que toquei flauta à frente deles (sem êxito. Hamelin houve só um). mas qual quê, tinham-se habituado habitorreado habibutado hababibaladinado à casa e cais sair cais quê. As malta cá sapo quer mazé cá ficari, porra. Mas ódippois lembrei-me ( sempre ele. sempre sele, sempre zel), e desde A Gasta Infância, a minha Perdulária Hinfância, do Óleo de Halibute! Caraltas!
E foiquefiz. Sprayei larga medida do dito óleo sobre o habitáculo sapal. E eles horrorizados saíram em grão saltum tudo prá fora. com Melanie BeforeSeven, a Armadora Grega, encantada, a saltar no meio deles, muito animala. Inté com manchas doiradas na pelum verde, verde como os campos do Pitroliportugálio.
Zzírissssimo demais meuzum concedeu Zézinha Malta Banha, aquela solista dos RisuGeladu, a maior snob de Grândola, que viera ver a Noite de Libertação do Sapo, que estava a dar em directo para a ARTE e mais uns quantos canais epígonos, cheios de curadores de museus pernilongos com óculos de jade. Pois.

(Descontinua no próximo número)



FNAC COLOMBO LIVRARIA SÁBADO CINCO DA TARDE



acho que perdi cinquenta e seis partes do meu corpo hoje Sábado, dentro da Livraria da FNAC -Colombo, às cinco da tarde. Coisas como maleólos, dendrites várias, fibras do radial, 3 pares de fibras do nervo óptico, e uma rapariga que chocou comigo arrancou-me um pedaço de células mamárias. Sem falar em pedaços de bactérias friendly (e outras se calhar menos) que caíram em frente a uma Obra de Descartes chamada L'Automate Humain. OK. Não era de Descartes. Era de um epígono contemporâneo. Na estante das obras Gaulesas, vi um livro sobre sexualité masculine hetero até que enfim. Já sabia que a zona dos mamilos nos homens é tão erógena ou mais do que nas mulheres. Aí diante dessa estante passou um Harambazord (ver posts anteriores que explica o que é. Achtung, Andam por toda a parte) e ia-me levando um metacarpo. O cuidado que. O Cuidado que é preciso ter com a multidão em movimento. Os saldos embebedam que zona do cortex? A multidão é uma multiplicadão? Ou uma exponenciação de si mesma. Nem feia nem bela, é uma movida automática, sonâmbula, hipnótica. Tomar banho no suor da multidão, no suor da, nas lágrimas ácidas da, nos perdigotos da, nas perdas menstruais, nas ejaculações furtivas dos frôleurs da, na pinga de urina da, nos peidos da, e abri um livro que dizia Comment vous soigner par les Champignons, Bruxelles, 2006. Há cogumelos em Bruxelas! julguei que lá só havia um porco azul de barriga para o ar a voar pelo ar e que esse porco era Deus.
Mais outro livro Cure par le Quartz. Somos uma sociedade em terapia contínua. Nenhuma funciona por si só. Se calhar todas juntas funcionam. Quartzo. mantra. Luz templária. Vitrais. Chá de díodos. Folhas de Umbigos-de-Vénus em salada. Muito Yoghurt com aqueles bacilos bright. Orações a Mithra deus da luz. Um discreto panteísmo. Baco pregado na Garrafa. Evohé! Cristo de chapéu de pala agora vegan. Demasiados deuses para tão curta vida, demasiada vida para tão curtos deuses.
Depois passei para os Livros de Pintura. Louvre-Gugenheim-Tate dos pobres, o museu secreto transversal. Transferir mais museu para as células. Ao contrário dos tempos de Marinetti em que Urgia Desviar Um Rio Para Dentro De Cada Museu. agora convem introjectar um museu no paleo-genoma, no neo genoma. e nessa beleza da Raça Ruiva do porvir: o pan-genoma. Cuidado com as imitações. Do it yourself. Fabrique o seu porvir. Não ouça os prophets of gloom.
Cá fora choquei com o Antunes (O Antunes outro não esse vulpino), um profeta do gloom. Diz que Lisboa está perdida, que chegou o Apocalipse, que estes são os tempos da Besta. e que a droga, os políticos soft, os homeos, os pagãos. Deve ser uma certa corrente de ar que anda a passar por certas mentes. A post to calypso. Onde perdeste o mamilo, Aninharanda? Jovens pálidos a correr atrás do dealer cá fora. O dealer, impecável no seu fato Armani.
Saí cá para fora. Vi-te lá no museu de papel, Hieronimous Bosch. Há quadros que duram uma vida inteira. O Apocalipse foi no tempo do Bosch e tem durado até hoje. A ideia de um filme de longa, longa duração em que as plateias se sucedem às plateias porque se vive e morre sempre na plateia ou sempre em cena. My Eye, sem triângulo. MySeventh Eye, My Eighth Heart, my Twelveth Sight, tudo sem triângulo. Tempo de destriangulações. E não é que vi três paulas coelhitas a preparar-se para se meter al camino de Santiago?



Foto de um Lama inglês das Escola Tibetana Kargyupta, com raízes na linhagem de Tilopa, Marpa e Milarepa.



EU CAIO


S40073, originally uploaded by Laurence Shan.



A minha maneira de subir é descer,
e assim num dia sou água, noutro vento,
e das lides humanas nada conheço
e caio, sempre mais baixo,
como o Universo sempre a cair
pelo Universo

não pergunto às nuvens o seu destino
nem me interessa saber se eu sou o destino delas
ora as sigo, ora as guio,
e depois esqueço-as tal como elas e a natureza
se esquecem de mim
mas há dias em que me lembro dos dias

em que subia à Fonte só para poder cair com mais vigor
pela cascata abaixo sem querer saber se eu era a flecha
ou o alvo
se era os deuses ou o que fica deles lá longe
numa poalha dourada por onde passam os flamingos
e as grandes coisas com cores das tardes calmas

No Pais dos Liliputos 1




Tal como nos faltou ter um Homero mas tivemos um Luís Vaz de Camões, não tivemos um Jonathan Swift mas tivemos o incomparável Bordalo. Homero compendiou o modelo grego de herói, Luíz Vaz traduziu para português e cristão esse modelo. Swift descobriu o filão do humor negro, e para resolver o problema da fome na Irlanda propôs que se comessem as criancinhas. Bordalo propõs uma panaceia social universal: o manguito, executado a primor pelo seu famoso personagem, o espertissimo, mariola, pai de todos os chicos-espertos - O Zé, o Seu Zé.
O personagem que Bordalo proporia para a direita horrorizada com o aborto, deixamo-lo à vossa imaginação. Não menos do que a personagem que ele proporia para a esquerda bem pensante. Duas seitas políticas que adoram confrontar-se, e que secretamente precisam uma da outra. E que adoram igualmente abortar-se uma à outra, sendo esse seu passatempo promovido regularmente a espectáculo por uns medias carentes, esmaecidos, enfardados de publicidade, submissos aos "dictum" dos grupos económicos que os possuem.
Swift em Portugal, com a crise de desemprego galopante, os chineses do alentejo a raptar cães para pôr no arroz (não é metáfora, acontece aqui perto, na área de Sines), os romenos e o sem abrigo a fazer fila nos supermercado à hora H, em que a comida "fora de prazo" é com pudor posta à porta, já se vê que avançaria para uma solução mais radical. Depois de demonstrar que as criancinhas viáveis da Casa Pia são comidas por uma incompreensível e invisível legião de altas personagens (o que demonstra sobretudo o desemprego maior nacional, o desemprego sexual ou se se preferir o desnorte do emprego sexual) proporia que se comessem os fetos. Chocante? Não menos do que o avanço desnorteado de mortes na estrada e os bulldozers dos empreiteiros demolindo os últimos fragmentos de paisagem preservada.

2007-02-23

A VIDA ÍNTIMA DE UM GRITO

não me lembro de nada bonito pra dizer
vi uma bicicleta enferrujada
um pássaro morto
duas nuvens sujas
um anjo soldado ferido numa foto do iraque

não me venha com cagada da Sofia

passei pela vila e as pessoas dormiam
dormia o farmacêutico a vender condoms
dormia a menina no supermercado
a sonhar com dois namorados

poesia ática óptimo
os gregos tinham pêlo púbico
lavavam a frase
escondiam a tromba

não me venha com rosto e face
eu hoje vi o inferno numa alface




MAKE HATS,
NOT WAR!















Copyright. Original saying by Miguel Drummond de Castro. You can quote it, reproduce it as long you quote the author´s name.


2007-02-22

You may take lightly the movie inside your head, right!
However,
Never despise the importance of Big Hats.

No tempo do Mário
no tempo do Mário Cesariny
no tempo do Mário Cesariny de Vasconcelos
fazia sentido falar do HOMEM
fazia sentido falar do HOMEM MÃE
fazia todo o sentido falar do HOMEMÃE

hoje aqui em Abrunhos-City, subúrbio Asfaltado todo às rotundas
faz todo o sentido
faz todo o sentido distribuir
faz todo o sentido distribuir o ESCANGALHA-MAMÃS
e entretanto e portanto e conquanto
dar corda ao EURO
ir dando corda ao OL
ir dando corda ao EURINOL

PRAIAS



Com que então transformámos as praias na maior banalidade do século?

Num país de necrófilos juniores, onde reina o Espírito Modernoso - como já não há praias para ir procuro desertos.






Desenho original de Franz Kafka

NEWS / REVIEWS


O Carnaval foi óptimo, não estive lá.

Virar




Depois de partir o espelho com bastante decisão e de pendurar na corda da roupa cada imagem trémula, virar a página com toda a lentidão e entrar dentro de um livro nunca dantes lido.

Tornar-se nuvem, montanha, anúncio de soutiens dum jornal dos anos trinta. Ou pica-caretas - obras infinitas.

Entretanto perder cuidadosamente cada guarda-chuva e deixar telemóveis abandonados nos grandes gestos sazonais do Cio.





Foto: Marcel Duchamp, em Nova Iorque, 1944.

2007-02-18

e-freud





Ler Freud hoje que a mamã faz anos que está dentro do armário na marmelada com o Cardeal continua a ter um interesse capital. Em vez de estar a espreitar pelo buraco da fechadura, e ver por fim que aquela cena não passa do amor entre uma barata esmagada por uma sotaina de padre e um cabide, sem ser libertador nem pós-remunerante, é pelo menos instrutivo.

Deriva da Cena primitiva (Cena primitiva: tradução para os infiéis, aquela queca entre a mamã e o papá da qual provimos, e que segundo o Mestre, estamos condenados a revisitar sob pena de ela nos esmagar a verga ou a vulva, consoante) aquele armário onde está embutido o SuperEgo e a Mulher Insaciável '= Eros, é os muitos pais do nosso pai - o rio de pais que produz o SuperEgo para se proteger das irrupções Muito Destabilizadoras da Desordem do Desejo.

Para esse novo tipo de leitura de Freud, fazendo uma chicuelina alta sobre a moral semântica dos tempos digitais correntes, e enviando-a,. por uns momentos pelo menos, dar uma volta ao Pilhar grande, propomos o nome de e-Freud.

E acrescentamos logo apenso o palavrão passe: Fróida-se! O username continua a ser: Aedipus Rex.

Convirá para os desfreudizados penalizantes filhos do século reler a história de Édipo em Colona e de lançar um olhar nem por isso muito circular para a realidade marital da mulher portuguesa: em que ela é Mãe-Sopeira-Puta. E chófer de putos-para-a-escola. Mãe do marido, entenda-se, além de mãe de uma série de abortos vivos que reproduzirão impecavelmente o filho-da-mãe do Papá.

A Mãe Portuguesa actual, além de um Lavalouça ambulante, continua a ser uma Fábrica de Édipos. E a nova geração massivamente Narcísica, auto-centrada, com vista sob o parking e reduzida a ecstasy, em vez de LSD - da qual, sniff &// contrariado, faço parte - bem podia ir ao homem vestido de cirurgião a fingir, e saltar (pssst! armado até aos dentes, se possível) para as goelas venenosas do Inconsciente, Mas. Achtung! O voi che entrate. Sem esperança de retorno ao Ego razoável/racional/rei Édipo incógnito/palerma útil/cidadão

Saber-se-ia assim o desejo suspenso, deleted, mas cheio de corolas de back ups em pé de guerra, dispostos a hackerizar a qualquer minuto o polido Ego, ió-ió trival, rosca fácil que serve de máscara latrinal util para o Teatro do Pipi & do Cocó Recusado Primeiro e depois Oferecido à Mamã.





VACAMENTE COOPERADOR


Qualquer pessoa que se entusiasme com o Cartão do Cidadão é um cidadão vacamente cooperador, digno da maior comiseração.






Vacamente cooperador : termo empregue por João de Sousa Monteiro e que define o galináceo monofrodita unipolar contemporâneo: O homeo-lobby boy, o desgeek.


Desenho: original de Franz kafka, para o Processo.

HÁ TEXTOS QUE


Há textos que não perdem a actualidade, tal a lúcida acutilância e o desmedo ousado do pensamento, eis algumas palavras do escritor e psicanalista João de Sousa Monteiro, escritas há uns bons 30 anos no seu livro Tire A Mãe da Boca:


"Um dos tabús sociais de maior importância estratégica para a sobrevivência e bom funcionamento de qualquer sociedade "civilizada" consiste na proibição de pensar.

Sem essa preciosa restrição, imposta sobre cada um de nós com uma especial vigilância desde o início da nossa existência, nenhuma forma arcaica ou civilizada de organização social poderia provavelmente subsistir.
...

Entreter o "indígena" com toda a espécie de birimbaus civilizados, de modo a comprar-lhe a sua tácita aquiescência de búfalo sorridente e vacamente cooperador; distraí-lo a todo o tempo - distraí-lo sobretudo de si próprio - de modo que não lhe sobre energia suficiente para perceber, no fundo, o que se passa à sua volta; Meter-lhe sempre à frente dos olhos, um chocalho luminoso - qualquer um dos inúmeros chocalhos luminosos que a civilização engenhosamente produz - de modo a que este não fixe nunca demasiadamente o olhar no mijo moralista em que a Sociedade se apoia, na açorda ideológica que a sustenta; Comprar-lhe assim a sua docilidade postiça é talvez o mais comum e o mais rendoso dos negócios, em que todos, em que todos nós participamos activamente, de formas directas ou indirectas."
in "Tire a mãe da boca" - João Sousa Monteiro


A VOLTA AO MUNDO EM OITENTA HERMÍNIOS







Mas eu ainda não descobri outra maneira de analisar a poesia para além do secretíssimo estremeção, como um choque eléctrico, que alguns versos que lemos descarregam sobre o nosso coração. (Hermínio Monteiro)



Hermínio Monteiro, não está a fazer pose para fotografia, a dizer cheese ou a fraternalmente dizer vai pró c..., o meu Hermingway era assim mesmo que sorria. Com o sorriso de um Buda. Mesmo no caixão na Igreja de S.Mamede sorria...

Inesquecível como o tempo que não passa.

A FORMIGA CONTRA A BORBOLETA


Para estudar a sociedade moderna comecei a observar as termitas.

O que me levou a isso foram as filas de trânsito, o modo das pessoas andarem na rua, um conto de Jean-Paul Sartre (esteve no Index até 1966) e outro de Kafka.

Uma conclusão ressalta - depois de observar as termitas e outras formigas - são espécies altamente sociais. De tal modo sociais que nelas o indivíduo não existe absolutamente. Apenas o Colectivo.

Cheguei à conclusão que as sociedades humanas modernas são uma termiteira + diversos fenómenos de compensação que ajudam a suportar tão deprimente realidade.

A diferença entre a sociedade termita propriamente dita e a sociedade termita humana, é a possibilidade que esta última tem de se deslocalizar e relocalizar com mais celeridade. Mas ambas formam colónias à distância.

O mundo colonial é assim hoje mais forte do que nunca, ainda que tenha mudado a sua expressão, o seu estilo de manifestação.

As termitas tem um leque de caminhos fixos, e os humanos mais fortemente inseridos no chamado mundo laboral (um mundo de controlos e de aperfeiçoamento de controles mais do que mundo do fazer, um mundo do fazer de controles) tem um leque de rotinas, apenas um pouco mais vasto.

(A vida no interior dos seminários, nas ordens monásticas e no exército, altamente disciplinada e toda ela pontuada por rotinas, e filas, e bichas e formações apresenta-se como uma ballet de termitas mais sofisiticado, mas não menos termita. No universo dos partidos totalitários, como o comunista, e nos de inspiração comunista como o socialista, bem como no universo das seitas religioso as coisas também são parecidas com as da vida na termiteira. O valor soberano da comunidade, do social, o apagamento do indivíduo, do original)

Um fenómeno de compensação é a moda. A moda é quadri-sazonal, cíclica. Num primeiro passo altera os padrões vestimentários até aí vigentes e cria o novo look, que se pretende original, logo individual. Num segundo passo, massifica-o, e torna a originalidade colectiva, abrangente.

O mundo digital fundado na robótica e com a sua insistência na disseminação da robótica (que não é mais do que uma cópia, uma mimesis de alguns movimentos do raciocínio e do movimento humanos) é o paraíso do espírito termita na terra.

Os automóveis e os jornais, por exemplo, são concebidos a partir de programas de computadores. No extremo, os jornais estão cada vez mais parecidos com automóveis e estes com jornais.

Numa ontologia do digital, que já está em estado emergente, dado que se procura a emancipação do digital, estando já os dictums do digital a governar sectores da sociedade - o ser-em-si do automóvel e do jornal são um só.

Tal como as termitas e as células cancerosas a necessidade de se replicarem leva as sociedades termitas humanas e não humanas à repetição permanente. A chamada Globalização em curso é na realidade uma Termitação Global.


Desenho original de Franz Kafka, para o Processo
.
Obrigado Franz por teres existido.









AS MÃES





















as mães perderam a força
agora cansam-se das janelas esplendorosas
não atiram rosas sobre o umbigo

fenecem silenciosas
mudas como vulcões feridos
não abrem as pernas diante da lua
nem deitam mugidos pelos pulsos

vão pelas calhas com uma bandeira amarela
não mordem, felizes, às dentadas robustas,
as luzes suculentas do sete-estrelo

as mães lançaram-se em apertadas
varandas, laquearam as veias desordeiras
coalhadas de montanhas
onde as gaivotas vencem
e saltam as cabras

as mães perderam a agilidade das pitonisas
e o riso calcinante da hiena
o sol das coisas menores
coseu-lhes a boca

e sabiam os erros dos nenúfares
e cortar o pé aos planetas
e tecer os Grandes Olhos Cobertos de Lianas

Sabiam Urdir venenos Novos
e Filtros
que faziam saltar a rã
do Universo

agora só ouvimos o som
das Casernas da Era

as mães antigas não fabricavam militares
não tinham pacto com botas
Bailava nelas a garra do Tigre
e aumentavam todas as coisas felinas


2007-02-17

DIREITOS DA ÁRVORE


Cada árvore devia ter direitos de cidadania, o que inclui sobretudo o direito à vida.

VIAGENS PELOS NOSSOS TEMPOS


Cheguei a um país onde não estava ninguém no aeroporto. Cá fora só havia táxis. Cada condutor tinha um jornal desportivo entalado na boca. O homem do Concurso televisivo Onde é que chegou? veio a correr. Deslizava graças à energia dos escarros. Era um país muito progressista, cada escarro, devidamente chipado, fornecia energia.

Perguntou-me o que eu pensava do país. Eu disse: Qual? Ah. É verdade estamos a fazê-lo desparecer, disse-me ele e continuou: Mas mesmo assim que pensa do nosso desaparecido país? Eu disse que era igual a muitos outros, mas tinha uma diferença essencial. Qual? é ainda mais igual aos outros do que meramente igual, é igualíssimo.

Ao entrar no táxi também reparei que o condutor tinha um jornal desportivo entre as pernas. Era por ali que urinava, defecava, falava e se reproduzia. Pensei. Como serão aqui as mulheres? Mas lancei uma olhada rápida ao interior do táxi e vi que estava cheio de fotos de mulheres nuas. Eram todas redondas, na verdade eram em forma de bola. Ia perguntar-lhe são todas assim, ou é uma preferência sua? Mas de relance vi do lado de fora uma mulher bola que levava duas meninas bola pela mão.







O CARTÃO DO CIDADÃO INSECTO


























Os açorianos foram as primeiras cobaias do Primeiro Cartão do Cidadão Insecto Chipado.
O cândido Sócrates que mostra desconhecer toda uma geração de cyberhabilidosos, declarou que o cartão era "invulnerável." Nos sonhos dele, certamente.

Mas a realidade é outra: o cartão, é altamente vulnerável. E como é 5 em 1, facilita enormemente a tarefa de recolha de dados para os futuros hackers do cartão.

O Chip: Ser obrigatório andar chipado faz parte do Pensamento Vaca e Hipercontrolador. Por enquanto o chip é externo. Mas é um primeiro passo para introjectar o chip no corpo humano, e facilitar o contrôle dos rebanhos humanos. O Estado Socialista, um rosto do Governo Mundial, avança para o Ur-Stat a olhos vistos.

Nós vamos vendo o Estado Policial-Banca que aumenta os seus tentáculos de contrôle.


PINHOCADAS


Ministro Pin Hó-hó-hó afirma "portugueses vão receber empresas espanholas de braços abertos."

Cita o exemplo de duas empresas que vão fazer Plástico, em Sines.

Receber empresas de braços abertos? Afectos económicos dos portugueses, amor pelo plástico?

Ainda se fossem espanholas, do feminino sexo.

O ministro não sabe que a maioria dos portugueses detesta cordialmente a Espanha.

Quanto a receber empresas espanholas de braços abertos isso deve ser um novo método contraceptivo.

Tipo Esqueça o aborto, abraçe uma empresa espanhola.


Mais uma vez o ministro fala em nome dos portugueses. Giro. Fixe da bué. Mas eu não o autorizo a falar em meu nome.

Por isso V.Exa. lembre-se da próxima de dizer, os portugueses menos o Drummond e o Porkêra, vão receber de braços abertos as empresas espanholas.

Até nem me admira que o façam. A perversa roupa Zara. Iglésias Pai e Filho. A Opus Ibérica Dei. O xanax Ibérico. A Pirosa globalização. O que está-por-detrás-do- TGV. Desenha-se a rendição económica a Espanha.

Quem vai mandar em nós A Europa por interposta Espanha. A Europus com molho espanhol. e...


A Banca. A Banca. A Banca. O Plástico. O Plástico. O Plástico. O Cartão do Cidadão Chipado.

Trabalhemos na construção do Cidadão Neo Plastificado. De braços abertos âs Empresas Espanholas.

Ciao Mujeritas Espanholas
! Foi bom. Mas agora será tudo Banca e Petróleo e Passe-as-suas-feriazinhas-no-Alqueva e braços-abertos-ao-plástico e à vossa roupita barata e à lula congelada que sabe a plástico.




Onde está o espírito dos Conjurados de 1640? Por aqui no Sísifo arde ainda essa chama.

Também nos lembramos de Viriato. De Martim Mendes de Sousa. De Afonso de Albuquerque. De Afonso Pires da Charneca. De Aljubarrota
.

De tantos que Não receberam de braços abertos as empresas espanholas
, que as receberam de espada na mão, destros a cravá-la no sítio certo.




2007-02-16

DEUS + DEUS = 4





DEUS tem "d" eus ou seja 6 eus, o que dá 6 eus x 2 testículos = 12 testículos.


Deus é português como não podia deixar de ser e tem cheiro a bagaço no bafo. Quando chega ao refeitório lança um olhar lúbrico às moças, e depois almoça com os moços, a quem ensina almoços lúbricos.
Depois levanta-se e coça por ordem os 12 testículos e então cheira muito mal à roda porque há muito não lava as mãos nem os testículos.

Porque razão Deus não lava as mãos?

Porque não há casa de banho no Céu.

Está sempre acompanhado por doze seminaristas, que são os seus testículos.
Semina= sémen. Seminário= semenário. O semanário é outra coisa.

Como é um pouco descuidado os seminaristas andam sempre desajeitados, ora estão dez â esquerda, ora nove à direita e os outros três à esquerda.

Deus tem uma cobra dentro do nariz que sai por uma narina e fala em Latim.

O seu amante é um tal Sued, que é todo ao contrário dele. Em vez de Trindade tem Menos 3 Santíssimas Pessoas. A mulher de Sued, é Asued que está sempre a fugir com o carteiro.

Deus gosta de ser cornideus.



O Herberto diz que deus é um porco azul a voar de costas sobre o mundo.

O Billy Burroughs diz que é um virus.

Mas o seu melhor truque é ser Diabeus.

E Homero na estância Oito dá a indicar que pode ser Hum Verme Marinho.


DESAUTARQUIZE A SUA VIDA


Autarcas disfuncionais por todo o lado defendendo a causa dos promotores imobiliários e sempre contra os Jardins, Rua!


UIVO ELÉCTRICO

Eu caminhava pelas ruas de Vale de Vento
sem aquela saudade clara que nos dá nos ermos
nem aquela tristura tão antiga e fina
que nos acende na cara todo o choro eterno

Cal portas verde deuses mar murmúrio
as coisas vinham ter comigo iguais à chuva
que reune os infernos e os mundos
e as sombras nada platónicas dos que passavam

entravam por mim adentro como outros tantos
náufragos e colinas, de quem eu via ao longe o semblante
irado, porque eu via tudo carregado de tanto
sentimento, que as coisas tinham por força de ser

todas humanas. Mas não eram. O frio cume da montanha
ria-se com o seu riso não humano, cortado em quartzo
sem a cálida cordatura de um verso homérico
antes com a transição inesperada de uma frase musical

para um Uivo Eléctrico.



O PERMANENTE CAIR DA LUZ

Os vapores e os fumos sobem para o alto, a luz derrama-se, cai, vinda das alturas e dá a ver.

Vem de mais longe do que o Sol, de noite vem de infinitos sóis distantes, de tal modo que se pode dizer : O Universo é queda constante, só conhece a estabilidade na queda, o equílibrio do desiquilíbrio.

A Ordem? Não existe em parte alguma a Ordem como a concebem os humanos, Imperial, hierárquica, igualitária em baixo.

Estruturas de segurança, Ideologias securitaristas? Perguntem ao tsunami, ao Olho do Ciclone, à velocidade do relâmpago.

Não dominámos a natureza. As nossas mãos caiem das estrelas.

QUATRO HORAS NA CAPELA LENDO KAFKA




















o que é preciso é um tubarão no metro com os dentes muito elegantes
ao lado de uma mulher verdadeiramente fatal
porque as tragédias agora causam-nos sono, perdemos o sentido grego das coisas
com sangue a pingar, crimes contra a família e o Rei e o Estado, e vivemos agora sempre longe de tudo

o que é preciso é um tubarão com um dorso esplêndido
todo coberto de cicatrizes e que dê belos golpes de cauda sem efeitos especiais
para a polícia ou para os bombeiros ou para a legião de gente em uniforme
que é hoje praticamente toda a gente

o que é preciso é um tubarão que parta a vidraça
e que deixe entrar o universo no ar sufocante do pokemon e das palavras
mercenárias um tubarão em roda viva com o Chakra em Alta a girar no Alto
da cabeça e que agite até ao Espasmo Azul e à Onda Intacta da Espada do Samurai
a gentinha prática dos Lambebotas, do cartão do cidadão, e da cirrose burocrática

o que é preciso é um tubarão que seja um Grande Dandy
e passe pela Estação dos Correios com o seu bafo fétido
de leitor de coisas obscenas, fora do Estado, e que mostre o dente
com muita elegância à sua lucidez minha senhora
à sua sordidez caro leitor hipócrita, meu semelhante

o que é preciso é um tubarão com a visão fria de um anjo
que penetre na redação e diga bem alto
Poça cheira aqui a traque mal aviado
chamem a Dama perfeita do Apocalipse enfosforado

O que é preciso é um tubarão que tenha o dente forte e prático
e tire da frente tanta coisa de vidro e a bodega do alumínio
e que faça dançar os anúncios depois do cão Azul ter por aqui passado
invisível como o fundo do mar que passa agora mesmo pelo fundo de cada gaveta




















O Homem do Café Vacilante
apareceu outra vez nos meus sonhos com a sua Unha Verde
com o seu cartão de crédito com a sua legião de pais contra o aborto
vinha vestido como os príncipes da Banca com um mau fato caro
e uns óculos de professor pobre e uns sapatos pouco usados
de quem anda sempre de carro O Homem do Café Vacilante
ficou do lado de fora de uma Carteira Branca
e eu que sou naturalmente fraco disse-lhe bom dia e como está entre e sente-se
quando o que me apetecia era dar-lhe um bom murro nas ventas
e mandá-lo a voar para o seu país de chipados
E ele sentou-se cruzou a perna e desenroscou a cabeça
e dentro tinha Arcebispos e mais cartões de crédito
e uma pequenas chaminés por onde saíam e entravam as formigas trabalhadoras
e mesmo uma luva de Mário de Saa - Carneyro
Eu não queria conversa nenhuma queria o meu cavalo e ir-me embora
assobiei e o meu cavalo veio, coxo, magro, esquelético
fumando um roscoff de uma lista que me pareceu telefónica mas com bocas
lá dentro cosidas em cada número
ah! pensei a verdadeira imagem de Savonarola
mas não era mais do que uma lista com bocas cosidas lá dentro
Hé - o inconsciente é rico disse o Homem do Café Vacilante
e meteu-se ainda mais dentro do meu sonho com uma mangueira curta e azul
Disse não tenhas medo e eu tive um medo cósmico como se ao alto à esquerda e à direita e em baixo só houvesse um abismo negro
tive medo de cair mas era inútil já
estava a cair nas quatro direcções ao mesmo tempo
e nas quatro estava lúcido não como um deus, mas como um rato, um rato lúcido
e pensava agora com uma estranha calma no fundo fui sempre um rato lúcido
a cair sem fim pelo universo

2007-02-15

AEOROPORTO DE BEJA








AEROPORTO DE BEJA = AEROBORTO DE BEJA

AEROPORTO DE BEJA


Alqueva era para irrigar o Alentejo, agora vai ser um "pólo turístico". (Linguagem "polar" do economês).
Beja era um aeroporto para jactos militares alemães. Foram-se os jactos, ficaram alemães que agora são proprietários das mais belas fazendas no Litoral.
Beja agora vai irrigar o "pólo turístico". O maior lago artificial da Europa fica assim bem servido. Mais um paraíso artificial, um xanaxadíssimo Vale de Lobos no Hinterland. Mas será só isso?

Há mais em jogo. No cenário mais do que provável de uma Guerra no Irão, convenhamos que as Lajes não vão dar vasão. O Irão é muito mais vasto e populoso do que o Iraque Por que não Lajes+Beja? Pago por nós o último ainda por cima.

Mais 10.000 postos de trabalho para a região.
Nada melhor que a War para o Bisness e Desenvolvimento.

Os ex ou futuros funcionários bancários que por acaso são os actuais (s)(m)inistros sempre na senda do Progresso e do Desenvolvimento.

2007-02-14

AMBIENTALISMO POP

Al Gore tornou-se um missionário ecológico, foi recebido há pouco em Portugal pelos leais vassalos dum dos seus governos. Deu cá uma conferência à porta fechada para alguns eleitos, empresários, VIP(óras) e outros chupistas. Ganhou 750.000 dólares. Deu a benção ao actual governo, seu fidelíssimo lacaio e depois partiu de avião gastando mais galões de gasolina do que um simples cidadão gastaria se fosse de automóvel até à Lua.


Al Gore está-se nas tintas para a qualidade do ar da região de Sines e de Portugal. O seu governo vassalo também. Dar uma corzinha ecológica pode ser que caia bem num certo sentimento verde do povão, mas não passa de uma caiadela sobre um cagalhoto. A caiadela fica, o cagalhoto também.

Salvar o mundo, sim é necessário. Sem ele não há Big Business.

SINES - CENTRO PETRO-QUÍMICO




CAUTION







There are not Hats in the Moon

CAUTION







There are not Hats in the Moon

A KIND OF CHINESE SYSIPHUS


Shooting down 8 Suns with a bow and arrows its not an easy task. You need more than stamina, you need all the Ki available in the Universe. That was Hou-Yi's (the fellow up here) impossible task, and he fulfilled it with astonishing precision. Much to the dismay of the Immortals and the envy of some Gods. Our earth, after his deed, remained with just one Sun.


But the other Suns were not wasted. They fell inside his head and became centres of light. In this contemporary mask the secret is preserved. For those who know.

WHY THE TUBE SHOULD BE ABOLISHED

The Tube should be abolished to permit Free Circulation of Outstanding Hats

WHY THE TUBE SHOULD BE ABOLISHED

The Tube should be abolished to permit Free Circulation of Outstanding Hats

LETRADOS NA CHINA A LER O NOSSO BLOG
















These three chinese gentlemen after printing many pages of the (in-famous) blog Sisyphus are re-reading it by the light of the flowing river. Most sensible spot! deeply honoured we can only say:


a Bamboo in the Backyard!

THE MAN WHO MISTOOK HIS WIFE FOR A HAT



Dois dos melhores títulos :

THE MAN WHO MISTOOK HIS WIFE FOR A HAT
Dr.Oliver Sacks

EL AHOGADO QUE ENSEÑABA A BAILAR
Gabriel Garcia Marquez

(Deste conto diz Gabriel que já está todo contado no título, o que faz com que provavelmente seja um dos contos mais curtos do mundo)

SEREIA IEMANJÁ






















Ninguém nenhuns nada vai acreditar, nem eu acredito,
mas nasceu uma sereia no laranjal.
Nasceu a vociferar, bom sinal.
Praguejou em várias línguas, melhor ainda.
E pôs-se logo a pentear a cauda com os dentes.

Quando o cachorro se aproximou dela,
levou com uma rabecada.
De noite pipilou uma canção dos fundos do mar
que se ligou logo ao meu inconsciente.

Olhei-me ao espelho: não és doido não,
és doido e meio. disse eu pra myself,
Do laranjal veio uma gargalhada ácida.




Imagem de uma máquina patafísica que explica porque razão os magos tiram coelhos dos chapéus

2007-02-13

BEHIND A MASK THERE IS USUALLY ANOTHER ONE

Masks are experiments in alterity. They actually don´t primarily change us, but they may change our fixed points of view about ourselves, thus fostering inner change.

Fashion at its best is epistemological, and a study in self-knowledge. Fashion may act like a mask - liberating the face from routine, from defacement induced by embodying a permanent role.

Fashion can be applied metaphysics, and may open vistas about our own lost divinity and also in the case of this young lady, can devise a truly pataphysical machine that can function, at will, as a time-machine or an anomalous UFO.

UFOs are coloured by the perception . usually innimical - of those who see them- However a musical group stroke IMO the right key when creating their brand name . Yes, I'm talking about THE SOFT MACHINE. These guys were inventing musical pataphyisical machines, as efficacious, or as graciously inefficacious at first sigt, as this young lady's hat. UFOs can be hats, indeed.



MISSED BOWL

Estive a ver o filme Bowling for Columbine - hé!, só agora... mas há um certo encanto em resisitir à pressão para ver a Última Novidade e não é menos certo de que passado o período de validade os filmes ou entram na eternidade ou, caso deste, surgem como tremendamente passés e eivados de uma mauvaise foi.

A demagogia para atingir os fins nunca é precisa, e neste filme ela é tão óbvia que desfigura as boas intenções do realizador.

Logo na primeira cena do banco, afirma-se que um dado Banco, ao cliente que depositou uma certa soma, lhe oferece uma arma.

Porém, Michael Moore dá assim logo no início do filme um tiro no bom jornalismo documental (é o género a que ele aspira com este filme), que se baseia inteiramente, na verdade dos factos. Na realidade, como foi demonstrado, as armas que esse Banco vende são meras reproduções, não disparam. No entanto, à primeira vista Michael Moore, "builds his case" a partir do princípio que as armas que aquele Banco oferece são mesmo verdadeiras e reais, prontas a entrar em acção.





Postal dos anos vinte, do período conhecido na Europa como Entre les Deus Guerres



2007-02-12

O SUICÍDIO DO PÚBLICO




Para os amantes das efêmerides o facto de o Suicídio do Público coincidir com a vitória da despenalização do aborto não passará desapercebida. O novo jornal que agora se apresenta com um tipo de letra criado especialmente para a ocasião, minúscula, de difícil leitura, arredando leitores com mais de 40 anos e vista cansada, é digamos desde já incaracterístico. Cito a opinião da dona do quiosque, que vende jornais já há mais de quarenta anos: "confunde-se com o Diário de Notícias".

De facto, do ponto de vista jornalístico o novo(?) Público subscreve o relativismo absoluto, não há distinção de espécie alguma entre o que é artigo de jornal e o que é publicidade. As páginas de publicidade inserem-se no corpo do jornal a qualquer momento, sem que o texto publicitário se tenha elevado às regiões da estética literária.

O assumido inassumidíssimo Editorial, em vez de estar num lugar de destaque, deslocou-se para as regiões límbicas ou sub límbicas do jornal. Uma infeliz fotografia que mostra o director com uma expressão neurótica coroa-o. Está no sopé da página. Subverteu-se a hierarquia, aquilo que seria a consciência maior do jornal, a expressão da sua filosofia foi ridicularizada, nem no limbo consegue um lugar cimeiro. Se o editorial é igual a uma página de publicidade, e se cada artigo equivale ao editorial e à publicidade, atingiu-se a suprema amorfia e ter-se-á realizado a disgnose fundamental da democracia que nivela tudo por baixo.

Propomos o nome de "audiose" para a doença dos media que significa querer captar audiências a não importa que preço, nem que seja o do suícidio. O Público, com efeito, nesta sua nova (?) fase multiplica os sintomas da sua opção radical de corte com o passado. Decapitou o Logotipo de Cayatte, reduziu o antigo tipo de letra à inexistência, e salpicou o jornal com uma paleta de cores baratas, evocativas de jornais da ex-cortina de Ferro (e como sub-mensagem nos recordam que vivemos dias socialistas) que o tornam inescapavelmente provinciano, um híbrido do jornal do Metro e do Sol e do DN. Ou seja uma coisa amorfa, muito mal parida, e pior suicidada que não dá vontade nenhuma de ler porque é todo ele um anúncio deprimente da Morte do Jornalismo


TRANSFERT


A transferência do Poder Divino para o Estado, não tornou Deus menos estatal nem o estado mais divino.

DEPOIS DO REFERENDO NUM PAÍS DE SOL



O mais certo é que vamos continuar a ser empregados dos turistas

Uma chávena de nevoeiro


Há dias perfeitos para beber um chá no alto da montanha e hoje foi um deles. Subi a pé pela montanha, parando de vez em quando. Bem sei que é uma pequena montanha, mas dá-me sempre gosto voltar a ver o mundo das alturas. Encontrei o pastor de cabras com a cara muito vermelha e sorridente. Ele é mudo, mas eloquente - no olhar. E eu disse-lhe que era lindo ouvir o som dos sinos das cabras no meio do nevoeiro e estar envolto pelo nevoeiro e depois disse-lhe adeus e ele ficou a ver-me subir pelo carreiro antigo que é íngreme e agora com a humidade estava um pouco escorregadio.

Vi uma águia na distância, há agora tão poucas que vê-la fez-me sentir bem. Por uns instantes voei longe no
meu olhar e no dela, aos círculos lentos, sensoriais, cheios de um encanto que é sempre novo como se víssemos tudo sempre pela primeira vez, sem o cansaço céptico, ou a narrativa blasé dos que já viram tudo e cansaram de tudo. Depois a águia desapareceu nas línguas de nevoeiro e eu continuei a subir com todo o cuidado porque a vereda é estreita, e um só passo em falso pode significar uma queda má, mas ia com essa constância de determinação e essa alegria de viver que dá a atenção completa para dentro e para fora, como se eu fosse a montanha a subir a montanha.

Tsao-Li, do Caminho das Nuvens Brancas