/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2008-01

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2008-01-31

os poemas escrevem-se sempre antes da realidade

TRADUÇÃO LIBÉRRIMA, DEPOIS DE TER COMIDO O LIVRO, DE UM POEMA DE RIMBAUD


em suma: gosto dos reis que abdicam, dos príncipes renegados, dos niilistas elegantes que se atiram para a página branca, e deixam estateladas vinte e cinco sílabas fumegantes de sangue vestido de vazio
e no país dos homenzinhos de sucesso - sempre a pança e a piscina! - acho que gosto de ver o mendigo e a lebre, a recusar o pão dos semáforos . mas prefiro ver o rafeiro de monóculo a envenenar discretamente as urbanizações catitas.
tem mais estilo o nevoeiro, e o homem que premedita nova ferrugem para as pontes do país dos almirantes albinos. Viver por não viver, antes o bairro de lata que o condómino. O tinto francês que sabe a chiottes não me parece famozo, e o escritor choroso, tem ranho na próstata. E tu que citas Baudelaire no metro, em voz bastante alta, não sei se esse esforço gera novas metáforas incivis, mas tem certamente muita pétala negra exaltante.
E se durante dez anos fui perseguido por tias simétricas - republicanas e monárquicas - hoje felizmente sei atirar com as chinelas para detro do pacote de leite. Sou perfeitamente indiferente ao pacote de leite, ao ópio branco, à cornamusa dos antigos valores lusos. Os lusitanos meus avôs, eram bedungosos, untavam-se com gordura de urso. Que grandes pândegas bebendo o sumo de mirtilo fermentado se faziam à sombra dos penhascos, deixando cair bocados de veado pela boca bêbeda.
mas há sempre um civilizador a postos, um homem com regras, outro com fitas métricas. Os triângulos maníacos do progresso interrompem sempre cada prazer primitivo. Não tereis mais prazeres primitivos estais condenados ao imaculado dos parazeres modernos, todos auferidos e contabilizados!
É assim triste a Ibéria desde o avanço dos monocórnios do catolicismo e do seu severo irmão luterano. Mas eu evadi-me de tudo isto, com uma alma de danado eterna. Tanto pior para as viúvas de Cristo e os sultões medidos a petróleo. As bandeiras são feitas de carvão e caca.

PEQUENO ALMOÇO NO CAFÉ SEM NICOTINA

Entro no café vazio
sou o único
sento-me no vazio

sou uma forma de homem
sem nicotina
uma baforada admitida

o empregado de blue jeans
tem meneios gays
traz-me um café

vagamente olha para mim
correu-lhe mal ontem
o engate

abro o jornal uma mulher nua
na terceira página
os jornais as revistas os sites

há mais mulheres nuas por aí
do que nas camas
se calhar há muito menos mulheres

bebo o café sorvo provo degusto
ainda o animal cafeínado em mim
vício quieto poderoso social

no café vazio. Devia lembrar-me
de uma tirada sartriana tipo
o fumo é triste a virtude pior

mas que fazemos no mundo como sombras?


DONA ISAURA ÍCARIZADA




A Dona Isaura tinha a língua muito comprida. De idade indefinida entre os cinquenta e os setenta anos, tinha o cabelo loiro cor de cabeleireiro. Um loiro seco, armado, cabeleira de palhaço andante, ou de maestro ao longe. Andava no passeio e fora dele, aos zigue-zagues. Deitava a língua de fora aos carros. Era mesmo muito comprida, aí coisa de um palmo ou palmo e meio de língua. Se não a viam com a língua de fora, atirava coisas contra os carros. Nada de muito ofensivo. Pétalas, folhas, bolas feitas de jornal e revistas.

Dizia coisas para consigo, tipo coisas de Barbie das situações tristes, como pode dizer o Peixoto, a Tamaro de calças do alentejo. Tipo: estou junto da valeta ao lado de Deus. Mas à vezes dizia umas blasfémias nada virginais, tipo espeta o teu c. no teu c. carola! Eram coisas que aprendera na rua a ver netos a meter a mão debaixo das saias da avó e a seguir a cuspir ferozes na mão azul e vermelha, e homens, com um vulto na braguilha, a correr para vãos de escadas depois de ver passar uma boazona.
Se se irritava dizia a qualquer um: vai-te deitar anão! E a seguir saltava para o meio da rua e deitava a língua de fora aos automóveis que passavam. Era de facto tão comprida que dava para fita métrica. E às vezes, qual estátua, ficava parada na rua, de cabeça baixa, o cabelo no ar, e a língua pendente muito comprida. E mais Outro Escritor Sisudo, com uma borbulha enorme no meio do bigode e um sinal castanho no queixo, parava e tomava notas no seu moleskine. Escrevia "vi o Anjo do Horrível". Depois ia sentar-se na esplanada ( tratava por tu a próstata como os homens de letras) e escrevia um daqueles poemas chatos, concretos, à Salette e à É Eme de Melo e Castro, que era mais ou menos assim

Vi o Anjo do Ó
Vi o Anjo do Ór
Vi o Anjo do Órr
Vi o Anjo do Orrí
Vi o Anjo do Orrív
Vi o Anjo do Orríve
Vi o Anjo do Orrível

Depois o escritor sisudo lambia os lábios puxava o bigode para esconder a borbulha, e escrevia a sua pequena obra-prima telepática:
7 Anjos Sem H, editada no Brasil pelas viúvas e esposas dos dois sexos do Paulo Coelho.

E tão entretido estava na sua maledicência, barata e gostosa, de cascar em escritorecos de tá-tá-ra-tá que não via a Dona Isaura, a do cabelo volumoso, que de vez em quando tinha os insultos mais pedagógicos de Lisboa dedicados aos automobilistas tipo:
"vai-te deitar anão!" e que por vezes ficava parada no meio da rua, com a língua de fora, mesmo muito comprida, com um toque de azul e vermelho.
Os putos mais reguilas da rua, tipo vidro lascado no dente, em que Lisboa abunda e que nascem entre caixotes de lixo e escarretas, no entanto temiam a Dona Isaura. Aquela língua mexia-se como uma serpente, picava como uma serpente e como esta era imprevisível. De modo que mesmo os mais ousados ficavam colados ao chão, incapazes de uma pesporrência, de uma farpada gostosa, de uma sacanice porreira.
Mas um dia, enquanto o escritor Sisudo, o tal da borbulha envergonhada, escrevia com lágrimas falsas:
tenho um destino nacional comum: apodrecer dentro de um soneto aconteceu o insólito alguém desde um segundo andar indefinido, às escondidas, despejou um penico cheio de merda sobre a Dona Isaura, que ficara numa das suas poses estátua, ela toda imóvel como um Destino Luso, a língua feroz como todo o subconsciente nacional rebarbado, a remexer. Mas algo acontecera de transfigurativo, de aúrico: a Dona Isaura brilhava. Tinha uma aura dourada à roda e a Língua começou a girar muito depressa de modo que se transformou numa hélice cada vez mais vertiginosa, de tal modo que antes dela se levantar nos ares, transformada num isaurocóptero improvável, o escritor Sisudo ainda teve tempo de escrever, num estilo peixotista: Eu e Deus estávamos na valeta. Depois, caiu-lhe caca por cima do Moleskine.

2008-01-29

A PERFECT WAY OF LIFE


se eu pinasse uma bolsa literária
mesmo uma pequena bolsa tipo reforma
juntava-me ao clube dos bolseiros
fazia sites specifics na Alemanha, em Berlim, longe do Muro
e ia tomar o pequeno almoço a Bucareste
onde nada do que digo ou de que faço presta

se eu pinasse uma bolsa como a do Nunes
tinha duas mulherzitas em Varsóvia onde os bares são tantos
uma azul para me escrever as Óperas Clássicas
outra verde para me inspirar as Seriais
e ia tomar um irish coffee a um boulevard de Serajevo ou Zagrevo
onde os músicos nunca deixam de estar bêbedos
e a Torre de Pisa aparece decotada

se eu pinasse uma bolsa como escreveria!
escreveria a vapor como o Scott Fitzgerald
escreveria electrostático e com um coração arrancado como o Boris Vian
e iria provar caviar do escuro em Leningrado
onde as dançarinas nunca param de dançar mesmo
depois de entrarem no túmulo T zero que o Estado Rachado mesmo assim lhes dá

se eu pinasse uma bolsa comprava calçado decente
em vez destas patas de texugo seria um Alquimista do verbo
tomaria vermute pelo monóculo
dir-te-ia Daisy façamos a Valsa do Desengenheiro
e a TS Eliot que chorava muito pela próstata
iríamos despenhá-lo no Alucinómetro
só por uma questão de métrica

AS HISTÓRIAS DE PORKÊRA NA CHINA



Porkêra estava na China. A avó dele nunca tinha ido à China. A mãe dele nunca fora à China. O seu pai também. No fundo, no seu país, excepto cinquenta missionários jesuítas que foram comidos, ninguém tinha ido à China. O que fazia ele na China? Fazia pouco. Um caucasiano ocidental de pés grandes não tem muito que fazer na China.
Também acontece que Porkêra tinha um nariz enorme, sobretudo na China. Era dez vezes o nariz de cada chinês. Ele metia medo, antes que o vissem viam-lhe o nariz. Aliás, dele, em toda a China só lhe viam o nariz. Foi assim que ele escreveu no seu Diário de um Alentejano na China: Na China só me viram o nariz. Na China fui só nariz. Na China só falavam do meu nariz. Por onde quer que eu fosse, quem ia na realidade era o meu nariz. Eu não existia, não fui visto na China. Mas o meu nariz foi. Por isso gostava de deixar por legado à China o meu nariz.
Uma vez em Sin Quieng, uma aldeia de cores chinesas, estava eu junto do lago . sobre o qual pairava um nevoeiro chinês e miúdos esfarrapados corriam com pequenos pés descalços e chineses à sua roda. A páginas tantas, como me aborrecia na China, naquele dia na China, começei a tirar macacos do nariz. Estava muito entretido a tirar macacos na China, junto daquele lago chinês, quando apareceram vários chineses admirados. Diziam Kung Kung Kung e apontavam para o meu nariz.
Depois de algum esforço mental, o que é esquisito em mim porque eu não tenho mente nenhuma, consegui perceber que queriam que eu tirasse mais um macaco do nariz. Eu já tinha escarafunchado o nariz em todas as direcções. Tirara dez macacos da venta direita, e outros tantos da esquerda. Até disse cá para mim, caraças Porkêra como tu és simétrico aqui na China! De facto, era verdade. Eu era muito simétrico. Nunca dizia naliz, dizia naliz naliz. Por toda a parte os chineses também eram muito simétricos. Olhavam para mim,diziam King Kung Kung, e eu percebia naliz-naliz. E agora junto daquele lago chinês queriam que eu tirasse outro macaco. Escarafunchei durante cinco minutos.Todos estavam presos ao meu dedo. Por fim todos gritaram de alívio: tinha tirado um macaco horrível. Parecia a cabeça de um dos nossos ministros. Falava em chinês e não se percebia. Fez logo um discurso sobre bactérias na comida. Os chineses abriram a boca de espanto, e o macaco aproveitou para lhes cagar na língua.

CRÓNICAS DO NOZ MOSCADA


Em Lisboa há moscas. São espertas, passeiam-se como dandies arriscando a vida com um rosto impassível perto dos matamoscas azuis dos talhos e, param, áticas como sophias aladas diante do mediterrâneo, coçando o abdómen como abades de pança farta.
Entretanto, as usual, comem tudo. Gordura de telemóvel, gordura digital. Pousam no altar, cagam no cálice, voam sobre a sobrepeliz. Voltam a pousar sobre a careca nascente do yuppie e do nariz soviético, em estilo trompa, do PM. São teconológicas, deixam caganita no ecrã do monitor, e zunem à roda do micro-ondas e do paypal. Pousam no ecrã plasma. Como boas e eternas provincianas aderiram com uma rapidez fascinante ao mundo moderno. Não são as pessoas que tem moscas em casa, são as moscas que tem pessoas em casa, porque as pessoas uhmanas são do mais divertido que há para as moscas. Há humanários em que são criadas pessoas uhmanas de três tipos: os iguaizinhos, os igualões e os igualóides.

As moscas, segundo telegramas recentes recebidos aqui na minha Gruta, estão na Ópera. Por exemplo, na recentemente e apoteótica Ópera Das Marchen, um primor serial dos anos sessenta que agora chega embrulhado numa cenografia quite expensive para o país mais poliglota da Europa viam-se algumas. O serialismo musical com efeito favorece séries, todo o tipo de séries, ou não fosse uma coisa muito séria, como diria La Palice, o mais simpático cronista eternamente luso. Emmanuel Nunes, o criador da Ópera das Marchen (que parece ter sido escrita pela Fátima Lopes depois de dose dupla de ritalin e fosforo ferrero), devia ter um prémio por ter a cara mais chupada e neurótica do planeta. Mas, falso alarme, não tem cara chupada nem neurótica coisa alguma. Trata-se de um compositor mosquito, embora componha para moscas sobretudo. Inventou o zunifórmio, que descodifica algoritmos musicais e os transpõe em cifrões. É estimadíssimo pela Fundação Calouste Mata-Ballets & Mata-Artes e pelos comendadores em geral, porque é um Comendador. Todas as moscas da cultura zunem em uníssono assim que o seu Três Vezes Bendito Nome(e abolsado, pois é o homem-mosquito que mais bolsas papou nesta simpática e ditatorial republiqueta turistiqueira) é pronunciado. Realizou o sonho português - não viver cá e receber lata e gorda a massaroca de cá, da Fundácia Gulbenkona, de quem é a mosca favorita.

Mas em relação à sociologia e embriologia de ponta das moscas eu tenho uma impressão kafkiana ao avesso. Não são as pessoas que se estão a transformar em moscas, são as moscas que se estão a transformar em pessoas. Valha a verdade não se dará muito pela diferença. Talvez haja migrações mórficas nos dois sentidos. Mais material para romances do Sr. Tavares. Imagine-se um diálogo do próximo livro premiado O SENHOR MOSCA
- Morfas para cima ou para baixo?
- Consoante.
- Quer dizer que se morfares para cima ficas mosca?
- Fico mosca é se não conseguir morfar.

名 竹;竹材
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名 竹;竹材
名 竹;竹材
名 竹;竹材
名 竹;竹材
名 竹;竹材 BAMBU
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2008-01-28

BADABUM!


Passado o riTejo e seus golfáquos Porçalho Menim o sexiberista desde a amorada da sua naufrágil barca postou os óculos no perfálico fio da Sé. És ali a masmorra do Grão Carango da Lusiputâmia, baalsfemou, opiando o impuruar do oceânus estuarizado com sigmas e petrodiabeus fundamentolizados em bric e em bar. Co'os tomantos do Cardiacho, nah me disgam que a osgálica salazareta de volta está mui bentofirmada desta vez em lígures e fanícios, co'o apoio dos baarqueiros e dos porrardos dos Grandes Brankos do Capitol Fluituante! Fosma-se! e Fosca-se! e Freuda-se! tricarilou asbenteado pela praça racioanalista perfêmeada por furos do mitopolitano intarminabilis. Estou voendo a Cacilhusa tontamargem ou a imargem imarginada de Lesbos, a Capitólia, onde as honzemilvirgens minuetam no entrejambismo heptacolinado, lanzando sémenspumbranca tão bem num dez a fio à impubescência e ao bacanol tinto? Ou starei bentovendo a Capitola Vaitercana Vaticanobacanalizada, a luzotuzaquebrada do Arco do Cegueta, logo atrás do Saldianho, esse duqueum lisberalo, beroz e phera contra o solutismo maguelista?
A sua namoradim, uâ fâmea isollamada Malaguet, palpou-lhe os fémurios com a lengua e disse-le em smszim_ Porçalho, Fosma-se! a GeeneORRA faz manúbrias de mortocicleta na Pravdapraça da raçona ilusa. Teremoshabemus de intrari na Verticólia ou na Grã Ublíqua porque estão lá muitas Parralelas e Fâmbrias e Mitofossas e Encarnadunas de Cornex Afioso à nossa esporra e sem bonnes intenciones, se é que me capisces, femeastro onorabile!
De faxto, festejantando a bitória contra o Portum por humazeru, os Encarnadunus tinham oh!culpado a prazda do Terror do Pazo com bah!nadeiras e estanduartes e flâmululas tudo de coloratura rossa de saguinetintoyrivoluzione. Um pretonegroblack de cor afribacana no epidérmus gaitava: somos o Máx! semos o Máx. Nós angola ama Bêfica. À sua irroda girava mitade de la Pétrea a nossa deitosa ahmada, bolsando bariações do Binfika! Banfikia! Baalfíquia! enquanto a GeneORRA vestalizava motonautas e petrões gargulíneos que há sempre marins de roupa branca que introductam lasmões nas rosagenitais das Lesboetas cândidas de olhuns revirartes para o estuopiário do Tajo que lambe ao longe o Sado.
O cruzadómetro versátili achava~se erguido do outro lado da Rua do Ourrro, onde tangem panhêtas idozos abuzuis de azul abusivo nas linguitas carcomidas por séfilis hereditória e erética que lhes apina os piluns carecos. PintoCardas apalpamozas! Vejoõ daqui gritorreou Porçalho deleitado en ver seu amigum fazvorito que se insissinuava pelas rruaz e roazes com um andar neblinado de ArchPrinz Von Portugasmo. É ele, Malaguet, o Orcanjo Nigro! acrescentezerou pondo o casco sobola murada da barcuna que deslisboava nas éguas tágidas, aproveitando para lhes palpar a 'spuma e o fedorfervor a pisce e pescado mais tântrico que por ali passarilava na espera de SamantaBadhra, o coronel do ioga teabethan e alfómega e grapholítico made after Madame Blavastki, captadora d'amore.
De longe Pinto Cardas, palpatore di nubili, apalpador de sereias no Kairos, azenou sua saudação de Naabi da pintura com ou sem barba. Espectroorgonauta! gri-gritou lançando semifusas e seriais bacanaalcoolizados tudo fugidos a zimanuel nunos, o neuro Um do serralho serial fatum. Depois PintoCardas perdeusimóbil na proxenetísima rua rata do Karma práçi desviada por trispetuagenários ehdosos, que correm em 'stilo as rusgas astrais de Lesbos, a cidade dos infanticídios azuis, dos crismes perdulátrios e judeo- arianos de mello afønso chichorro.
Erra a horra da porra dos jornais midias saírrem com trinta anos de atraso como de curtume, com o director a doar cânselhos ao presodente, e o presbitério a andar no ourinol e a outrina a entrar pelas páginas tods ourinando a bizão e a bista enquanto a tropa dos reformados de bota cardada impuinfa os seus decratos e assassinaturas no monumento de Dominus Petrus IV Mexican Imperatore.


Fragmento da traduçointepretazom do primeiro págino do Finneganos Guaique, do nosso doutíssimo e deputíssimo figlius dilectus James Joyce, Suprema Carraça Verbal, Mestre em Vulcanologia de Base, Licenciado em Pirofosfato

2008-01-27

O Governador das Mentes Alfacinhas Promulga Maior Passividade e Indiferença aos Nativos que Ouvem, Comem e Calam

HIDRO-TERRORISMO





Já nos modernizámos: vamos ter a subida honra de ter terrorismo internacional tal qual como nos grandes países. Um Lago Artificial, o maior da Europa a barragem do Alqueva, aterroriza agora o Alentejo. Nem sequer é uma barragem, o Grão Sarcófago, declarou que é uma Marca.

O GRÃO SARCÓFAGO INAUGURA ALQUEVA



O EXCELENTÍSSIMO SARCÓFAGO INAUGURA ALQUEVA

O líder do novo socialismo artificial, o Grão Sarcófago, cuja excelência em Sarcofagia Endógena tem sido comprovada, desde a criação da Marca AllGarve, agora inaugurou a Marca Alqueva o maior lago artificial da Europa.
Assim começa a era do turismo artificial endógeno e exógeno. As águas moles do lago com 250 km2 de superfície, poderão albergar à sua roda e dentro milhões de turistas artificiais, todos de plástico, membros pró-activos do SÓ VISTO e do FAZ MILIONÁRIOS, duas marcas da TV artificial, criadora das realidades paralelas adaptadas às massas. Viva Mortugal!


Desenho de Mad Meg

2008-01-25

CONFISSÕES DUVIDOSAS DE BORIS GOUDONOV


Nestes dias tristes e cansados do novo império digital ocupo-me em evanescências, género lato. Não dou por isso muita importância aos suicídios periódicos do Ramiro nem ao papagaio cubano da barbearia que saúda cada pessoa que entra com um sonoro Viva Fidel! Coisa que enraivece o dono da papelaria em frente, que masca agora os seus charutos diante da porta.
Assim, quando veio o Outono, achei evanescente não lhe ligar nenhuma. Pirei-me por uma das muitas portas giratórias do Vento de Outubro. E fui ver, só por embirrar com isso, dez filmes soviéticos nessa altura. Nem pensei como seria o orgasmo nos tempos da hiperprodutividade. Se calhar não era assim tão mau, mesmo assim feito coisa proletarizada e global nacional com fim feliz e muro para pintar e proclamar. Enfin, nesses dez filmes russos, que eram sempre o mesmo, havia muita ginástica e vaporadas de optimismo febril e biomecânico. Todos os proletários do mundo se especificavam - juravam a inevanescência - Era uma coisa ivanterribil! Estava-se julgo eu a construir todos os Estádios Alvaláxia do mundo, com imenso aço e mandíbula contraída, aí nesses anos sessenta russos que se desdobraram inesperadamente por todo o mundo e continuam a fazer das suas.
A vantagem de ter ido ver, in abjecto ordine, todos esses filmes é que voltei para casa com segmentos criativos enfisóides e assim de modo dislato, irregular e descomputável construí por fim o evanescedor. Vou tentar ser específico minimal : a coisa mais detestável e que seduz os dez palermas que são críticos das artes em Portugal neste momento são as práticas ditas "site-specifics". Confesso que a minha termo-luminsicência tem limites paranóides. Por isso com aquela alegria que dão os pequenos ódios construí um evanescedor de sites specifics.
Coloquei-o ao lado de um "evanescedor da morte do personagem." Liguei-os com um desacelerador de situacionismos. Que resultado mais caótico e apetitoso: todos os livros sem personagens ou os miríades de livros chatos e papa prémios do Tavares tipo o Passeio do Sr.Borgmannn, de repente encheram-se de personagens e de comentários inespecíficos sobre elas.

SÔBOLO SILÊNCIO MAIS RUIM


escolhe o mais anódino sítio do mundo para escrever: uma loja de ferragens por exemplo. E para começar não digas nada de simbólico, tipo o ferro caiu.
Experimenta todas as maçanetas, claro. A literatura não é mais do que uma maçaneta.
E se vires a Poetisa Grega, com uma écharpe chique, a Sophia ou uma Neo-Sofia cheia de respiração, apaga a frase manhãs luminosas sem fim que escreveste na parede para o patrão a ver.
Não fales do sub-atómico, esse mundo vazio e chato cheio de interesse para os físicos, onde não se passa nada que se possa agarrar. Há alguma parte interessante do corpo de uma mulher no sub-atómico? Parece bem que não mas talvez fosse interessante exilar para lá os 30 escritores portugueses que estão sempre a aparecer na TV.
Numa loja de ferragens é muito provável que nunca apareça o Fernando Pessoa, em pessoa ou em livro. Isso provoca logo um alívio imenso, não vais ter que ler o maior desperdício de multipersonalidade do século passado. Vais poder dedicar-te mais à maçaneta e ao objecto mais interessante e aural de Portugal (al al): o ferrolho.

ARISTOLEXIA E BLOGUESIA

O estilo coloquial e desdramatizado da bloguesia tem pouca oposição, porque a Aristolexia cada vez mais se encontra em estado evanescente, e o seu espaço precário, cada vez mais reduzido no Circo Digital.

2008-01-24

CITAÇÕES DRUMMÓNIAS


encontro citações que nunca existiram

o nível de falsificabilidade de um autor é um teste à sua mestria

o estado, a polícia e a retórica exigem uma identidade imediata

as religiões pronunciam tanto a palavra "além" que artilham e apontam o "aqui" para essa órbita numinosa

uma pessoa que não precisasse nem de camisa nem de terapia, mesmo assim não seria feliz: teria que pagar impostos

a minha identidade não é o estado do mundo

depois de ler Wittgenstein pode-se viver num quarto branco com a certeza de que a mente foi reacesa por uma dúvida mais coerente

a mim interessa-me o estado nascente das pós-leituras: se uma pessoa sai de um livro vivo é porque não o leu

um bom jornalista é o que conseguiu ser escritor apesar dos colegas, das agências noticiosas, dos midias em geral e do patrão e - sobretudo - dos seus leitores

o público só existe para quem o inventa

as televisões caçam audiências - e tudo o mais lhes é secundário

um autor acessível? um mau autor certamente, do mesmo modo que um restaurante acessível é certamente mediano

não há autores difíceis, há é leitores difíceis, e um bom escritor começa por ser um leitor dificil de contentar

os portugueses são tutelados para permanecerem infantis, femininos ou masculinos, contidos num cliché

o triste e único papel de um português é produzir mais um português: daí que a paisagem mental nacional seja semelhante a um deserto igualitário

Portugal repete a Europa com um décalage de trinta anos e a isso chama modernidade


2008-01-22

REVOANDO NA PASSAROLA


A passarola chamada "máquina aerostática" é uma verdadeira máquina patafísica. É uma máquina altamente explícita, ao mesmo tempo conotativa e denotativa, e não tem nenhuma intenção de favorecer o aumento da produção de seja o que fôr. Nessa medida também é uma máquina gratuita e igualmente aleatória: não tem um objectivo definido, não é computável pelas Finanças, nem há garantias que venha a fazer parte do património.
Tem, claro, um carácter científico, de resto bastante light: o homem empunha um astrolábio, e está rodeado de duas esferas armilares. Supõe-se que seja uma máquina de observação astronómica, mas a gravura funciona mais como símbolo heráldico do que como referente explícito.
O tecto lembra o de um pavilhão real. A forma geral da máquina a de um gavião. A bela bandeira com coroa tem um inocente orgulho: está em escala com o sol. As armas portuguesas são do tamanho do sol. Nunca o espírito português literalmente e em todos os sentidos voou tão alto como nesta gravura. Que pena que desde então se tenha sistematicamente arrancado as asas aos portugueses.
Além disso é uma máquina não democrática: não é acessível, não contribui para a hiperprodução, não faz apelos à normalidade nem à segurança, não irá contribuir de forma alguma para o aumento da rede rodoviária. Era um tempo de orgulho e de imaginação. Três desastradas revoluções políticas deram cabo das expectáveis e imaginativas possibilidades dessa época.


2008-01-19

RIMBAUD RIMBAUD - LES ASSIS

Noirs de loupes, grêlés, les yeux cerclés de bagues
Vertes, leurs doigts boulus crispés à leurs fémurs
Le sinciput plaqué de hargnosités vagues
Comme les floraisons lépreuses des vieux murs ;

Ils ont greffé dans des amours épileptiques Enxertaram em amores epilépticos
Leur fantasque ossature aux grands squelettes noirs As fantásticas ossadas dos grandes esqueletos negros
das suas cadeiras
De leurs chaises ; leurs pieds aux barreaux rachitiques
S'entrelacent pour les matins et pour les soirs !

Ces vieillards ont toujours fait tresse avec leurs sièges,
Sentant les soleils vifs percaliser leur peau,
Ou, les yeux à la vitre où se fanent les neiges,
Tremblant du tremblement douloureux du crapaud

Et les Sièges leur ont des bontés : culottée
De brun, la paille cède aux angles de leurs reins ;
L'âme des vieux soleils s'allume emmaillotée
Dans ces tresses d'épis où fermentaient les grains

Et les Assis, genoux aux dents, verts pianistes
Les dix doigts sous leur siège aux rumeurs de tambour,
S'écoutent clapoter des barcarolles tristes,
Et leurs caboches vont dans des roulis d'amour.

- Oh, ne les faites pas lever ! C'est le naufrage...
Ils surgissent, grondant comme des chats giflés,
Ouvrant lentement leurs omoplates, ô rage !
Tout leur pantalon bouffe à leurs reins boursouflés

Et vous les écoutez, cognant leurs têtes chauves
Aux murs sombres, plaquant et plaquant leurs pieds tors
Et leurs boutons d'habit sont des prunelles fauves
Qui vous accrochent l'oeil du fond des corridors !

Puis ils ont une main invisible qui tue :
Au retour, leur regard filtre ce venin noir
Qui charge l'oeil souffrant de la chienne battue
Et vous suez pris dans un atroce entonnoir

Rassis, les poings noyés dans des manchettes sales
Ils songent à ceux-là qui les ont fait lever
Et, de l'aurore au soir, des grappes d'amygdales
Sous leurs mentons chétifs s'agitent à crever

Quand l'austère sommeil a baissé leurs visières
Ils rêvent sur leur bras de sièges fécondés,
De vrais petits amours de chaises en lisière
Par lesquelles de fiers bureaux seront bordés ;

Des fleurs d'encre crachant des pollens en virgule
Les bercent, le long des calices accroupis
Tels qu'au fil des glaïeuls le vol des libellules
- Et leur membre s'agace à des barbes d'épis

_____


- Texte de la copie de Verlaine (Bibliothèque Nationale, ancienne collection Barthou).

2008-01-18

O USO DO MUNDO

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Não sei se estou a ficar google-eyed, e de cada vez que olho para o site meter descarrego adrenalina negativa ou positiva consoante as visitas. Mas num tempo em que a maior parte das pessoas que anda na rua está a falar ao telemóvel como se fala com elas? Por outro lado não tem conta o número de pessoas que recebe uma chamada a meio de um almoço e interrompe o diálogo.

Dantes, Deus tinha o dom da omnipresença, agora é o telemóvel e o sms. Não sei qual deles me desperta mais desdém. Talvez o sms, porque parece mais autista e não emite ruído, nem borbulhas de ar. Também tem qualquer coisa de formiga verbal, ou de formiga a escrever formiga. E causa dó ver um adulto a escrever num quadrinho tão pequeno. É isso também : o tamanho T zero do écran do telemóvel que me irrita. Não dá senão para gestos pequeninos, de bordadeira de crochet, não para um amplo gesto de condutor de orquestra ou de golpe de katana no Kendo. Tudo tem que ser em passinhos pequeninos, em gestos mínimos, e só em digitalizações. Em suma o modus operandi do telemóvel especializa a ponta do dedo, mas não dá largura ao braço.

Depois há duas questões que coincidem no meu reforço alergico ao produto. Primeiro: a questão do material - é plástico, tem o toque não sensual e laboratorial de uma luva de borracha endurecida. O plástico é a menos sensual das matérias, limita logo a pele, cria fronteiras, não autoriza contacto a não ser pasteurizado e liso. A boca do Estado, a boca com que as Finanças nos fala é plástica. Eu creio que há um pacto entre as finanças e os telemóveis: promovem coisas miudinhas, inspecções ao mínimo, prosperam nos gestinhos insectos. Debatem o cêntimo, o formiga.

A segunda questão é a da luminosidade do écran do telemóvel. Tem sempre um ar de pálida luz fluorescente, logo de montra pobre da Roménia, ou de um país em evolução (péssima situação a dos países em evolução: os materiais não são bons nem maus - são medianamente homogéneos, relativamente duráveis e despertam entusiasmo popular - ora nada pior do que as coisas que se tornaram populares). Os países em evolução tem uma fase em que tudo é mediano, mas o pior é que o mediano se eterniza, a fase entra em loophole, fica flipada. Veja-se o caso de Portugal: criou uma modernidade mediana, standard, compulsiva, homogénea, militar, uniformizada. A religião da modernidade que impõe telemóveis, urbanizações fucionais e baratas, dinheiro plástico, ginástica com máquinas, rotundas, e um sistema de controlo de qualidade paradoxal a tudo - paradoxal porque despareceu a qualidade autêntica, e afinal o que se controla e afina de forma perene é a mediania e a normalidade, que afinal é a quintessência da democracia.

No entanto - gosto da palavra tecnognose que instrumentaliza um outro olhar - depois do deslumbramento. sobre os objectos recentes que estão a transformar o nosso quotidiano, ensinando o uso moderno do mundo, um uso do mundo altamente intermediado por uma qualquer máquina digital, que se interpõe, num primeiro momento, como um valor cognitivo acrescentado, mas que depois se revela um verdadeiro gato de Schrodinger. O telemóvel é em princípio dispensável, mas tal como o gato que está e não está lá dentro é indecidível. E ao mesmo tempo é muito útil porque não serve para nada, ou seja, serve precisamente o nada. Está dentro das nossas vidas, mas não lhes acrescenta nada além de uma nova opacidade com aparência ordeira e racional. Parece que comunica. mas como bem viu McLuhan the medium is the message. Não é o facto de o telemóvel servir para comunicar que interessa, é o facto de o ter que importa. O telemóvel. essencialmente, comunica-se a si mesmo. E a verdade é que as máquinas, no fundo, são idiotas úteis, mântricos e repetitivos: computam. É precisamente o único que fazem e mais nada.

A apoteose do mundo técnico é muito comparável à montanha que pariu um rato. Too much ado for nothing. Sabe-se do entusiasmo com que os provincianos e os idosos adoptam as aparências do moderno, e se querem modernos. Num país em evolução a maior parte da população é post-provinciana, o que não quer dizer que seja civilizada de todo. E é post-provinciana por tendência, pressão de grupo e consciência colectiva do rebanho, e também por adesão ao novo conformismo que gosta de se adaptar rapidamente ao novo gesto técnico que lhe é proposto. Por isso, uma rua cheia de gente a falar ao telemóvel, coisa do mais moderno que há, é a coisa mais divertida e absurda e ao mesmo tempo conseguida da modernidade: a tentação da evasão à presença humana directa realizada em directo, a constituição de uma cápsula autista como coroa do quotidianeidade. No fundo, trata-se de aversão camuflada e calculada. No meio dos outros, o ser telemobilizado faz com que os outros sejam projectados a distâncias astrais infinitas. São como emissões de corpos, um horizonte anónimo, não como corpos que são vistos. Como um contínuo aparicional dotado de insignificância.

Sendo assim, uma das funções do telemóvel é tornar inócua e irrealista a presença física e imediata do outro em nome da comunicação com o outro distante no espaço e no tempo. Assim o telemóvel serve soberanamente para a des-realização da iminência do outro, porque se constituiu como uma cápsula autista devorante dos sentidos necessários à captação da interpresença. Alguém se cheira? Pouco ou nada. Alguém se ouve? Ou simplesmente vê? Captam-se segmentos desmembrados e desegmentados de conversas todas num registo de baixa entropia. Vê-se sem ver. Não se cheira. O telemóvel deslocaliza os sentidos: torna-os obsoletos. Por isso é altamente a-sensorial. E o que se diz ao telemóvel (que parece privilegiar a dicção em detrimento de todas as outras possiblidades perceptivas)? Coisas de Sísifo? Não, o que diz massivamente não passa de um trivium, um on, um bavardage leitoso e pantanoso, uniforme como o leite, pastoso como a fala dos histéricos, alelo e hiperdismorfo.

É preciso re-imaginar de todas as maneiras e em todos o sentidos um Sísifo blasfemo da modernidade.



A MORTE DA ABOMINÁVEL LIBERDADE

a maior parte dos portugueses sente-se perfeitamente bem: a morte da abominável liberdade assenta-lhes que nem uma luva, não deixam escapar nem um protesto, mais - aplaudem e subscrevem. O Grande Deus Europa pagar-lhes-á com segurança reforçada e algemas químicas.
Ter um tirano mole também dá jeito, não é um ditador de campos concentracionários, é só um ditador de aeroportos moles e TGVs que servem as intenções de hegemonia espanhola. É um ditador da modernidade e do europeísmo - que há de impor a todos.

As regras, as regras, as regras. Mais uma ponte, mais estradas. E o Condutor Psicadélico português.

HOW DOES IT FEEL?

DON'T FOLLOW LEADERS

2008-01-17

Depois de séculos sem dar novas, Porkêra, o meu empregado nómada e perdulário que tem andado perdido na China, ao que parece fugiu da Prisa na China, porque conseguiu subornar o carcereiro, e mandou-me um sms flamante, em que a sua personalidade elogiada por si mesmo sobe aos píncaros, ei-lo:

estou em paz com os ateus e os crentes, os agnósticos e os pietistas, os politeístas e os sanseverinos, os infiéis e os beatos, os cátaros e legalistas, os apóstatas e os devotos
estou mas não os abençoo
como Hierofante estou acima do bem e do mal, do mercedes benzo e da mala,
e tenho uns perfeitos dentes de vampiro que cravo na maça sumarenta do Dia
Agora estou na Rota da Seda e ontem para celebrar o meu primeiro dia de liberdade embebedei-me com leite fermentado de égua. É uma bodega de bebida quanto a gosto, mas dá uma panca de três em pipa. Vi Portugal num virote, e esta cruz ( a cruz acima) apareceu-me cheia de caspa primeiro, mas depois falante e disse-me: Porkêra, Portugal não te espera, mas mesmo assim continua o teu caminho, porque quando chegares lá após mil tribulações, ninguém te reconhecerá, nem o teu Lorde e patrão, o miserável misantropo Drummond que anda a cunhar moeda chamada Drummónios e içou uma bandeira de independência sobre o seu castelo.



2008-01-16

BEBER LEITE FAZ MAL


Neste momento beber Leite faz mal à saúde

As Vacas são ordenhadas mecanicamente, hiper-racionadas para produzirem mais leite, tem podómetros nos pés, plásticos amarelos de identificação cravados nas orelhas e são emprenhadas artificialmente. Nem um só orgasmo na vida! Quando doentes abatem-se. As vitelas são desmamadas aos 3 meses de idade. Uma vida de cão? Há muito pior. Uma vida de vaca leiteira, uma miséria perto da qual a escravatura parece idílica.

O Leite que sai destas explorações "racionais", de "alta tecnologia" (cada vaca estabulada vai dando dados para o computador) é uma porcaria, como bem sabe quem alguma vez já bebeu o verdadeiro leite de uma vaca, ordenhada à mão, e que vai ao touro para ser coberta, e pasta no campo e no estábulo e não é submetida a estes tratos de filme de horror, em que jovens veterinários de ar grave que tratam delas em nome da produtividade do "sector leiteiro" (expressão pifosa) nem sequer sabem como são parecidos com os oficiais de Auschwitz.

Este leite faz mal à saúde, é um monstro branco criado pela Usura e pela Eurocracia. Acaba em cartões. Torna as pessoas cartão. Torna as pessoas Insecto Colectivo.

(escrito depois de ver uma reportagem sobre uma "unidade de produção de leite" - a fealdade desta expressão abstracta - considerada modelar, em Grândola)



2008-01-15

JE SUIS BEAU PARCE QUE JE SUIS AFFREUX




Tudo está actual: os magos negros que impõe a saúde oficial esvaziando as almas continuam a sua tarefa: Dilatar o estado de Bardo até onde fôr possível. Mas uma voz rompeu o cerco de uma vez e para sempre. Je suis beau parce que je suis affreux! E chega de muitas maneiras sem vacilar como a luz do relâmpago, que se ri dos párarraios e dos miseráveis milagres da tecnologia.

O LADO MONTANHA DO ESPELHO


Há um lado montanha do espelho a que acedem alguns pintores. Nesta cozinha que tanto podia ser no fundo de um poço como no alto da montanha celebra-se a pedra em todos os sentidos. É ela que dá estabilidade ao fogo, que afinal o sustenta e verticaliza. Num reduto penumbroso está o único habitante da cozinha, um bebé numa cama de balouço. Foi a cozinha que o urdiu? É ele que vê e concebe em sonhos a arcaria?
Enquanto o lajedo recebe a luz de fora, a janela dá para o mar, porque se trata inevitavelmente de uma cozinha submarina e litolumínica. Foi toda feita no Marão, onde cada pedra apesar de fornadas de agentes de textéis e de domadores de vacas soube resistir e conter-se numa história secreta só dada aos olhos de quem os traz em Eros.

DA IMACULADA CONCEIÇÃO AO DIREITO AO ÊXTASE NATURAL


Pintar permite dar saltos prodigiosos. À primeira vista Amadeo de Sousa Cardoso é um poeta nodoso, que usou cores populares e da heráldica, para dar telas que ressumam a musgo e a pedras de castelo e a um atravessar de tudo isso em direcção ao genésico e à geometrização do irregular. Incluiu fragmentos de espelho nas suas composições, violou canones, traçou deformações - o seu galgo que não é um galgo nem uma colina acaba por ser um mapamundo, uma cartografia que permite navegar nos séculos e tirar-lhes a essência.
Certamente foi sua uma alma de cavaleiro errante, aprisionada ou liberta agora em corpo de pintor. Experimentou o mais pedregoso da paisagem, fez suas as lianas e as raízes, deixou que os contrafortes de um castelo lhe entrassem no tecido das vértebras e se abrissem as alcáçovas para a conjunção do tropel dos cascos com as arestas nítidas dos cactos. Pintura em ferocidade pura, de quem cravou na boca os incisivos do tigre de sabre, e se atirou de cabeça à fecundidade sempre nova - genial a fecundidade dos verdes e dos basaltos! E dos seus pincéis saem gomos, sugestões carnudas, evasões de estames, pólens maçicos que ocupam sem ser por decreto o seu lugar na desordem natural das coisas.


OUVIR O PM



Para quem tem um ouvido musical e educado ouvir o PM é penoso. O seu tom de voz entre o falsete e o anasalado é um tom de voz imperativo, final. Lembra um Roberto. Não fala, emite pronunciamentos e juízos finais sobre as coisas, o que é o contrário da atitude científica e estética, que formula hipóteses, e se sujeita à crítica. Sacudindo os braços de um modo rígido e rápido, o PM irrita-se com a crítica, não tolera contestação, não suporta que o contradigam. À contradição responde com sarcasmo, que é o máximo que ele conhece em matéria de humor. Mas é um sarcasmo pré-camiliano, retórico, sem novidade nenhuma. Um sarcasmo de petite commère a quem subiram os azeites e que faz delirar a sua bancada, naturalmente, posto que boa parte dela é constituída por petites commères e petites concierges do pensamento político.
Nas suas exposições usa os truques mais baratos da demagogia: o martelado da frase, a hiperênfase e a repetitividade. As suas ideias são do mais escasso que há, norteiam-se por um credo rígido, fundamentalista e já largamente depassé cheio de conviccão na força da modernidade - que ninguém sabe o que é *- e no poder do desenvolvimento - outro nebuloso conceito à sombra do qual se arrancam oliveiras centenárias, se traçam mais rotundas e se fazem "empreendimentos" no Litoral.
É um europeísta convicto que fará em todos os assuntos fazer passar à frente todas as directivas da União Europeia, tornando-se mais papista que o papa. Veja-se o caso daquilo que já não oferece dúvidas a ninguém que seja lúcido que é a nova PIDE, a ASAE. Esta é uma instituição de um radicalismo islâmico total. É também uma expressão da impaciência em mudar as coisas que tem o PM. O próprio confessa que quer mudar as coisas. "Temos pressa", tem declarado com maldisfarçado nervosismo. O PM entrou a passo de corrida na política e quis aplicar a todo o país a atitude da corrida.
A desastrosa política de saúde que como resultados práticos tem vindo a matar mais portugueses, a aberrante política de evoluir para o hiperturismo - vedando no futuro os melhores locais do país aos portugueses - a febre de construções de "vias estruturantes" que de facto desestruturam e desnaturam realidades centenárias, a aposta bacoca no "progresso tecnológico", quando é precisamente a crítica às noções de progresso tecnológico que está na ordem do dia entre os melhores historiadores e sociólogos. A ideia fixa de construir aeroportos - "para desenvolver" - quando na realidade se trata de fazer a cama a um país totalmente subserviente dos mega influxos turísticos, a mania de construir mais auto-estradas - recorde-se que a construção de autoestradas foi uma das especialidades do III Reich. Em suma, o PM tem as megalomanias do provinciano que nunca deixou de ser, e a febre arrivista de chegar depressa às suas metas. E para isso fará tábua rasa de tudo o que se lhe opõe, e continuará a destruir a democracia e o socialismo em nome da sua pose iluminada de Grande Timoneiro da Tecnocracia Totalitária.
Tudo isto sem oposição nem dentro nem fora do seu partido. Em primeiro lugar porque o seu partido se tornou um bloco do chefe, um partido monolítico, em que Grandes Zelotas de um cinzentismo total proclamam a fé e a obediência cega no novo Salazar. Em segundo lugar porque tem uma oposição que anda à deriva, e ou é um fóssil como o PCP, ou confusa e communarde como o bloco, ou francamente bipolar como o PSD, ou ambisexual como o CDS.


*For all the talk of modernity, and modern man, one wonders whether it is a kind of mass conspiracy: that we are all really old, ancient, traditional men and women busily pretending to ourselves and each other that we are somehow different; modern. Not ourselves. Sir Gawain, in Heaven Tree.

2008-01-13


Tal é a estupidez humana que para atingir a imortalidade e a sabedoria um homem come um chapéu usado por um faraó.

eu nunca devia
eu nunca devia era
eu nunca devia era ter
eu nunca devia era ter fugido
eu nunca devia era ter fugido da
eu nunca devia era ter fugido da minha
eu nunca devia era ter fugido da minha infância

2008-01-09

FORMICÁRIO INTIMISTA


formigas na esplanada escrevendo odes
formigas no supermercado comprando figos

formigas indo até ao sol por um carreiro
formigas vindas da lua com uma cinta escarlate

formigas do silêncio subindo ao semáforo
formigas de ruído descendo do altar

formigas analíticas dizendo as regras
formigas anarcas roendo a corda

formigas que se lançam sobre o pano verde
formigas pescadas à cana e com veemência

formigas que foste formigas que fui
formigas que nos levam dentro do seu relógio

formigas feitas de muitos focos e fogos
formigas que chamaram outras formigas

para se sentirem todas muito amigas e inimigas

2008-01-07

ORAÇÃO FÍNEBRE COM VERMUTE AO FUNDO


Olá Luís PACHECO Lá no porão infecto do inferno onde te encontras: agora vão cuspir por cima do teu caixão e chamar-te génio, irreverente, maldito. Mais graxa universitária para cima. Espero que tenhas voltado a fintar o teu Anjo da Guarda e seduzido Mefistofeles, e empinado no pénis tenhas escrito num copo cheio de tinto que as coisas são simples: ou as pessoas se rendem ou não. E tu sacana oportunista admirável, recebias esmola com um manguito. Não foste tu o inventor do Porta-Manguito? Nunca te rendeste.
Puseram-te em Câmara Ardente na Basílica da Estrela, se calhar vai passar por lá o presidente ou um desses gajos da cultura, que se curvará diante do teu esqueleto fermentado. Tá certo. Passam a vida a curvar-se diante de esqueletos fermentados. Não tem mais fermentação para além disso.
Que é que a Imprensa, esgotada do miolo - porque o vendeu e mal . vai dizer de ti? O Grande Maldito ou uma treta no género.
Pois eu acho que tu eras o Raposa Imaculada do verbo, fugias a rir com as melhores citações roubadas aos piores autores. Depois pisavas a mistura. Vi-te aos saltos várias vezes sobre cabecitas jivarizadas do DivinUH Marquês, que como sabes tinha aí umas sete. Eras também Bendito porque do teu cérebro promanava uma luz trémula como um alcool perturbado. E tinhas a reverência pela cama em todas suas ascenções e sobretudo descidas.
Num país de parideiras médias pariste muitos livros, filhos, filhozes e muitas bebedeiras que acabaram bastante mal. Andaste ao colo com livros e também te fartaste de rir, mesmo depois de cego. Por isso neste dia em que sei da tua morte pulo e danço e bebo uma zurrapa qualquer. Quem está lá na Câmara daquela Basílica dos Grandes Mofos não és tu, carcassa admirável, abutre dos himalaias, higienista oculto da melhor luz astral lusa. A que pinga de uma pipa de antes do mundo.

2008-01-05

A EPIFANIA DO IMPERADOR






O Imperador Cherne I finalmente revela ao mundo que a União Europeia é um Império não Imperial.

O Cherne fala muito mal inglês, uma má pronúncia, de inglês técnico, desleixo frásico. Além disso faz muitas caretas. O homem é um continuum de caretas. É uma boneca russa de caretas, sempore que se lhe desfaz uma careta tem outra mais pequenina dentro.
Se os europeus engolem um vígaro destes é porque tem todos um toque de vígaro.

Dizer um Império não Imperial é a mesma coisa que dizer uma Puta não prostituta, ou uma polícia não policial. Pura banhice serpentina, além de contradição nos termos.

A senhora possidónia que está ao lado e é francesa também fala um inglês técnico de terceira ordem. O senhor angustiado que está do outro lado tem ar de padre defroqué. Quanto mais se vêem estas sumidades, estes politiciens mais reluz a palavra politichiens,
a que de facto os define luminosamente.

2008-01-04

E SE FERNANDO PESSOA FOSSE UM BLOGGER?






SE FERNANDO PESSOA fosse um blogger teria certamente a oportunidade de dispor de mais heterónimos e o teatro da sua mente abriria as portas com mais frequência. Não deixaria para a posteridade arcas e mais arcas cheias de manuscritos há quase sessenta anos entregues a uns comissários e a uns eleitos que lá conseguem enfiar o nariz.

Não seria um blogger de esquerda, nem de direita e muito menos do centro - porque ele não tinha a cabeça limitada por uma ideologia que lhe suportasse e esclarecesse o pensamento. Seria um animal políticamente agnóstico. Um blogger sem seita nem tertúlia.

Duvido que escrevesse cartas de amor a Ofélia no seu blog, nem que falasse dos marinheiros ruivos do porvir que o haviam de possuir num dos seus transes de Virgem Negra. O desvio sexual tornou-se norma. De Portugal não conseguiria falar devido a esta aporia: Portugal desapareceu, extinguiu-se. Foi suicidado por uma série de autoestradas e de grandes Superfícies e de supermercados emissários da matrix.

De que falaria ele? Outra vez da multipersonalidade como factor de conhecimento, do uso de personas como abertura para outras dimensões da consciência? Não me parece que batesse na mesma tecla. As pessoas hoje são simultaneamente mais espertas e mais estúpidas do que no seu tempo. O poder de síntese aumentou um pouco, o de análise que pressupõe ter tempo diminuiu. Fernando Pessoa no seu blog falaria de como as pessoas voluntariamente se transformaram em Insectos Colectivos.





Fui educado no fundo de uma planície, onde não havia árvores. Só o tropel de cavalos, todos livres- e quanto a grandes passagens de asa, o condor. Só confesso isto aos semáforos, aos cães de passagem, aos gatos que guardam as nuvens.

Rompeu-se a antiga harmonia. No interior de um centro comercial cresce uma outra sociedade, de gestos albinos, que se combinará cada vez mais com vidro. E eu no meio dessa gente sempre cheia de pressa sou uma espécie extinta, uma anomalia, um animal de palavras tiradas do fundo dos dias.

I DON'T WANT TO GROW UP

HOLD ON

CHOCOLATE JESUS

HOW TO BECOME A CULT LEADER

2008-01-03

ENTRANDO NA LINGUAGEM DA TEMPESTADE


a tempestade fez voar o meu telefone fixo. O vento entrou-me pelas frinchas todas ao mesmo tempo com a boca aberta: dizia lugre verde: tigre e uivava como nos poemas do século XIX, em que o poeta se abre cheio de pasmo para as manifestações da natureza.

Nós reduzimos tudo a fenómenos físicos, electromagnéticos, a explicações rassurantes. Mas quando o relâmpago cruzou a sala e os meus gatos ficaram transparentes senti que todas a gavetas se abriam um pouco, queriam guardar a voz e a luz do relâmpago.

Depois caíu granizo fazendo tinir o telhado como um sino. O céu à pedrada, como um puto, como um puma. O cérebro primitivo e o outro mais moderno no entanto gostam e precisam de estar em contacto directo com as forças da natureza. Um ser sem abertura a uma noite de vulcões voadores é um pobre ser.

cada vez sou mais animista. Um animista com párarraios? No fundo, como os poetas-shamans eu sou de facto um pára-raios: absorvo relâmpagos. Lavo-me com a luz da tempestade.


2008-01-02

O PAÍS EXTINTO


Agora só pós-imagens: extinguiu-se o país. Caía de podre desde os tempos dos fenícios que trouxeram comércio - essa praga que tudo infecta e tudo mede.

agora o que vês são fantasmas. Caía de podre desde a dura lex dos romanos - e da sua monotonia de império racional.

dancing with ghosts? Porque não. Danço lentamente no último pinhal da mente trazendo a taça de Viriato ao Palácio de Jade das resinas de Dom Dinis, o do olho carmím.

je retourne de tout exil - divisa das minhas armas.



é curioso: o país está dominado por um socialismo miudinho, que cobre o território de regras, e pelos gatos fedorentos. Estão bem um para o outro, mas inquieta um pouco saber que as regras serão cumpridas e as piadas repetidas.

no fundo, um imperialismo abrutalhado e cansado, fruto de quê? De muito miasma mental, concerteza. Não é coisa rácica, de combustão final de misturas. É totalmente cosa mentale. No fundo, um país de doidos com fita métrica por um lado, e de palhaços em saldos, por outro.

Resta uma luz belíssima, a paz das gárgulas em fuga, finalmente.


Narciso é um fim de linha, chega ao lago e para sempre fica a contemplar-se, encantado consigo mesmo.

Mas o que seria um rosto pós-narcísico?

Narciso arranca o rosto do lago e precipita-se no domínio de Cronos - é um rosto ferido agora, e o lago que deixa para trás borbulha de sangue, de treva, de peixes predadores.

Osicran?

2008-01-01

.................La forêt comme un visage

Mind and World

John McDowell